Capítulo 47

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No intervalo em nossa mesa, o João Carlos fez falta, não só para mim, mas para o Natanael e o Hermes também.

Apesar de gostar muito do professor, eu estou resignada. Após ver aquele beijo, eu vi o que estava cega para ver.

Voltei ao tempo e percebi que todas as reações de João Carlos ao lado de Vladimir eram plausíveis de quem tenta disfarçar um possível namoro.

Estou feliz pelos dois, pois ambos são rapazes bonitos e merecem ser felizes.

Se eu fosse malvada, eu ia desejar a morte de João Carlos por puro recalque, por ele não ter correspondido às minhas investidas.

Mas o João foi um verdadeiro homem, pois ele poderia alimentar os meus sentimentos e depois se revelar de uma maneira cruel, mas ele não o fez e isso me faz admirar ele ainda mais.

— Ieda, no que pensas? Está calada desde que foi mencionado que iremos ter aula com a professora nova e não com o professor.

— Estava aqui analisando todas às vezes que me aproximei do nosso professor, que ele nunca me deu ousadia e, meninos, eu cheguei a beijá-lo na boca.

Hermes se levantou da mesa e se aproximou de mim, sentando-se ao meu lado, ele pergunta:

— Quando foi isso, Ieda?

— Antes de ontem, no vestiário, eu atraí o professor para lá e o beijei, só que ele não correspondeu ao meu beijo.

Olhei para Natanael, que está igualmente surpreso pelo que eu disse e afirmei para ele:

— Amigo, eu usei o seu nome para atrair o professor, me desculpe, eu precisava sentir o gosto dos lábios dele.

— Por mim, tudo bem-querida, espero que agora entenda que o nosso professor ama o médico pediatra.

— Eu estou convencida disso, meninos, mas eu quero ver ele, cara. O João não é apenas nosso professor, é nosso amigo e ele precisa de bons amigos a seu lado em uma situação tão complicada.

Natanael e Hermes entram em um acordo e chegam à conclusão de que fazer visitas ao professor não tem mal nenhum.

— Você ganhou gatinha, hoje vamos fazer uma visita para o João, afinal ele é nosso amigo.

Ao fim do intervalo, entramos para a sala de aula, eu levo a mão ao peito.

" É meu coração, você vai bater no peito do João Carlos, e eu espero que você seja compatível com a caixa torácica dele"

Eu não me importo em morrer, pois estarei vivendo dentro do corpo do João Carlos.

Quando as aulas terminaram, seguimos para a casa do professor com alegria, brincamos e pulamos, na calçada.

— Ieda, você está realmente conformada com o que descobriu sobre o professor João Carlos.

— Conformada? Eu estou plena, Natanael, o que eu mais quero é que o João e o Vladimir sejam felizes juntos e enquanto durem.

Ao chegarmos na casa, batemos palmas, o professor sai na porta e, surpreso ao nos ver, diz que o portão está destrancado.

Entramos e fechamos o portão, caminhamos até ele e demos um abraço triplo.

— Meninos, que surpresa.

— Gatinho, não é porque está doente que vamos te abandonar sozinho.

— Que bom que vieram, eu acabei de fazer um lanche, querem me acompanhar.

Sorrimos e acompanhamos o professor até a cozinha.

Nos servimos do lanche que o professor preparou e eu afirmei para ele:

— João, eu vi o beijo apaixonado que você e o Vladimir trocaram na praça.

João Carlos abaixa a cabeça, não consegue me olhar.

Me aproximo e o faço olhar para mim:

— Não se sinta culpado, eu deveria ter notado os sinais e não notei. A propósito, você e o Vladimir formam um casal lindo.

— João Carlos, você tem que se curar, gatinho.

Meus amigos me olham e eu sorrio para eles. Tomamos o lanche e conversamos muito tempo na cozinha.

João resolve ir para a sala e percebo que ele está ofegante. Lá ele toma o seu remédio, se senta no sofá e afirma para nós.

— Vocês veem, essa é a minha luta agora, meninos, tive até que pedir afastamento da escola.

— E a tendência, meus amigos, é só piorar com o passar dos dias.

Não me contenho, me aproximo e abraço o João que chora:

— Não chore, professor, você vai conseguir, eu sei que têm um coração que está a caminho para você, é só esperar a hora certa para ele chegar.

Ficamos abraçados em silêncio por longos minutos até que nos libertamos.

— Sei que esse coração está bem próximo, João Carlos, eu creio nisso e você irá se salvar.

Claro que quando eu digo isso para ele, eu me refiro ao meu próprio coração.

Mas essa parte eu não disse, pois muito provavelmente ele iria me achar maluquinha ao afirmar essas coisas.

João Carlos agradece a nossa visita e diz que terá fé.

Tem que ter, pois eu quero salvar a sua vida e seu coração está bem próximo, batendo em meu peito.

Melhor que antes Where stories live. Discover now