Melhor que antes

Capítulo 36

Hermes

Como o sábado estava um dia agradável, eu, Natanael e Ieda resolvemos dar um passeio pela cidade, só não imaginávamos encontrar o professor João Carlos, acompanhado do amigo dele e dos pais desse amigo.
Claro que nosso professor foi cordial e nos apresentou para os pais desse amigo e depois para ele.
Como sou muito observador, eu percebi o que estava rolando ali.
O tal do Vladimir é namorado do nosso professor de história e geografia.
Só é cego quem não quer enxergar mesmo, e o Vladimir foi o autor do chupão que o professor tem em seu pescoço.
A Ieda ou é cega, ou está muito apaixonada pelo professor.
E ela, atirada como sempre, elogia a beleza dos pais do Vladimir e elogia o rapaz, mas logo elogia o nosso professor e tem a capacidade de beijar o professor bem próximo a seus lábios, o que deixou o Vladimir morrendo de ciúmes.
Eu os observo se afastar e me pergunto se o meu namorado Natanael percebeu o que percebi, nas entrelinhas? Isso eu só vou saber dele quando estivermos sozinhos.
O que pude analisar da situação assim meio que rápido é que os dois se amam demais e fazem o impossível para manter a relação deles em segredo, e eu só não sei o motivo, mas isso eu pretendo descobrir conversando com o próprio Vladimir, já que agora sabemos quem ele é e sei que o Natanael a de concordar comigo.
Vejo meu namorado digitando algo em seu celular e, depois, ao lado de Ieda, que está distraída, ele festeja:
— Bingo, é isso aí!
— O que foi Natanael?
— Nada Ieda é só um jogo que eu estou jogando aqui em meu celular e eu matei a linha de frente inimiga. 

É óbvio que notei que o Natanael está mentindo, só a Ieda, emocionada com o encontro com o professor, que não percebeu.
Passeamos mais um pouco pela cidade e resolvemos voltar para casa. Como moramos bem próximos, deixamos a Ieda na casa dela.
E eu acompanhei meu amor até a sua casa.
— Hermes, eu tenho que te mostrar uma coisa, pode entrar um pouco e ficar comigo?
— Claro que posso, amor, até dormir aí se você quiser. — Hoje eu já avisei os meus pais que talvez eu durma na sua casa.
Natanael se aproxima de mim e me beija.
— Claro que eu quero, amor, se não houver problema para você, eu vou adorar dormir ao seu lado.
Dou um apertão no bumbum do Natanael e afirmo:
— Eu vou adorar poder usufruir dessa sua traseira deliciosa durante a noite, eu quero escutar você gemer o meu nome.
Natanael fica vermelho e eu beijo o canto de sua boca.
— Vamos entrar, Hermes, a noite serei todo seu, mas agora eu tenho que te mostrar algo que descobri que vai facilitar muito a nossa investigação.
Acompanho o Natanael e me sento largado no sofá da sala.
— E então, amor, o que quer me mostrar?
Sorrindo, Natanael abre a página da Santa Casa de Misericórdia de Campos do Jordão.
Fico sem entender nada e ele me explica:
— Amor, pela foto eu descobri que o Vladimir é médico na Santa Casa, e aqui tenho o endereço dele e o telefone celular.
— Natanael, isso é ótimo!
— Eu só preciso marcar um encontro com esse cara para ele confirmar o que percebi hoje e acho que você também percebeu Hermes.
— O Professor João Carlos e o Vladimir namoram em segredo.
— Achei que você não tinha percebido Natanael.
— Hermes anos tinha como não perceber, o cara só faltou fuzilar a Ieda quando ela beijou o canto da boca do professor. — Só ela é cega e não quer ver.
— Hermes, ela não é cega, só está muito apaixonada.
— Mas Natanael, até para a paixonite, tem limites e a Ieda não se toca porque é cega.
Meu namorado fecha a cara, ele detesta que eu fale assim da Ieda, eu peço desculpas para não estragar o clima entre nós e ele acata.
— Hermes acha que devemos contar para a Ieda?
— Ela não vai acreditar, amor, ela tem que ver com os próprios olhos, de repente um beijo entre os dois.
— Só assim ele vai acordar dessa cegueira.
Natanael me abraça e eu afago seus cabelos.
— Eu não queira que fosse assim, Natanael, mas infelizmente é e não há nada a ser feito.
— Hermes, assim que der, eu vou marcar um encontro com esse tal de Vladimir. Há mistérios na vida do professor que só ele pode me ajudar a desvendar.
Natanael me conta que agora ele entende porque sentiu tanta segurança no professor para falar de seu pessoal.
— Amor, uma bicha sente o cheiro de outra bicha a quilômetros.
Digo para Natanael já me aproximando na intenção de o seduzir e levá-lo para a cama.