Capítulo 30

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João Carlos

Vladimir me deixa na escola e vai para o hospital. Assim que entro, deixo a minha mochila na sala dos professores e vou ao encontro de Natanael no vestiário para ele maquiar o roxo que Vladimir deixou em meu pescoço.
Ao entrar no vestiário, eu vejo o Natanael acompanhado de outro rapaz do terceiro ano, e seu nome é Hermes.
— Professor João Carlos, esse é Hermes do terceiro A, acho que já o conheça, ele é meu namorado.
Cumprimento os rapazes e os observo juntos, eles formam um casal muito bonito e, ao que parecem, não existem dúvidas entre eles. Ambos são homossexuais, porém o Hermes tem os traços do rosto mais delicados que os do Natanael.
O jovem me cumprimenta e Natanael maquia o meu pescoço enquanto Hermes só observa seu namorado cobrindo o roxo de meu pescoço com maquiagem.
— Hoje está menos roxo professor, mas eu acho que esse hematoma só vai sumir em pouco mais de uma semana.
— Eu imaginei, Natanel, e obrigado por me ajudar com isso. Eu não me sentiria bem, mostrando a minha intimidade para a escola toda, eu quero que os alunos aprendam a história e a geografia e não fiquem imaginando o que acontece comigo em minha vida íntima.
Natanel sorri e me pergunta se estou melhor que ontem?
— Um pouco, meu aluno querido, estou me cuidando e tudo ficará bem, eu vou viver muito ainda.
— Sei que vai, professor, e vai causar ainda mais admiração de muitas alunas pelo seu carisma.
Sorrio para ele, realmente meu carisma, como ele diz, chamou a atenção de muitas alunas, das quais me tornei seu melhor amigo gay, mas aqui, por enquanto, eu observo o ambiente antes de contar a verdade sobre a minha sexualidade. Por enquanto, notei o Natanael e o Hermes, que são homossexuais e namorados. 
Vou continuar observando e, se sentir segurança, eu revelo para a escola quem eu realmente sou, mas isso acontecerá no momento certo.
Natanael termina a maquiagem e diz que ficou perfeita.
Hermes também acha isso e diz que seu namorado arrasa, que ele tem o dom para maquiador.
— Deixe disso, Hermes, você sabe que qualquer um pode aprender a fazer uma bela maquiagem.
— Não, amor, a pessoa pode até aprender sim técnicas, mas mesmo assim fica artificial — Você, amor, tem o dom e fará sucesso com as mulheres que querem uma linda maquiagem.
Sou obrigado a concordar com o Hermes, o Natanael tem realmente o dom para maquiar as pessoas.
Me despeço dos dois e vou para a sala dos professores, lá me sento e reviso a aula do primeiro ano. Hoje será o dia deles, e eu poderei conhecer cada carinha melhor.
Dei minhas primeiras aulas e, na hora do intervalo, eu fui para a fila pegar a merenda para ir para a sala dos professores, mas, como fiz amizade com os alunos, me sentei no refeitório com a Ieda, o Hermes e o Natanael.
Lá conversamos sobre sonhos e fiquei sabendo que o sonho da Ieda é ser advogada, para ajudar os menos favorecidos, ganhando causas para eles. O Natanael e o Hermes querem abrir um salão de beleza juntos, onde o Natanael cuidará da maquiagem e ele dos cabelos.
— Você não tem ideia, professor, como o Hermes faz lindos penteados, além do curso de cabeleireiro que ele faz, ele faz o de penteados também, e ele tem o dom.
— Sempre gostei desse lance de cabelos e penteados, para vocês terem uma vaga ideia, eu quem arrumo os cabelos das bonecas que a minha tia faz para vender. — Para mim, é um ótimo treino.
— E você sempre quis ser professor?
Ieda me pergunta com curiosidade no olhar.
 Na realidade, eu sempre fui meio sem paciência, porém sempre gostei de história e geografia.
Explico para eles que eu sempre gostei dessas duas matérias e que aprendi a gostar de dar aulas fazendo alguns estágios como voluntário.
— Desenvolvi a minha paciência e o hábito de se ensinar.
Meus alunos ficaram boquiabertos e surpresos, mas essa é, sim, a minha realidade.
Conversamos até pouco antes de dar o sinal, minhas próximas aulas, é para a turma de Hermes. Caminho para a sala de professores e preparo o meu material quando soa o sinal que na escola é música popular, eu me dirijo a sala de aula.
Antes de explicar a matéria, checo meu celular e noto que tem uma mensagem do Vladimir dizendo que por volta do meio-dia estará estacionando em frente ao portão da escola.
Eu mando um, obrigada para ele e digo o quanto eu o amo.
"Não precisava, penso comigo, eu poderia ir de ônibus para casa"
Se Vladimir quer me buscar, tudo bem, ele o faz para cuidar de mim e isso me faz me sentir amado."
Sorrindo, até me esqueço da doença e dou a minha aula com alegria para os meus alunos.

Melhor que antes Where stories live. Discover now