Capítulo 56

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Naquele mesmo dia, à tarde, eu fui para o hospital e Adrian me comunicou que João Carlos está acordado. Eu vesti as roupas adequadas para entrar na UTI.
Meu amor está acordado e sorri para mim.
O Dr Adrian nos deixa sozinhos, assim como a equipe.
— Vladimir, você tem dez minutos, amanhã ele irá para o quarto. Vocês terão todo o tempo para matar a saudade.
Quando a equipe sai, eu tomo a liberdade de dar um beijo na boca de João Carlos.
Um selinho, pois meu amor acaba de ser operado.
— Como se sente João Carlos?
— Me sinto como se tivesse dormido por uma semana inteira, amor, eu não me sinto cansado.
— Isso é bom.
— Como eu vim parar aqui, Vladimir?
Meu amor, não se lembra que desmaiou na sala de nossa casa?
Conto para ele o que houve e disse que ele ficou sedado o tempo todo.
— Amor, você realizou o transplante e logo vai para o quarto. 
— O Dr Adrian me disse que recebi o coração de uma jovem, mas não me deu mais detalhes.
Sinto meu coração doer, mas não é hora de eu falar para o João Carlos que ele recebeu o coração da Ieda, para isso ele tem que estar fora da UTI. Quando ele for para o quarto e puder receber visitas, eu poderei falar a verdade, afinal virão visitá-los Hermes e Natanael, e ele vai entranhar a falta de Ieda.
Dez minutos passaram rápido e 
Adrian veio me avisar que está na hora de deixar a UTI.
Beijo a testa de João e me retiro da UTI.
Naquele dia, à noite, antes de ir para casa, eu observei João dormindo pelo vidro e me perguntei como ele vai reagir ao saber que em seu peito bate o coração de Ieda?
Isso eu só saberei quanto ele souber a verdade.
Chego em casa e Alisson está me esperando sentado frente à porta.
Ele está sentindo a falta de João Carlos.
— Eu sei, amigão, logo o João Carlos vai voltar para a nossa casa.
— Você sente falta dele e eu também.
Natanael e Hermes me ajudaram a passar pela fase do pós-operatório, João foi para o quarto e, no primeiro dia de visita de seus alunos, ele perguntou pela Ieda, eu já esperava por isso.
Me aproximo dele e coloco uma de minhas mãos em seu peito.
— João, a Ieda vive aqui em seu corpo.
Lágrimas brotam dos olhos de João, que me pergunta do que estamos falando.
Natanael e Hermes também não conseguem segurar as lágrimas.
Eu, para falar a verdade, também não consigo conter as minhas lágrimas. 
— Quando? Foi que ela...
— Depois que você foi para a UTI, a Ieda foi atropelada enquanto andava de bicicleta.
Conto para o João que a Ieda deixou registrado em carta que o coração era para ser doado para você, amor.
— É verdade, professor. Eu mesmo vi a carta, a Ieda de alguma forma sabia que ia morrer.
João leva a sua mão ao seu peito e agradece à Ieda.
— Amor, está bem?
— Sim, Vladimir, Graças à bondade da Ieda.
— Quando eu deixo o hospital.
Essa pergunta quem responde é Adrian, que entrava para realizar os exames clínicos em João Carlos.
— Em um mês, João Carlos, você vai para casa.— João eu vou receitar a ciclosporina, você vai tomar por toda a vida, para o seu corpo não rejeitar o coração que, mesmo sendo de uma pessoa também de sangue de ouro, não é o seu coração, você terá que tomar por toda a sua vida.
— Mas vai se adaptar, após sair daqui a João você poderá ter a vida normal.
João sorri e diz que quer voltar a lecionar, que é sua paixão. 
O horário de visita termina e eu acompanho os meninos até a saída do hospital.
— Obrigada, meninos, por estarem sempre ao nosso lado, graças a vocês que cuidaram do João ele está vivo agora.
— O maior bem fez foi a Ieda. Nós apenas cuidamos do João, mas quem devolveu a vida ao professor foi a Ieda, doando seu coração.
Corrijo o Natanael, todos eles fizeram o bem ao João, e ele sempre será agradecido.
— Quando vocês casarem, que eu sei que vão, o bolo é nosso.
Sorrio e concordo com os meninos, para falar a verdade, eu ainda não tinha pensado em oficializar a união.
Mas depois que eles disseram aquelas palavras, eu estou disposto a me casar com o João Carlos.
Dou uma pausa rápida e vou até uma joalheria e compro as nossas alianças de ouro cravejadas com pequenos diamantes.
Decido pedir o João em casamento no hospital mesmo.
Retorno para o hospital e, à noite, antes de eu ir para casa, eu passo no quarto de João.
— Pensei que tivesse ido para casa, amor.
— Eu tenho que fazer um pedido, João.
Me ajoelho ao seu lado no leito e tiro e abro a caixinha revelando as alianças:
— João quer se casar comigo?

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