Capítulo 9

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João Carlos 

Tive uma noite péssima, sonhei com o tempo em que tinha dezesseis anos, quando eu e Vladimir fazíamos todas as coisas juntos, não esperava que, ao encontrá-lo novamente, os fantasmas do passado iriam me perturbar.

Me levanto para me arrumar, hoje eu assumo as aulas de história e geografia na escola estadual Theodoro Corrêa Cintra.

A caminho de lá, reflito em tudo o que rolou ontem entre mim e o Vladimir e chego à conclusão de que não posso mais deixá-lo. É como se eu voltasse no tempo, eu me sinto como se tivesse dezesseis anos de novo, com a diferença de que agora eu sei o que eu quero, e o que eu quero é reconquistar a confiança de Vladimir, o homem que eu amo.

Entro e assumo as aulas do primeiro e do terceiro ano, vou lecionar para eles as duas matérias.

Como não preparei nenhuma aula ainda, cuidei apenas de me apresentar e conversar com os alunos sobre a minha maneira de trabalhar.

Minhas primeiras aulas foram com o terceiro ano, no qual eu lecionei as três primeiras aulas.

Ao soar o sinal para a mudança de classe, uma das alunas me acompanhou e elogiou a minha forma de conduzir as aulas e disse para mim que nem viu o tempo passar.

Eu agradeci e ela se apresentou:

— Meu nome é Ieda, vejo você depois, gatinho!

Apenas sorrio e sigo para a sala do primeiro ano, reflito sobre a breve conversa que tive com a aluna Ieda e percebo que, se eu não tomar os cuidados devidos, eu terei problemas com ela.

Em meu diário de classe, eu olho a data de nascimento dela e constato que ela acaba de completar dezoito anos. Embora ela seja considerada maior, ela atingiu a idade para responder criminalmente, visto que a maioridade plena se dá aos vinte e um anos.

" Devo manter-me afastado e não dar muita entrada para essa aluna"

Penso eu já me apresentando para a turma do primeiro ano, a qual eu ia dar as suas aulas intermediárias. 

De resto, o meu dia foi bom e, quando terminou o meu expediente, retornei para casa e me joguei no sofá. Os meus pensamentos estão voltados para o Vladimir, e como vou reconquistar a sua confiança e o seu amor.

A essas horas, ele deve estar no hospital. Resolvo comprar um buque de flores para ele, nunca esqueci que ele ama as rosas-amarelas.

Fui até uma floricultura próxima à minha casa e comprei um lindo buquê de rosas-amarelas.

Resolvo ir até o local de trabalho dele fazer uma surpresa.

A caminho da Santa Casa, eu encontro a Ieda passeando com o seu cachorro.

— Professor João Carlos, o que faz aqui pedido na rua a essas horas?

— Olá, Ieda, não estou perdido, eu vou visitar uma pessoa em seu local de trabalho, vou fazer uma surpresa.

— Posso acompanhá-lo, afinal, acredito que você seguirá em direção à Santa Casa, eu moro perto.

Para não parecer mal-educado, eu deixei ela me acompanhar, embora eu ache que ela irá me causar problemas no futuro.

— Lindas rosas, professor, é para sua namorada?

— Essas rosas são para uma pessoa muito especial. Ieda é só o que eu posso dizer.

Ao chegar na Santa Casa, eu despeço de Ieda, que me dá um beijo na bochecha, diz um até logo e pisca para mim.

Entro na recepção do hospital e peço para falar com o Dr. Vladimir e descubro que ele está em uma cirurgia de emergência.

Resolvo então esperar por ele, afinal, a atendente me disse que ele sempre passa na recepção para fechar o ponto antes de ir embora.

Cerca de quatro horas depois, eu vejo o Vladimir saindo, ele me nota e, com um sorriso, vem me cumprimentar. 

— João, o que está fazendo aqui?

— Eu vim lhe fazer uma surpresa, Vladimir, essas rosas são para você.

Falo em baixo, tom, pois não quero chamar as atenções para nós.

— Eu estou de saída, quer uma carona para a sua casa, João Carlos?

Não pude recusar, afinal a espera foi cansativa demais.

No carro, a caminho de minha casa, Vladimir me conta como foi o seu dia, me conta que a cirurgia para salvar a vida da criança foi um sucesso e eu escuto com admiração e atenção.

— Eu não tenho o dom para ser médico, Vladimir, você é um anjo que salva-vidas.

— Não sou um anjo, João Carlos, sou apenas um instrumento de Deus. Algumas vezes eu perco vidas, mas tenho que continuar a minha jornada e faço isso pelo amor às crianças e à medicina.

Quando chegamos à minha casa, eu o convido para entrar, e foi aí que o clima entre nós esquentou e nos beijamos sentadinhos no sofá de dois lugares.

Melhor que antes Where stories live. Discover now