Capítulo 29

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Vladimir

Preparei um delicioso café na cama para o meu amor, João Carlos. Ontem, ele não percebeu mais, eu o vi deixando o setor de cardiologia da Santa Casa e fui até lá perguntar ao meu colega de trabalho Adrian do que se tratava, a princípio ele não quiz me revelar do que se tratava, mais expliquei a situação e disse que o João Carlos é meu namorado, então ele me contou sobre a doença crônica que meu amado descobriu aos vinte anos, eu fiquei em choque.
João deveria ter me contado.
Como médico, me coloquei no lugar dele e percebi que, se eu tivesse uma doença grave e estivesse controlada, eu não iria contar para ninguém.
E, como o Adrian me contou, o João viveu durante oito anos com a doença controlada, que de repente manifestou os sintomas novamente, e ele sabia que era possível que o encaminhassem para a fila de transplante de coração.
— Vladimir, o que o João precisa é de apoio e não de críticas, e ele está desesperado — Ele mesmo me disse que, agora que encontrou o amor de sua vida, acontece isso. 
Partiu o meu coração saber que o meu amor sofreu sozinho, esse medo da doença, mas ele não está sozinho, eu estou com ele e juntos vamos enfrentar essa luta.
Espero meu horário terminar e vou para casa. Eu cheguei a ler as mensagens dele em meu celular, mas eu vi depois que já tinha falado com o Adrian.
Tomo meu banho e me deito ao lado dele e o puxo para mim, e assim dormi. Ao acordar, preparei o café para o meu amor saudável, pois já estou ciente das recomendações de Adrian.
— Bom dia, amor, vamos tomar café.
Ele me diz e eu ajeito a bandeja na cama, confesso que não estou com fome, mas não pude recusar o pedido.
— João, eu sei o que você está passando, o Adrian me contou.
— Mas como? Ele não sabe sobre nós.
— Agora, sabe, amor, eu vi você deixando a cardiologia ontem e fui saber do Adrian o que aconteceu e, para ele me contar, tive que revelar que estamos juntos.
— Eu ia te contar, Vladimir, assim que nos encontrássemos para o café. 
— Eu sei, amor.
Dou um selinho nos lábios de João Carlos e tomamos café juntos.
João Carlos viveu uma vida plena durante oito anos, pois estabilizou a doença e aprendeu a cuidar da saúde, mas agora o coração resolveu falhar de novo.
— João, o Adrian me explicou que você pode continuar trabalhando desde que se cuide e siga as orientações que ele passou, e ele me disse que verá você toda a semana.
— Vladimir, você está tão seguro, já eu tenho medo.
— Eu tenho medo, mas tenho o conhecimento e sei que com o  transplante você levará uma vida normal, amor, até lá eu, como médico, vou ajudar você a se cuidar.
Meu amor, sorri para mim, e me abraça.
— Obrigado por estar comigo nesse momento tão difícil.
Na verdade, eu estou muito emocionado, mas não quero que o João Carlos perceba, pois não quero que ele tenha emoções fortes.
— Amor, hoje meus pais chegam e temos que deixar tudo pronto para recebê-los.
— Achei que a notícia ia estragar o clima com seus pais, e eu não queria isso de maneira alguma.
— Não vai estragar e tudo vai acabar bem.
— João, hoje eu não tenho plantão e venho direto do serviço para casa. Me espere para fazermos o jantar de meus pais juntos. 
João Carlos concorda e se veste.
— Com tantas coisas que ocorreram, nem te contei que um aluno que tem talento para a maquiagem está me ajudando com a marca no pescoço.
— Desculpa, amor, eu não me sinto bem de gola alta, me sufoca.
Sorrio para o João, não vou contrariar se ele encontrou um aluno para cobrir a marca, tudo bem.
Fico preocupado com o João dirigindo por aí sem acompanhante e dessa vez afirmo:
— João, eu te levarei até o colégio, tenho receio de você passar mal e acabar causando um acidente.
— Eu concordo com você, Vladimir, eu aceito que me deixe na escola.
— Para falar a verdade, eu tenho medo de dirigir estando com esse problema.
Acaricio o rosto de meu amante e o beijo.
— Então estamos combinados.
João pega Alisson no colo e o leva para comer na cozinha.
Ele está deixando o gato mal-acostumado, mas é linda a amizade entre eles.
Após colocar a ração para o gato, João pega a mochila e a coloca nas costas, sorrindo para mim, me chama para irmos.
Já no meu carro, João me confessa que se sente mais seguro ao meu lado.
Eu seguro a sua mão e digo que vamos vencer isso juntos.

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