Capítulo 31

386 37 106
                                    

─ Vou sair daqui a trinta minutos ─ Paro

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

─ Vou sair daqui a trinta minutos ─ Paro. Meu coração quer saltar do meu corpo e se jogar nos braços de Alex. Me viro e como sentir falta dos olhos azuis sobre mim. ─ quer esperar? ─ Não aguento, me derramo por completo contra o corpo forte, que agarra minha cintura com firmeza, demostrando que também sentiu minha falta.

─ Desculpe duvidar de você. ─ Sussurro, ainda presa em seus braços. Acaricio a nuca dele com minhas mãos que tremem mais que o normal, enquanto sinto os lábios úmidos deslizarem por meu ombro descoberto.

As mãos se afrouxam na minha cintura, seus olhos azuis analisam minha face corada, suas mãos repousam na lateral do meu rosto e antes que possa piscar, nossas bocas estão coladas, unidas, dividindo um sentimento totalmente desconhecido, um sentimento novo.

─ Esqueça isso. Esqueça dele, concentra-se em mim. ─ Sua voz se tornar um clamar, um clamar que obedeço e sigo cegamente. Eu quero esquecer de tudo, da minha família, do meu pai, dos hematomas espalhados pelo meu corpo, do Lorenzo, de tudo... quero apenas aproveitar as horas, os segundos ao lado do Alex.

[...]
Alex pediu que eu o esperasse no carro, e assim faço, no entanto, não imaginei que seria tão entediante. Em cinco e cinco minutos, olho para a tela do celular e as horas parecem não passar. Um vibrar ecoa do porta-luvas, abro o pequeno compartimento e vejo ser o celular do Alex. Sei que não deveria mexer, não somos namorados e eu não tenho nenhum direito, mas minha mão discorda, já que desliza o dedo pela tela em busca de informações.

─ Não! Isso é errado, Jasmim. ─ Falo para mim mesma, largando o celular e o guardando de volta no lugar. Outro vibrar surge, atiçando minha curiosidade.

─ Viu, o celular tá me chamando, ele quer que eu o pegue. ─ Meu lado paranoico e curioso retruca.

─ Não! Isso não é certo.

─ E daí, nada nesse mundo é certo, então se junte ao errado!

Meu celular toca, me distraindo da minha conversa comigo mesma. O tiro da bolsa e leio as mensagens entusiasmada das meninas. Elas perguntam como estou me saindo no primeiro encontro, com certeza quando eu contar para elas que gritei com o Lorenzo elas vão pensar que tenho algum problema, e com certeza eu tenho. Aliás, quem se apaixona por um cara como aquele?

Outra mensagem é enviada, sendo o nome de Bruno surgir na tela.

Bruno: Jas, como se sente? O corpo ainda dói? Quer que eu leve alguma coisa para tentar aliviar?

Gostaria que existisse remédio para a memória. Esquecer da noite retrasada, esquecer das coisas que meu pai disse, esquecer dos chutes que levei e nem mesmo sei o motivo de apanhar, mas o pior foi ver meus irmãos apenas assistindo. Se não fosse Bruno empurrar meu pai, com toda certeza estaria morta uma hora dessas. Odeio noites como aquelas, odeio ser vista como alvo durante essas noites, odeio a bebida por deixar meu pai desse jeito.

“Você é uma péssima filha!”, “Sua mãe te odiava assim como eu te odeio”, “se não fosse por você, ela ainda estaria viva”, minha cabeça diz que são palavras mergulhadas no ódio, com objetivo de acabar com meu psicológico e mesmo sabendo isso, não consigo evitar que tais mentiras me machuquem.

Era pequena na época, não podia prever o futuro quando ela saiu para comprar minha roupa de balé seria a última vez que a veria, não podia adivinhar que um carro bateria nela, não poderia prever que a morte chegaria. Não sou a culpada. Não sou.

Mesmo falando várias e várias vezes meu coração continua a se martirizar com a culpa.
Toco abaixo do meu seio, o local mais afetado pelos chutes, o lugar que mais dói, o lugar que sempre será marcado pela agressividade do meu pai. Uma lágrima escorrer por meus olhos, a seco, afasto da minha mente a realidade cruel que insiste em estapear minha vida.

Eu: Não preciso de nada. Estou bem melhor! Na verdade, nem dói mais.

Mentir. A mentira é a única coisa que faço desde que comecei a ter conhecimento do poder do quanto meu bem-estar afeta o Bruno. Não posso dizer a ele que tudo dói, não quero que ele brigue com nosso pai novamente, desde ontem que meu pai não para de jogar piadinhas homofóbicas para ele, e somente eu sei o quanto cada piada o fere.

Dois toques são dados no vidro. Vejo Alex passar na frente do carro e abrir a porta, se senta no banco e sua primeira reação e acender a luz para poder encontrar meu rosto. Meu coração congela ao ver que, me analisa com mais precisão, causando medo que ele note minha cara de choro.

─ Tudo bem? ─ Acaricia a lateral do meu rosto. Sorrio e confirmo. ─ Quer que eu te leve para casa ou posso te levar para comer?

─ Qualquer lugar o mais longe da minha casa. ─ Deixo minha voz soar como brincadeira, no fundo foi uma súplica por ajuda.

─ Ok. Vamos passar no meu apartamento para eu trocar essa roupa e depois podemos decidir o lugar onde vamos comer, ok? ─ Concordo. Deixo minha atenção cair na janela, o que foi um desleixo meu, pois acredito que Alex percebe que tá acontecendo alguma coisa comigo.
As mãos deles cobrem a minha e delicadamente com o polegar puxa meu queixo, forçando que eu o encare.

─ Olhe dentro dos meus olhos e confirme que está bem. ─ Pede, sério.

Abro a boca, nada sai, entro em pânico e solto uma risada nervosa.

─ Lorenzo fez algo? ─ Deduz.

Nego.

─ Seu pai? Irmãos? Família?

─ Você disse para eu esquecer de tudo e me concentrar em você, me deixa fazer isso. Por favor.

Passo minha mão pela lateral do pescoço e o puxo para um beijo, desejando que ele esqueça.

─ Não vou deixar você voltar para casa hoje. ─ Poderia sutar, bater os pés e impor minha vontade, mas essa não é minha vontade. Não quero voltar para casa, não consigo olhar na cara dos meus irmãos e não me imagino em um lugar melhor do que ao lado de Alex. ─ Ei. ─ Me chama, secando as lágrimas que nem percebo que caem. ─ Você é minha hoje, cuidarei de você. ─ Deposita um beijo curto nos meus lábios salgados devido às lágrimas que teimam em cair.

Minha GarotaWhere stories live. Discover now