Capítulo 20

0 0 0
                                    

Ieda

Posso parecer maluquinha, ao ter me apaixonado à primeira vista pelo meu professor de história, coisa que nunca me aconteceu antes. O professor João é um gatinho e eu posso fazê-lo se apaixonar por mim. Sou jovem, bonita e o melhor de tudo, sou maior de idade.
Tento me aproximar dele, mas ele se escapa, sei que está se preservando para não arrumar problemas para si e para mim, que estou ciente de que a maioridade plena é aos vinte um anos. O professor João Carlos tem um amigo de longa data chamado Vladimir e ele é tão bonito quanto o João Carlos, até mais, porém meu coração bate mais forte pelo meu professor que finge que não está me vendo.
Eu tenho um confidente aqui na escola, o nome dele é Natanael, ele é o meu melhor amigo gay. Toda garota deveria ter um amigo gay, pois eles pensam como nós e são compreensivos.

— Oi, gata, o que faz aqui quieta? Está pesando na morte da bezerra?
— Oi, Natanael, não exatamente, mas, sim, em um homem másculo, que cedo ou tarde irá me dominar em seus braços e me fazer dele.
Natanael olha em volta do colégio e procura o tal homem másculo, já havia terminado o horário de aulas e estávamos papeando em frente à escola, o que é normal entre os adolescentes da nossa idade. 
— Ieda, não vejo nenhum homem másculo aqui, bem, só os mesmos meninos babacas de sempre.
Natanael é muito engraçado quando quer eu rio do que ele falou e lhe afirmo:
— Não estou me referindo a esses babacas como você diz, eu me refiro ao professor de história e geografia que entrou recentemente na escola. 
— Ah sim! O professor de história e geografia, sim, ele é realmente muito bonito e reservado, só que para mim parece que ele esconde um segredo.
— Você não acha Ieda, ele mal fala com os alunos, ministra a sua aula e vai embora.
Claro que nosso professor tem que ser reservado, afinal ele é novo em nossa escola e conhecer o ambiente escolar por completo vai demorar alguns dias.
— Está bem, pode até ser isso, mas eu não sei. Ieda, algo ele esconde, sim, eu tenho faro para essas coisas.
Meu amigo Natanael sempre acerta quando fala assim e eu fico apreensiva.
— Acha que ele é casado, amigo?
— Não, ele não tem jeito de homem casado não, Ieda, acho que o segredo não é esse não.
Respiro aliviada, pois seria difícil competir com uma esposa e eu jamais me envolveria com um cara casado, é contra os meus princípios.
— Ieda, abre o seu olho, eu não quero que você se decepcione, querida.
— Não vou me decepcionar, Natanael, tenho certeza disso.
— Ai, Ieda, com tanto garoto bonito na escola, você teve que colocar seus lindos olhos, justo no professor de geografia e história?
— Natanael, a gente não manda no coração e aconteceu, poxa, não me recrimine.
— Não estou te recriminando, Ieda, mas tome cuidado para não sair ferida, não quero ver a minha melhor amiga chorando pelos cantos.
Abraço Natanael em forma de agradecimento, ele é meu melhor amigo e sei que se preocupa comigo.
Natanael e eu somos unha e carne e nos protegemos.
— Obrigada Natanael por sua preocupação, de verdade eu prometo não me decepcionar. 
— Espero que esteja prometendo de verdade, Ieda, pois vai me doer ver minha melhor amiga sofrer por um amor não correspondido. 
Quando o período da tarde chega para entrar na escola, eu e Natanel fomos para casa, por sorte ele é meu vizinho e nunca me deixou sozinha.
Conheço Natanael desde a infância e nos tornamos próximos.
Quando revelou para mim que era gay, eu já desconfiava, pois ele tem um visual andrógeno, embora seja muito bonito.
Eu também conto meus segredos para o Natanel, eu confio muito nele e ele foi a única pessoa que permiti ler o meu diário pessoal. Quando escrevo mais um capítulo da minha história de vida, eu mostro para ele.
Às vezes ele diz que sou dramática, mas às vezes me dá razão.
Eu amo de paixão esse meu amigo.
Sei que ele não quer que eu sofra, pois eu há alguns anos tive uma decepção amorosa quando me apaixonei por um colega que sala que no fim descobri que namorava uma das minhas melhores amigas, quer dizer nem tão amiga assim, pois descobri um tempo depois que ele lia as cartas que eu escrevia para ele, para essa "amiga" e os dois riam de mim juntos.
Quando eu soube, eu sofri e chorei e quem me deu seu ombro amigo foi o Natanael.
— Ieda, eu não quero que você passe semanas chorando, lembre-se do que aconteceu com o Ícaro, você sofreu demais e ainda virou chacota dele e da Michele.
— Não serei, não se preocupe, o Ícaro é um adolescente babaca, já o professor João é um homem feito. 
Beijo a bochecha de Natanael para tranquilizá-lo.
E ele me dá seu ombro amigo para eu lhe confessar os meus sonhos.

Melhor que antes Where stories live. Discover now