37 - Revenant

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Nas profundezas do castelo, sob as masmorras, havia um labirinto de túneis e catacumbas. Essas catacumbas foram construídas como uma última linha de defesa caso invasores de fora sitiassem o castelo, e ofereciam aos magos um refúgio final. Ou assim tinha sido uma vez, nos dias dos Fundadores e seus filhos, quando os trouxas eram caçadores de bruxas e perseguidores de magia sem piedade. Havia depósitos que continham provisões suficientes para durar cem anos — comida, cobertores, travesseiros, lanternas e velas. Havia uma cisterna profunda de água pura para lavar e cozinhar. Havia até banheiros e quartos que pareciam intermináveis. Mas a existência das catacumbas havia sido esquecida há muito tempo, exceto por alguns. Um deles era o diretor, cujo trabalho era conhecer o layout do castelo até a última pedra. Os fantasmas do Fundador sabiam das catacumbas e os bibliotecários também, que tinham acesso aos planos de construção do próprio castelo. Mas fora isso, ninguém mais que vivesse lembrava que eles estavam lá.

O revenant usou esse conhecimento para sua própria vantagem, deslizando pelas paredes e pelo chão para se abrigar nas profundezas escuras, onde poderia descansar sem ser perturbado até a hora certa de atacar e eliminar todos aqueles que se opunham a ele. Uma vez tinha sido um espírito vingativo, convocado por Marlene McKinnon para cumprir suas ordens, mas agora se tornou muito mais do que isso. Depois de devorar o espírito e a energia mágica de Quirrell, tornou-se mais forte, mais rápido e fundiu sua consciência com outra alma muito maior. Foi essa fusão que lhe deu um poder além do que herdou na morte, já que o espírito dominante era um portador mágico de grande poder.

Enquanto pairava na meia-vida na fronteira entre os vivos e os mortos, o revenant riu sombriamente para si mesmo. Em vida tinha sido um mestre manipulador, rápido para irritar e mais rápido para prejudicar aqueles que se opunham a ele. Com sua morte prematura, tornou-se um receptáculo de raiva e ódio contra os vivos, e estava disposto a trabalhar com McKinnon para criar estragos e medo entre os magos que a prejudicaram. Sua ambição nua e crenças equivocadas em sua própria superioridade fizeram com que ela julgasse mal o revenant, e acreditasse que porque ela tinha o Codex Magicka, o revenant era seu para comandar.

Na realidade, ela tinha pouco controle sobre o que o espírito fazia. Obedecera porque seus objetivos eram paralelos aos seus e sempre ficava feliz em causar dor e sofrimento à vida. Agora tinha uma ambição mais profunda. . . matar certas pessoas e então governar o mundo com os vivos como seus escravos. Também queria se vingar daqueles que a traíram. . . um velho de barba branca, uma bruxa com o brasão da Sociedade dos Corvos, um bruxo vestido de preto que o enganou para acreditar que podia ser confiável e, por último, mas não menos importante, um menino de olhos verdes e um poderoso presente mágico. Todos estes devem morrer, ou então sua ambição nunca seria cumprida. Não tinha medo da própria morte, como um espírito principalmente corpóreo, era praticamente imortal.

Havia uma maneira de desamarrá-la e destruí-la, mas exigia o domínio de uma disciplina que nenhum de seus inimigos tinha.

Tudo o que tinha que fazer era esperar a oportunidade certa e derrubar seus inimigos um de cada vez. Ele flutuou no ar, um resquício esfarrapado de uma alma perdida, esperando a noite cair novamente.

Gabinete do Diretor:

Severus andava de um lado para o outro no escritório de Alvo, agitado demais para se sentar na cadeira que lhe foi oferecida. A morte de Quirrell o abalou, embora odiasse admitir.

-Severus, tente se acalmar- o Diretor começou calmamente. -Você me lembra uma pantera enjaulada.

Severus se virou para ele, sua capa preta esvoaçando.

-Acalmar?-ele repetiu incrédulo. -Um colega meu foi assassinado e você quer que eu me acalme?

Ele fixou Dumbledore com um olhar duro de obsidiana.

Interresses Comuns (Tradução)Where stories live. Discover now