Capítulo 55

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Ao chegar no hospital, encontro Adrian, o cardiologista de João Carlos.

— Vladimir, a cirurgia foi um sucesso, o João Carlos vai ficar na UTI por dois dias e logo ele vai despertar.

— Quando ele despertar, eu vou transferir ele para o quarto, onde ele ficará por alguns dias. A alta vai depender de como ele está se recuperando da cirurgia, mas João é Guerreiro, ele irá se recuperar bem.

Adrian me olha e nota que eu estou com a aparência um pouco abatida, mas isso é devido à falta de sono. Desde que internei o João na UTI, eu tenho poucas horas de sono.

— Vladimir, vá para casa e descanse, a vida de João Carlos não está mais em risco, mas se você não se cuidar, quem vai ter estafa é você.

Resolvi acatar o conselho de Adrian.

— Eu vou para casa, então realmente eu preciso dormir. Meu gato ficou sozinho todo o tempo e preciso ver como ele está.

Vendo que eu estava já com o jogo corporal demonstrando cansaço, Adrian resolve me deixar em casa.

E eu agradeço, pois nas condições em que eu estou, eu não posso dirigir, seria suicídio.

A caminho de minha casa, eu comento com o Adrian a ironia do destino, conto para ele que a Ieda era aluna de João Carlos e que deixou uma carta para os pais dizendo que, se ela morresse, seu coração era para ir para o João Carlos.

— Mas estou sem entender, Vladimir, a jovem que doou o coração, morreu em um atropelamento.

— Quando fui falar com a mãe dela, Adrian, eu descobri que a doadora se tratava da Ieda, a aluna de João Carlos.

— Que história, mas Deus escreve o certo por linhas tortas, Vladimir e você tem que descansar. Volte amanhã à tarde, aí você pode pegar o plantão de amanhã à noite. — Mas durma, o seu corpo está cobrando descanso e você não quer ficar doente, não agora que o João vai se recuperar.

Ao chegar em casa, eu agradeço ao Adrian por me trazer, entro e Alisson vem se esfregar em minhas pernas, miando.

Peço desculpas por demorar a ir para casa, limpo sua caixa de areia, completo sua tigela de ração e coloco água.

Tomo um banho e vou para o quarto, a minha visão está turva, devido ao cansaço, me deito. Sinto alguém andar em cima de mim e se deitar ao meu lado.

Alisson estava sentindo a minha falta, viro para o seu lado e o abraço para dormirmos.

Durmo a manhã toda e, quando acordo, já passa um pouco das quatro e meia da tarde.

Tomo um lanche, verifico em meu celular as mensagens dos meninos, Natanael e Hermes.

Retorno a mensagem para um deles e peço para eles virem em casa, que eu estou de folga.

Em menos de vinte minutos, Natanael e Hermes chegam à minha casa.

— Vladimir, como está o João Carlos?

— Se recuperando bem, Hermes, depois de amanhã, ele deixa a UTI e vai para o quarto.

— Que bom, iremos visitá-lo, não é Natanael?

— Sim, amor, vamos, sim, eu quero apertar a mão de João Carlos.

Hermes coça o queixo e coloca uma questão em que eu não tinha pensado. João vai perguntar de Ieda.

— Se assim for, vamos ter que falar a verdade para ele, que Ieda vive dentro dele, no coração que ele recebeu.

Os meninos me disseram que vão ao cemitério ver Ieda para levar flores.

Eu resolvo ir junto, ao sair passei em uma floricultura e comprei um lindo buquê de rosas-Vermelhas.

Fomos e lá na Lápide com o nome dela colocamos as flores e rezamos.

Eu agradeci pela bondade dela, que mesmo sabendo que não ia ficar muito entre nós, nos resolveu fazer o bem. Eu sei que muitos receberam os órgãos de Ieda, então ela vive em muitas pessoas.

Ao lado dos meninos, eu saio do cemitério, passamos em uma lanchonete para comer um lanche e depois eu voltei para casa.

— Vladimir, se o professor estiver acordado, diga que estamos torcendo para que ele se recupere bem.

— Amanhã eu darei o recado, meus lindos, se cuidem hein.

Aperto a mão daqueles que tanto bem fizeram para mim e para o João.

Eu faria o mesmo pela Ieda, mas ela já não está entre nós.

Entro em casa, tomo mais um banho e me deito no sofá, apago. Acordo no outro dia de manhã com Alisson amassando o pãozinho para se deitar em meu peito.

Me dá pena de tirar o Alisson de mim, afinal fiquei dias sem ir para casa.

Continuo deitado e olho para a porta.

Me lembro do dia em que João chegou, ele mudou a minha vida para sempre.

Agora ele está a salvo e vamos viver a vida e deixar o vento nos levar.

Melhor que antes Where stories live. Discover now