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Jamilly

Nos últimos meses comi o pão que o diabo amassou, eu era agredida todos os dias, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Eu pedia a Deus para ele me levar, e a cada oração parecia que o Liebe me batia cinco vezes mais...

Eu tentava entrar no joguinho dele, até conseguia por alguns dias, mas era impossível manter a linha por muito tempo, eu surtava, quebrava tudo, até fogo numa casa eu acendi pra queimar com nós dois juntos dentro mas não consegui, filho da puta acordou na hora e saiu correndo e me arrastou junto.

Durante esses meses fui colhendo informações, descobrir que ele tava tramando contra a facção, quando conseguir as provas eu planejei fugir, deu certo, não sei explicar como deu certo, mas deu.

Eu só tinha uma oportunidade e consegui, não posso mais sair daqui do complexo do Lins mas tudo bem, pelo menos aqui tenho liberdade, posso refazer a minha vida, tentar me redimir com a Yasmin.

Já sei que ela não quer papo comigo, mas não julgo não, destruir a vida da mulher. Quando ele quiser conversar comigo eu vou estar aqui. Fiquei sabendo o que aconteceu com a Danielle, não senti pena, não senti nada, se eu puder não ver ela nunca mais eu agradeço, mona desgraçou com a própria vida e com a minha.

Tô morando numa kitnet que o frente daqui da favela me emprestou, quarto e banheiro somente, um verdadeiro cubículo.

Saí de lá do complexo só com a roupa do corpo, pra comer aqui tô me virando. Por enquanto tô fazendo programa, não quero ficar muito tempo nessa vida não, só é pra conseguir um dinheiro pra me reeguer.

Já se passaram dois meses desde o dia que cheguei aqui no complexo do Lins, ficou várias cicatrizes pelo meu corpo, algumas manchas ainda estão, mas nada que me incomode ou que incomode meus clientes, coisa pior ficou por dentro, essa ferida nem o tempo vai curar.

Sai de casa e o povo que tava na rua ficou me olhando, isso me dá uma raiva, o dia que eu estiver no puro ódio eu vou perguntar se eu devo alguma coisa a eles ou se perderam o cu na minha cara.

- Ae loirinha, chega aqui. - Um segurança me chamou e eu fui até ele. - Tá indo pra onde? - disse pegando uma mecha do meu cabelo e cheirando.

Jamilly: Tava indo comprar açaí, fazendo mó calor.

- Eu vou contigo, depois a gente brota na minha base, já é?

Jamilly: Pode ser, só não pode ocupar muito do meu tempo.

Fui até a moto dele e ele veio atrás de mim, pedi pra ir pilotando, depois de muito insistir ele deixou, dei um role pelo complexos, quero que todos me vejam, quero que vejam que estou bem, que não foi dessa vez que morri.

•••
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