Capítulo 12

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Dividimos o trabalho, ele ficou com a parte de criar uma aventura nossa na cidade do México e eu peguei o resto

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Dividimos o trabalho, ele ficou com a parte de criar uma aventura nossa na cidade do México e eu peguei o resto. Julguei que Alex insistiria, mas não. Entendeu e agiu de forma profissional com nosso trabalho, sendo focado e concentrado em sua parte... devo mencionar que o garoto riu sozinho durante o tempo escrevendo sua parte, o que me comprovou que ele é meio doido, talvez totalmente doido. Perguntei o motivo das risadas inusitadas, mas obtive respostas vagas. Vagas o suficiente para me deixar curiosa.

Largo o notebook de Alex de lado e reviso cada palavra escrita no caderno a minha frente, revendo cada palavra planeja e encaixada em frases para explicar com intensão de mostrar a professora que somos alunos aplicados o suficiente para ganharmos total nesse trabalho.

─ Acabei. ─ Arremessa seu corpo contra o chão, deixando o caderno em que escreveu a história jogado no canto oposto do sofá.

Aproveitando a distração de Alex perante o celular, pego o caderno para encontrar o motivo da graça que tanto ria quando escrevia.

─ Ei! ─ Grita, vendo que já devoro as primeiras linhas da história que logo me cativa. Nem o vejo se erguer do chão, noto apenas sua fisionomia quando agarra o caderno e o tira de minha posse.

─ Eu lhe dei permissão para ver minha grande criação?

─ Lógico que deu!

─ Desde quando? ─ Interroga com seu tom sério, arrancando uma das minhas típicas reviradas de olhos. ─ Por que eu deixaria você ver minha incrível obra de arte? Coisas valiosas não podem ser lidos ou tocados por qualquer um!

─ Está se referindo a mim como qualquer uma? ─ Abro a boca para enfatizar meu semblante desacreditado.

─ Não venha roubar meu papel. Eu sou o ator aqui. ─ Aponto o polegar de forma autoritária para si mesmo.

─ Eu sou sua parceira nesse trabalho, o que significa que eu tenho passe livre para ver sua "grande obra de arte." ─ Faço aspas com a mão para expressar o quão ridículo é chamar um trabalho de escola de obra de arte.

─ Isso não é suficiente. Se quiser ler terá que pedir de um jeito fofo. ─ Segura meu queixo com seu polegar e indicador.

─ Alex. ─ Clamo por seu nome com o tom mais adocicado do mundo.

─ Oi?

─ Vai ver se estou na esquina! ─ Agarro e arranco o caderno da mão dele.

A partir da terceira linha tenho que usar qualquer método para entender os garranchos que Alex usa como letra. Abro os olhos, os semicerro e chego até mesmo girar um pouco o caderno na tentativa de decifrar quais letras as linhas grossas representam.

─ Algum problema aí? ─ O sarcasmo em sua voz me atiça ao ponto de jogar o caderno nele.

─ Chega de piada e leia logo! ─ Ordeno. Duas coisas que me faz ficar com raiva: primeira, a curiosidade. Segunda, quando se trata de trabalhos escolares envolvendo pontuação alta. E nesse caso está acontecendo as duas situações. Estou curiosa para saber o que Alex estava rindo e no fundo tenho medo da parte dele estar um desastre.

─ Quando eu te conheci não era agressiva desse jeito. ─ Cata o caderno no chão e passas os olhos pelas letras que parecem mais rabiscos. Com o maior descaramento, Alex repousa sua cabeça sobre minhas pernas e deixa o caderno cair sobre seu peito nu. ─ A história se introduz comigo, convencendo a senhoria a sair para beber nos bares próximos ao nosso hotel, você se recusa o que é de se esperar, eu não sei ouvir "não", por isso te coloco sobre os ombros e te levo a força para um bar perto de um cemitério. ─ Que injusto! Ele me colocou como uma chata que não sabe se divertir logo no princípio, não podia ter esperado um pouco para apresentar minha versão anti-diversão? ─ Eu bebo, bebo muito, você é chata e fica me censurando o tempo todo, por estar cansada me puxa para fora do bar. Eu vejo o cemitério cheio de gente, e claro que serei burro o suficiente para ir até lá, aliás será no dia dos mortos, quem não vai querer entrar num cemitério cheio de gente morta e viva? ─ Eu! Eu seria essa pessoa. Na verdade, quem seria o sem noção que iria entrar num cemitério de outro país? ─ Você por ser uma Chica muito preocupada vai atrás de mim. ─ Está na cara que ele não me conhece. Eu iria embora para o hotel e deixaria ele lá. ─ No dia dos mortos o povo de lá coloca comida no cemitério, eu como tenho fome toda hora, o mais provável que comecesse tudo que me agradasse lá. Um cara me veria roubando comida e iria me bater, mesmo estando errado eu ia bater nele, advinha, eu você e o cara vamos parar na cadeia. ─ Ergue a cabeça um pouco e vejo o sorriso mais natural surgir em seus lábios.

─ Me lembre de nunca viajar com você! ─ Não admito para ele, mas é uma boa história. É uma grande aventura, dependendo de como for contada pode arrancar boas risadas e até mesmo uma nota alta.

─ Quer saber o que acontece na prisão? ─ Afirmo. Um pouco animada para como vai terminar essa aventura. ─ Eles vão colocar a gente na mesma cela e advinha o que vai acontecer?

─ Eu vou te matar. ─ Deduzo. Enquanto Alex descreve meus gritos histéricos e minha insistência em dar na cara dele. Deixo minha mão deslizar pelos cabelos negros que tocam minhas pernas e ao invés de parar, não, eu passo os dedos acariciando os fios pretos que escorreram entre meus dedos.

A história se resume a eu sendo uma chata que não gosta de diversões e a Alex me carregando para bares, praias e desfiles onde aparecem caveiras gigantes, e a gente sendo preso três vezes, a história chega a ser sem noção, mas é engraçada e as atitudes minhas na história me representa totalmente na vida real.

─ Gostou da história? ─ Procura por minha aprovação. Ainda entretida com o cabelo dele, demoro segundos para meu celebro aprontar uma resposta sincera sem ser grossa.

─ É boa, porém longa... que tal cortar pelo menos uma das nossas prisões? ─ Sugiro.

─ Você é tão chata! ─ Grita. Despreguiça o corpo antes de se sentar. ─ Vou passar a história para o computador e te envio para seu e-mail e se quiser faça suas modificações, melhor assim, controladora chatonilda?

─ Vai se sentir ofendido se eu disser, sim? ─ Ele bate a lateral do seu braço com o meu.

O celular do garoto vibra em cima da mesa de centro, mesmo uma vozinha dizendo que é errada, estico um pouco o pescoço para visualizar de quem é a mensagem que Alex recebeu. Sei que é feio, mas sou curiosa. Infelizmente não consigo ver nada nitidamente, o que faz uma pontada de desapontamento me tocar. Nos primeiros minutos, Alex revira os olhos ao desliza o dedo pela tela do celular, mas depois de poucos segundos sua face se suaviza e se torna mais amigável.

─ A festa na pizzaria ainda permanece de pé. ─ Devolve o celular para a mesa de centro. ─ Que horas posso te buscar para irmos juntos?

Havia me esquecido dessa festa. Amanhã eu trabalho e só em pensar em chegar em casa e fazer o jantar, me deixa totalmente desanimada para ir à festa. Lembrando que será impossível sair escondida novamente, caso meu pai descubra dessa vez, ele vai me matar.

─ Chega! Eu conheço essa cara feia. ─ Aponta o dedo para meu rosto. ─ Você vai!

─ Meu pai não vai permitir. ─ Balbucio. Alex bufa e se levanta do sofá. Ele anda de um lado para o outro, mantém a mão sobre o queixo e faz um biquinho. ─ Tá fazendo o quê?

─ Shh! Estou pensando. ─ Sinaliza para eu ficar quieta. ─ Já sei! Seu pai não precisa saber que você vai a uma festa. Fale para ele que vai ficar até mais tarde no trabalho. ─ Ele me mandou ficar quieta para pensar nessa bosta?

─ Genial! ─ Bato palmas. ─ E como eu vou me arrumar, gênio?

─ Leva a roupa na sua bolsa e se arruma no seu trabalho. Assim que acabar seu expediente vamos para festa, aproveitamos e antes das dez eu te levo para casa. É um plano infalível. ─ Imita a voz do personagem cebolinha da turma da Mônica.

─ Isso não vai dar certo!

─ Lógico que vai!

─ Eu não vou! ─ Oponho-me

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