Capítulo 11

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Depois da transa, eu percebo que a única coisa que mudou em João foi a idade e agora ele sabe o que quer.
E eu quero muito esse homem que chegou do nada à porta de minha casa.
— Vladimir, não pense que depois dessa transa eu partirei, não partirei e nunca vou deixar você partir. 
Ele está seguro de si e seguro do que sente por mim e eu sinto uma segurança nele que não sentia na adolescência, pelo simples motivo de que agora somos homens feitos e bem sucedidos na vida.
— Sabe o que é melhor de ter te reencontrado após todos esses anos, Vladimir?
— Não, nem imagino.
— Que agora sou um homem feito e tenho convicção do que eu quero e o que eu quero é construir um relacionamento sólido com você, Vladimir.
Eu quero o mesmo, mas isso pode esperar, pois nos reencontramos somente há alguns dias.
— Iremos regatar todo o tempo perdido, amor, e vamos criar lembranças novas, Vladimir.
João me diz essas palavras e eu me arrepio inteiro, estou nu ainda deitado lado a lado em sua cama.
Sugiro para ele passear pela cidade, afinal ele se mudou há pouco e não teve a oportunidade de conhecer a cidade em que agora moramos.
Ele topa na hora e depois de uma ducha para tirarmos o suor de nossos corpos saímos para desvendar os mistérios de Campos do Jordão. Eu estou aqui há mais tempo, então conheço a beleza do centro da cidade e quero mostrar para o meu homem tudo que aqui há de interessante.
Passeando pela cidade, João Carlos observa a arquitetura inglesa e alemã.
— No século passado vieram muitas colonias alemãs e portuguesas, por isso a arquitetura da cidade lembra muita a Suíça.
— Eles focaram nesse tipo de arquitetura para as casas se tornarem aquecidas, pois a região tem o clima parecido com o de várias regiões da Europa.
— Aqui é muito frio no inverno, esse clima é bom para ficarmos na cama abraçados, não é mesmo Vladimir?
— Isso me soou como um convite, João Carlos, foi isso que eu entendi?
— Hum, talvez depende do que você acha.
Não acho nada, pois estou feliz ao lado do homem que eu amo de paixão.
Continuamos nosso passeio pelo centro de Campos do Jordão com uma das alunas de João Carlos, uma tal de Ieda, que segundo o João Carlos me contou pertence ao terceiro ano da escola onde ele leciona geografia e história.
— Professor João Carlos, mundo pequeno, essa é a segunda vez que nos encontramos hoje.
— Pois é, Ieda, o que faz aqui no centro da cidade?
— Vim fazer algumas compras para os meus pais, mas e você?
Me incomoda a conversa e, como essa aluna tenta se insinuar para o João, então eu mesmo respondi à pergunta.
— Como ele se mudou há pouco da capital para cá, eu estou mostrando a cidade para ele.
— Seu amigo é muito bonito, professor. Bom, eu tenho que ir para casa, amanhã nos vemos na escola.
João se despede da aluna e eu sinto um pouco de incômodo com o beijo que ela dá na bochecha de João Carlos.
Não é ciúme, e apreensão como se essa jovem pudesse de alguma forma prejudicar o João Carlos.
Quando ela se afasta, há uma boa distância entre nós. Eu digo para o João a minha cisma dessa jovem e ele diz que também sente que essa moça pode lhe causar muitos problemas, ele só não sabe em que sentido.
— Então, você deve ter cuidado, João, as jovens atuais não são como as jovens de nosso tempo, elas não pensam duas vezes antes de prejudicar uma pessoa.
— Você acha que ela pode causar algum problema que possa me prejudicar?
— Eu acho, sim, João Pedro, então o melhor é você se manter distante dela.
— Seja cordial com ela, pois ela é sua aluna, mas não abra a sua vida pessoal para ela, e nem deixe ela se aproximar de você.
Assim, oriento a não se abrir muito, não só para ela como para qualquer outro aluno, seja masculino ou feminino, pois hoje ambos os gêneros não estão fáceis de lidar.
— Não se preocupe, Vladimir, eu irei fazer isso, não quero ter problemas na escola que assumi as aulas por conta de uma aluna mais assanhada.
Sorrio para ele, mas eu não acho que ela seja assanhada, ela pode prejudicar o João Carlos de outra maneira, eu só não sei qual.
— Não fique assim tão apreensivo, Vladimir, eu sei me cuidar, está bem?
Eu sei que ele sabe se cuidar, afinal, tem vinte e oito anos, mas todo o cuidado é pouco.
João Carlos beija a bochecha e eu devolvo o beijo. Continuamos nosso passeio pelo centro da cidade e depois seguimos para minha casa.

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