Capítulo 37

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Vladimir

A presença de meus pais em casa deixou o João Carlos mais feliz, é nítida a mudança, ele não está triste devido à doença e não tocou nesse assunto perto de meus pais, mesmo assim, não dizendo nada para os sogros. O meu namorado tem tomado o remédio corretamente, e já não esboça mais a tristeza em seu olhar.
Após tomarmos o sorvete, voltamos para casa e meu amor está sorrindo bastante, e a impressão que me passa é que ele está vivendo cada momento como se fosse o último.
Por um lado, me apavora, pois somos dois egoístas, eu não quero perdê-lo e nem ele quer me deixar e essa mudança repentina de comportamento me passa aquela impressão de melhora que as pessoas têm dias antes do falecimento.
Paro de pensar besteiras e me permito ficar feliz pelo homem que eu amo.
Na sala de casa assistimos a um bom filme e, após algumas horas, meus pais nos deixaram sozinhos, pois precisavam descansar.
João e eu ainda ficamos, mas um pouco na sala assistindo a doramas e depois também fomos para o nosso quarto dormir.
João se deita na cama e me espera com um sorriso lindo.
— Vladimir, venha se deite perto de mim, esta cama fica fria sem você aqui.
Escovo meus cabelos e os prendo em um coque para não embaraçar.
Me deito ao lado de João, que solta os meus cabelos do coque.
— Amor, por favor, não os prenda, eu gosto deles soltos.
Eu poderia prender meus cabelos no coque novamente, mas provavelmente o João ia soltá-los novamente e ficaríamos nesse círculo vicioso interminável.
Mas a minha reação foi diferente e, desejando beijar os lábios do João, eu assim o faço.
Durante o beijo, eu sinto ele segurar os meus cabelos. Meu namorado realmente gosta desses meus longos cabelos loiros.
— João, se sente bem, amor?
— Eu me sinto, sim, Vladimir, apesar de todo o medo que passo devido à minha doença, eu me sinto bem2 sim.
Percebo que o João não mente para mim, uma das qualidades que o meu amor tem é não conseguir mentir para mim.
— Se sentir mal-estar, não deixe de me acordar, amor pode ser a hora que for, não fique sofrendo sozinho.
— Lembre-se de que eu sou médico e posso prestar os primeiros socorros a você.
— Eu vou me lembrar, amor, não se preocupe.
Dou mais um beijo em João Carlos e ele me abraça de conchinha. Eu amo quando dormimos assim, pois sentimos o aconchego um do outro.
No domingo, acordamos para mais de uma da tarde e minha mãe estava preparando o almoço.
Entramos na cozinha e cumprimentamos a minha mãe, que está acompanhada de meu pai.
— Meninos, que bom que vocês chegaram, o almoço está quase pronto.
— Dormiram mais que a cama hoje, mas não os culpo, é domingo, é um dia para se acordar tarde mesmo.
Sorrimos para a minha mãe e sentamos à mesa e observamos a minha mãe terminar o almoço.
Engajamos uma conversa e meu pai, para cada dez palavras, oito são direcionadas a mim.
Me pedindo para cuidar do João Carlos e ser paciente com ele, se meu pai soubesse a luta que eu enfrento ao lado do meu amor, ele jamais me diria uma coisa dessas, deixo passar, pois meu amor não quer que meus pais saibam que ele está gravemente doente.
Sem alternativa para argumentar com o meu pai, a única alternativa foi concordar com ele e dizer que vou cuidar, sim, do João Paulo, com muito amor e dedicação.
— Eu não espero menos de você, filho meu, você sempre amou o seu namorado.
— E como pai, eu até cheguei a achar que esse amor estava esquecido, mas quando João bateu em minha porta, eu percebi que não era bem assim como eu pensei todos esses anos todos.
— Eu amo o João pai e isso nunca vai mudar.
Meu pai e minha mãe sorriem.
— Filho, o João Paulo também te ama muito, está escrito em seu olhar, por esse motivo eu e seu pai demos o seu endereço para ele.
Minha mãe me confessa.
— Vladimir, eu sempre acreditei no amor de vocês e sei que ficarão juntos para sempre.
Agradecemos ao meu pai, eu e João. "Vamos sentir falta dos dois assim que eles forem embora" eu digo: para mim mesmo.
Minha mãe nos dá a sua benção de mãe, benção que ela não conseguiu nos dar no passado pelo motivo de que nos separamos aos dezesseis anos.
Deixo de pensar em quando tínhamos dezesseis, foi um tempo gostoso, porém triste, pois foi a época em que eu e João Carlos demos um tempo.
Quando termina de dizer as suas palavras, minha mãe me diz: um Deus abençoe vindo de seu coração.
E esse foi o gesto dela mais lindo e importante para nós.

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