Capítulo 25

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Na manhã seguinte, eu sigo o conselho de Vladimir e visto uma camisa de gola mais alta para cobrir a marca do chupão que ele me deu no pescoço.

Não que eu goste de usar camisas de golas mais altas, pelo contrário, eu detesto.

Mas ao analisar o meu pescoço hoje de manhã, vi que o chupão de vermelho foi a roxo e, em definitivo, tenho que esconder para não gerar buchichos entre os alunos.

Não sei o motivo que levou o Vladimir a marcar a minha pele dessa forma, mas isso agora não vem ao caso, pois no momento em que ele estava me "marcando" meu membro passou a dar sinal, e se eu disser que não gostei, eu estarei mentindo, pois eu gostei sim.

Vladimir também se arruma para seguir para seu trabalho e me pede perdão.

— Querido, me perdoa pela marca em seu pescoço. Acho que exagerei, eu não esperava que ia ficar tão feio como ficou.

" A minha intenção é mostrar para todos e principalmente para aquela tal da Ieda que o João Carlos é meu, mas com essa gola alta não vai dar para ela ver".

— Não se preocupe, Vladimir, eu amei a demonstração de desejo que você me deu, eu entendo que você se empolgou. Então, eu não te culpo, meu amor.

Beijo seu lábio inferior e vejo os pelos do braço de Vladimir se arrepiarem e gosto do resultado que meu beijo causa em meu parceiro.

Me afasto, pois temos que trabalhar e não podemos deixar nossos membros dar sinal, pois assim, em cima da hora, não teríamos como resolver.

— Amor, não deixe de soltar seus cabelos, sabe que gosto deles soltos.

— Eu vou me lembrar, João, acredito que hoje eu saio tarde do hospital, principalmente se a Dr. Andreia estiver de folga.

Sinto meu coração apertar, não gosto de dormir sozinho na cama, eu sinto o vazio que o meu amado deixa.

— E aqui, você não estará sozinho, amor, Angel estará com você.

Sorrio, sei que Angel é uma ótima companhia, mas mesmo assim eu sentirei a falta de Vladimir.

Vladimir me beija e eu sinto o seu perfume, ah, se não tivéssemos atrasados.

Saímos cada um em seu automóvel, eu sigo para a escola, pensando em Vladimir e no chupão que ele me deu.

Estaciono o carro e olho a dimensão do estrago que Vladimir fez em meu pescoço.

Ajeito a gola para cobrir a marca e, com minha mochila em mãos, entro na escola.

Ao entrar, eu encontro Natanael, um de meus alunos.

— Mona, bom dia, vejo que você está incomodado, com algo, professor! Eu posso te ajudar?

Noto pelo jeito que Natanael falou comigo que ele é homossexual, e não é só pelo jeito de falar, as roupas também entregam e principalmente o brinco na orelha direita com a cor da bandeira LGBTQ.

Ele me oferece ajuda e eu resolvo confiar nele. Essa camisa de gola alta está me incomodando.

— Não sei se é de sua ossada, Natanael, mãe, me acompanhe até o vestiário, talvez você possa me ajudar.

— Ai, que tudo, vamos, acho que eu poderei ajudar, sim, se não, serei um bom ouvinte.

Caminhamos até o vestiário e entramos, e eu lhe mostro o motivo de minha aflição.

— Entendi, professor, a amada te marcou, eu tenho uma ótima saída para isso, me dê vinte minutos e eu cubro esse roxo do amor com minha super maquiagem.

Enquanto ele pega a maquiagem, eu arranco a camisa e com uma tesoura corto a gola.

Visto a camisa novamente. 

— Professor, senta ali naquele banco, eu vou entrar em ação, eu dou maquiador e faço curso de maquiagem avançada, eu vou cobrir sua marca, mas ela levará uns dois dias para mais para sumir.

— Se quiser, amanhã nos encontramos aqui no vestiário no mesmo horário e eu refaço a maquiagem.

Eu concordo, não suporto golas altas que me sufocam.

Enquanto Natanael dá suas pinceladas, ele se abre comigo e diz que sempre se sentiu menina, e que seus pais desconfiaram da sua condição quando ele tinha apenas seis anos.

— Mas você era apenas um garotinho.

— Professor, a gente já nasce assim, e não que isso seja um indício, mas eu amava usar as saias de minha irmã e adorava seus assessórios para cabelo.

— E quando você se descobriu homossexual?

— Com dez anos depois que me maquiei pela primeira vez para uma peça na escola, pensa professor, eu sou uma garota com algo mais.

Ele se descobriu cedo com apenas dez anos e eu, aos dezesseis, tive dúvidas quanto à minha bissexualidade, que no final não tinha nada de bi.

— Terminei, professor, mas me diga, a sua gata não vai ficar brava?

— Se ela ficar, eu sei como amansar.

Olho a maquiagem que Natanael fez e agradeço :

— Obrigada, salvou a minha pele.

Me despeço e vou para a sala de professores enquanto Natanael acena para mim sorrindo.

Melhor que antes Where stories live. Discover now