Capítulo 33

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João Carlos

Enquanto separo os ingredientes para fazer a receita de bolo de minha família, sinto um amargo frio na barriga que percorre a minha cintura e sobe por minha espinha.
Me bate o medo e a incerteza de que vou permanecer vivo até a chegada de um coração compatível para mim.
Respiro fundo e me vejo aos vinte anos quando descobri essa doença maldita.
Foi um susto, não podia fazer nada do que eu gostava, comer, então, ah, isso era torturante.
" Nada de embutidos, nada de doces, evite frituras, coma coisas saudáveis e viva uma vida regrada. Não se cuidar direitinho é a diferença entre viver e morrer com um infarto fulminante ou com o ar lhe faltando."
Naquela época, eu quiz me cuidar para ter a possibilidade de encontrar o cara que eu amava com todo o meu fraco coração.
Segui os conselhos do meu cardiologista à risca e a doença se estabilizou, vivi uma vida normal durante oito anos, até que por ironia do destino o meu coração volta a dar sinais de que vai falhar novamente.
Meu pânico maior é ficar internado em uma UTI de hospital e longe do Vladimir, não, isso não seria maldade demais comigo e com ele.
Olho para os ingredientes separados em cima da mesa e passo a fazer o bolo, penso em Vladimir e na loucura que fizemos antes dele retornar ao hospital.
Enquanto bato as claras em neve, eu vejo, com o movimento circular da batedeira, a clara que é transparente se tornar branca, tão alva como a neve.
O branco, a cor da paz, sorrio e sinto uma paz imensa me invadir.
" Meus sogros vão chegar e eu tenho que estar feliz apesar desta doença, essa maldita que quer me impor a sua ditadura, mas eu vou me cuidar e não vou ceder a ela."
Levo uma de minhas mãos ao peito, enquanto com a outra seguro a batedeira.
" É, meu amigo, você logo será substituído, até lá vamos nos cuidar."
Continuo a juntar os ingredientes na batedeira e me lembro de meus alunos, o Natanael e o Hermes, eles sabem o que querem e o que esperam um do outro, tão diferentes de mim aos dezesseis.
Termino de fazer massa e coloco para assar e me concentro no recheio de frutas.
Experimento o sabor, está muito saboroso, não me empolgo, pois tenho que cuidar desse coração fraco que bate em meu peito.
Deixo o recheio esfriando e faço a cobertura. Termino tudo, espero o bolo assar e dirijo as minhas atenções para o Alisson, que me olha como se estivesse clamando por meus carinhos.
O seguro no colo e sinto uma pontada em meu peito e um pouco de falta de ar.
Olho no relógio, ainda não é hora de tomar os remédios.
Me sento na cadeira da cozinha e busco descansar há alguns anos quando me senti assim eu parei na UTI, e não quero depois de tanto tempo voltar.
Relaxo e acaricio os pelos de Alisson.
E escuto os seus ronronar.
O tempo passou e eu tiro o bolo do forno, espero esfriar, me sento novamente e Alisson sobe no meu colo. Eu sinto que ele sabe os meus medos; por isso, quer estar próximo.
A minha consulta com o Dr Adrian é só na próxima semana e tenho que me manter saudável e tomar o remédio rigorosamente em seu horário.
Minha mente está vazia, não vejo as horas passarem, o bolo esfriou coloco o gato na cadeira ao lado e lavo minhas mãos para rechear e cobrir o bolo.
Em menos de meia hora, eu termino e coloco o bolo na geladeira, resolvo tomar um banho, para receber os meus sogros cheiroso.
Entro no banheiro e tiro as minhas roupas, coloco no cesto de roupas sujas.
Abro o registro do chuveiro e, com a mão, meço a temperatura da água e entro de cabeça.
Deixo por alguns momentos a água cair em meu corpo, é relaxante e deixa a minha mente calma.
A imagem é meu amor e de tudo o que vivemos esses últimos dias vem em minha mente, os beijos ardentes, as mãos bobas, sinto o fogo brotar dentro de mim e meu pênis enrigecer.
O Vladimir não está aqui para nos amarmos e eu sinto meu membro latejar de desejo.
A alternativa que acho é me tocar pensando em Vladimir, preciso apagar esse fogo que do nada invadiu o meu corpo.
Não do nada, não, esse fogo brotou em mim pelo simples fato de pensar em Vladimir.
Eu o amo e grito para quem quiser ouvir, eu quero ser irreverente, quero gritar que eu o amo.
Mas não posso aqui, só temos eu e o Alisson, então seguro a onda e me toco.
Na luta do cinco contra um, eu sussurro o nome do meu amor:
— Vladimir, eu te amo... Vladimir, deixa eu te amar gostoso... Vou desvendar a geografia de seu corpo.
Massageio o meu membro e sinto pegar fogo, intensifico os movimentos sussurrando o nome de Vladimir.
A água cai em meu corpo enquanto me masturbo, sussurrando o nome do Vladimir e, quando eu estou perto de chegar ao ápice do prazer, que eu sozinho me proporciono, eu não me contenho e grito:
— Vladimir, eu te amo!
— Ahhhh!
Sinto o meu prazer e sorrio, foi um momento louco que pensei e executei uma deliciosa massagem pensando em meu amor.
Termino meu banho e me troco, logo meus sogros chegam e eu quero recebê-los com o astral para cima e um sorriso largo nos lábios.

Melhor que antes Where stories live. Discover now