Capítulo 43

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João Carlos

Na consulta com o cardiologista aconteceu o que eu já esperava, o Dr me recomendou a pedir afastamento das aulas que ministro na escola estadual.
Me disse que meu coração está muito fraco e que só me afastando eu terei como me cuidar melhor, até chegar um coração para mim.
Por essa notícia, eu já esperava e vou seguir as recomendações que o Dr Adrian me deu.
Com os laudos em mãos, eu vou entrar com o pedido para me afastar.
— João, seu caso é gravíssimo, é melhor se afastar, eu imagino que você se sente mais cansado para realizar uma simples atividade como andar.
— De fato, ando me sentindo mais cansado e com sono nas horas mais impróprias.
— É o seu coração, João, siga as minhas recomendações. Se não seguir, você pode vir parar na UTI ou, na pior das hipóteses, acabar morrendo.
— Dr., eu posso ter uma intimidade maior com meu namorado?
— Eu recomendo que não, o sangue no ato sexual vai correr mais rápido pelo seu corpo, a adrenalina fará o seu coração bombear o sangue mais rápido, você poderá ter uma crise em meio à relação sexual, então até o transplante e recuperação do mesmo, evite emoções fortes. 
— Beije muito, mas evite os beijos mais sexuais, está bem?
— Eu compreendo, Dr., vou seguir a sua recomendação.
Aperto a mão do Dr. e guardo os laudos e a receita do remédio na minha mochila.
— João, se sentir dificuldade em respirar, retorne imediatamente para o hospital.
Confirmo com a cabeça e me retiro da sala do médico.
Vladimir me espera na recepção e juntos vamos para casa.
— Amor, eu estou com fome, mas quero comer em casa, está bem?
— Por mim, tudo bem-querido.
Viajo em silêncio, o Vladimir liga o rádio do carro e eu relaxo ouvindo as músicas.
Me lembro do que me sucedeu com a Ieda quando eu estava para sair da escola.
Estava me preparando para ir e a Ieda me chama até o vestiário dizendo que o Natanael estava à minha espera.
Eu, inocente, a acompanho, normalmente nesses lugares não há câmeras. 
Eu entro e não percebo que a Ieda fechou a porta.
— Natanael, estou aqui, o que quer falar?
Não escutando resposta, me volto para a Ieda e digo que o Natanael, não está no vestiário e me preparo para ir.
— Eu sei, gatinho!
Ieda se coloca em minha frente e coloca a mão em meu peito.
— Gatinho, eu vou parecer atirada aos seus olhos e você poderá me odiar, mas eu tenho que fazer isso.
Não houve tempo de eu me afastar, a Ieda se aproximou e me beijou os lábios.
Fiquei sem ação, meu coração passou a bombear o sangue mais rápido.
O que eu mais queria era sair daquela situação e então eu me imaginei beijando o Vladimir.
Não a abracei nem nada, apenas deixei que ela me beijasse e não aprofundei o beijo.
Quando o beijo acaba, ela se afasta, sorrindo.
— Obrigada, professor, por esse último momento de felicidade. 
Não consigo me mover, ela se achega e me dá um selinho nos lábios.
— Olha, eu saio primeiro, depois de dez minutos você sai, está bem, não quero problemas para você, João Carlos.
Ela sai e eu fico só, talvez eu tenha demorado mais do que dez minutos naquele vestiário, eu saio e me peguei, pesando o que a Ieda quis dizer com último momento de felicidade.
Cheguei à conclusão de que a Ieda irá me deixar em paz. Resolvi não contar nada para o Vladimir, não valia a pena comentar sobre o que aconteceu com ele, só aumentaria o ciúme dele pela menina e nossa convivência poderá se impossibilitar.
" O beijo não significou nada para mim, eu sei que sou homossexual."
Deixo de pensar no que aconteceu e escuto as músicas que tocam na rádio.
Ao chegar em casa, Vladimir me auxilia a entrar em casa. Eu me sinto fraco e chego à conclusão de que devo realmente seguir a recomendação do Dr Adrian, devo pedir afastamento por doença.
Com a ajuda de Vladimir, eu me sento no sofá. Alisson vem em meu colo e se deita.
— Você vê, amor, está já ficando fraco, melhor pedir licença do estado e ficar em casa, logo você faz o transplante e retorna cem por cento. 
Vladimir se aproxima de mim e me beija os lábios, eu acompanho esse beijo e nossas línguas se encontram num beijo apaixonado.
— João Carlos, vamos só nos beijar, está bem? Não quero que se esforce demais me fodendo.
— Eu sei, amor, o Dr. me recomendou, disse que podemos beijar muito, mas devemos evitar a relação sexual, pois eu posso morrer em meio ao ato sexual.
Vladimir se aproxima e me abraça forte.
— Juntos vamos sair dessa, amor, eu estou ao seu lado.
Ele me olha com paixão e eu sei que Vladimir está, sim, ao meu lado, disposto a enfrentar tudo.
 Ele me beija e eu esqueço completamente do beijo que a Ieda roubou de mim.

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