Seventh Chapter

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Brian Johnson

Encontro Gael no restaurante na frente do hospital, chego a sorrir quando vejo que meu amigo mantem a mesma expressão de sempre, fechada, espantando qualquer pessoa minimamente sorridente.

- Gael você parece que está sempre comendo coisas amargas - digo enquanto o sigo para dentro do restaurante.

- Como? - perguntou ele, parando e me olhando sem entender nada, entretanto ainda sim com a cara azeda natural dele

-Você tem uma cara azeda - digo dando no ombro e me sentando, e sorrindo da cara emburrada dele que ficou ainda pior - parece que está sempre comendo um limão bem azedo. Se bem que agora parece que juntou o limão azedo com o wasabi.

Com isso a cara dele fica mais azeda do que nunca, o que me faz rir ainda mais e o faz me lançar um olhar macabro, contudo como eu aposto que ele não vai me matar, mas é só uma aposta, o que ainda me deixe com o pê atras, embora ame a piada que se tornou recorrente para nossa amizade.

- Saiba que ouve um tempo que eu não estava sempre de cara azeda - disse ele se sentando e olhando para um ponto fixo parecendo pensar em algo, ou estar em um tempo distante.

Olho alguns segundos para Gael, o conheço á bem pouco tempo, mas já o considero um grande amigo, contudo mesmo o considerando assim, e mesmo já tendo contado muitas coisas sobre mim para ele, o mesmo ainda não tenha me contado quase nada da sua vida.

Sinto que Gael guarda algo só para ele, uma tristeza só para ele mesmo, e isso me deixa intrigado e ao mesmo tempo me assusta.

- Terra chamando Gael Martins - chamo pela primeira vez, mas isso não parece fazer nenhum efeito nele - terra chamando Gael Martins - chamo de novo, mas isso também não adianta - TERRA CHAMANDO O IDIOTA DO GAEL MARTINS - grito fazendo não só ele me olhar, mas também várias pessoas do restaurante.

- Não grite idiota - disse ele ainda emburrado - eu não sou surdo sabia? - perguntou ele sarcasticamente.

- Te chamei duas vezes, mas como você não me respondeu em nenhuma das duas vezes eu gritei terceira para ver se você escutava - digo dando no ombro e sorrindo levemente.

- Idiota - disse ele bufando.

- O que vocês vão querer senhores? - perguntou o garçom chegando perto de nós dois.

- Eu quero três Tex Mex - digo olhando para ele. Gael me olha uns segundos querendo rir - estou com fome hoje - respondi dando no ombro.

- Me veja uma porção de Buffalo wings - disse Gael sorrindo para mim.

O mesmo somente anota tudo, e sai de perto da mesa.

Olho uns segundos para Gael e o analiso.

- Você é gay Gael? - pergunto antes que possa controlar a minha grande e curiosa língua.

- Que pergunta e essa? - perguntou ele me olhando sem entender nada - você está cada vez mais estranho Brian.

- Só responde - digo olhando para ele.

- Sim Brian - respondeu ele bebendo um pouco de água - eu sou gay.

- Sua família te aceitou quando você falou? - perguntei depois de uns segundos.

- Isso parece mais um interrogatório do que uma conversa em amigos - diz ele parecendo me analisar - tipo não é como se eu vivesse como você, seu pai é bem mais homofóbico do que o meu.

- Como... - ele me interrompe.

- Você não parece gostar de mulheres - disse ele dando no ombro - tipo eu vejo como você olha para as bundas de alguns homens, mas tipo são olhares bem discretos, mas logo vejo que você desvia o olhar esse repreende mentalmente, o que me faz concluir que seus pais são super rigorosos, ou super homofóbicos, ou os dois, não sei.

Olho abismado para ele por alguns segundos. Gente, eu acho que nem mesmo o psicólogo que eu passei quando tinha dez anos foi tão perceptível quanto Gael nesse momento.

- Já pensou em ser psicólogo? - perguntei depois de analisar bem as suas palavras.

- Quando eu tinha doze anos eu pensei, mas quando eu estava no ensino médio eu me casei e depois vemos para os Estados Unidos e eu nunca consegui fazer a faculdade - diz ele em seus próprios devaneios.

- Não sabia que era casado - digo o olhando. O mesmo me olha com os olhos arregalados.

- Não deveria ter dito isso - disse ele baixinho - mas sim eu fui casado..., mas ele morreu - disse ele a última parte bem baixinho.

- Sinto muito – digo.

- Não tem problema, faz muito tempo - disse ele dando um suspiro pesaroso - mas e você e o seu pequeno problema de como se assumir?

- Como você se assumiu? - perguntei desviando do assunto do falecido marido.

- Minha mãe me pegou literalmente em cima de um menino quando eu tinha quinze anos - disse ele sorrindo - gente foi muito engraçado a cara dela quando eu só virei e disse que eu estava acabado ali e já ia lá embaixo falar com ela - disse ele rindo um pouco, pela primeira vez.

- Meu pai me arrancaria de cima do garoto se eu fizesse isso - digo sorrindo ainda mais.

- Você acha isso errado, não é mesmo? - perguntou ele me olhando nos olhos.

- Eu não sei o que eu penso - digo sendo sincero com ele - as vezes acho que é, mas aí penso em Deus e não acho que ele me criaria assim por nada.

- Você é cristão? - perguntou e eu apenas assenti com a cabeça - então pense assim, você vem buscando a aprovação do seu pai para tudo, não parece querer se afastar dele, mesmo que esteja te fazendo mal - disse ele dando no ombro - psicólogos diriam se você estivesse tendo essa relação com um namorado ou namorada se chamaria síndrome de Cinderela, você busca a aprovação do seu pai, mesmo que sem perceber.

"Você acredita que Deus é capaz de preconceito ou mal juízo? - perguntou ele me olhando".

- Não - respondi de imediato.

- Então se ele e incapaz de cometer erros, e fez você, a imagem e semelhança dele - disse ele gesticulando com o braço - logo entende-se que ele gosta de você não e mesmo?

- Acho que sim – respondi.

- Até o ponto que seu único filho seria voluntariamente crucificado de novo por você - continuou ele, e logo depois deu uma paradinha - só por você, se isso fosse necessário. Se ele faria tudo isso por você, quem liga para o que seu pai pensa ou prega?

Analiso por alguns segundos as palavras dele.

. - Família Brian está lá para te apoiar, no melhor ou no pior – continuou – ela sempre apoia você, mesmo quando doí.

Acho que talvez, mas só talvez ele esteja certo.

- Pense nisso Brian - disse ele assim que a nossa comida chega - mas pense com muita calma e cautela no que eu te disse - eu apenas concordo dando um suspiro - e não conte para ninguém que eu sou viúvo.

- Minha boca é uma tumba bem fechada.   

Capo da Mafia (Serie Filhos da Mafia - Livro 02)Where stories live. Discover now