Acordo quase que caindo da cama. Minha cabeça ainda sente algumas latejadas de dor na têmpora. Foco em volta e deparo-me com as paredes de madeira do quarto da cabana. Caralho. Como cheguei até aqui? Lembro-me de estar preso com León, Edgar, Gavin e Nathan no lugar mais sujo que já estive. Aceitamos se juntar à facção dos Foice. E depois...
"Vou liberar um gás que fará vocês dormirem em segundos. Da mesma forma como os trouxemos pra cá, os levaremos também desacordados de volta para... A sua casinha, León"
Foram as palavras do Cozinheiro, aquele filho de uma puta. Ainda nos veremos em breve, segundo o que ele disse. Isso quer dizer que deve fazer algumas horas que meu padrasto, meus amigos e eu saímos daquela sala abandonada. Parece que estou sozinho, mas logo ouço as vozes deles vindo do andar de baixo.
Pulo das cobertas e me apresso em descer. Alcançando a sala de estar, sou encarado por Edgar, Nathan e Gavin com expressões tensas e preocupadas. Aguardo eles falarem, mas nada transcorre daquelas línguas. Então, eu não me permaneço calado.
- Estão todos bem? - pergunto, aflito.
- Mais ou menos - responde Edgar, sentado no sofá com os braços apoiados nas próprias coxas. - Depois dessa, vai ser difícil as coisas serem como antes. Creio eu que merecemos isso, por tudo o que já fizemos.
- Então, isso quer dizer que somos pessoas ruins? - questiona Nathan, com o cenho encrespado.
- Nem bons, nem ruins, somos responsáveis pelo o que escolhemos - defini Gavin, perto da janela, de costas para nós.
- Cadê o León? - indago.
- Lá fora.
Saio para fora ouvindo um som de lâmina acertando madeira e repercutindo pela floresta. Contorno a lateral da cabana e mais adiante avisto León, reluzindo a suor da cabeça à cintura, atingindo o tronco de uma árvore com um machado. Ele está usando apenas uma calça jeans e um par de botas.
Acho que descontar as emoções à flor da pele dessa forma seja uma boa alternativa para extravasar. Podemos usar a madeira para fazer lenha. Acenderíamos fogo na lareira mais de cem vezes. Mas nenhuma das chamas será tão intensa quanto a que o domina nesse momento, percorrendo aqueles músculos rígidos.
- León - chamo-o.
Ele abaixa o machado e se vira devagar para mim. Nossos olhos se fixam um no outro. Muitas coisas há escritas no olhar dele. A principal delas é a culpa.
- Eu acabei com as nossas vidas - lamenta ele, cabisbaixo.
- Para com isso. Ninguém teve culpa de nada. Estamos todos juntos nessa desde o começo - digo, chegando perto dele. Nossas testas se encostam. Minhas mãos tocam o peitoral dele, ficando pegajosas. Posso sentir o coração frenético do meu homem. - Vamos destrui-los até que só reste o último deles.
- Entendeu o que eu quis dizer, não foi? - ele demonstra satisfação em saber disso.
- Naquela hora, sim. Nossos amigos também. Eu te conheço, León. Sempre criando um plano por trás do adversário. Eu teria pensando a mesma coisa. Mas você foi mais rápido.
- Você e eu não teremos paz de agora em diante. Perseguiremos e seremos perseguidos. As autoridades tem uma guerra declarada contra a facção.
- Nesse caso, são duas. O nosso grupo e a Lei tem as mesmas intenções.
Ele afasta um pouco o rosto do meu para me fitar e noto que ele não concorda muito comigo.
- No entanto, eles pretendem fazer isso diferente da gente. Eles vão captura-los. E nós?
- Vamos mata-los - acaba sendo isso por não termos muito o que fazer por eles.
- Exato. Então, acho que não temos o mesmo propósito que eles. Fazemos a nossa justiça.
Ele se desgruda de mim e parece repensar se continua ou não com as machadadas na árvore quase pela metade. Decidido, ele prossegue até que o tronco de tamanho médio pende para o lado e cai, estrondando o solo.
- Se não fosse por esse maldito e breve sequestro, eu estaria um pouco mais feliz em ter que te contar uma coisa - comento.
- O que? - ele apoia o cabo do machado no ombro direito.
- Minha mãe convidou nós dois para irmos jantar na nossa antiga casa hoje à noite.
Uma nova reação submerge na face dele: perplexidade.
- Tá falando sério? Você falou com ela? Como foi?
Resumo para ele os principais pontos do reencontro entre Rose e o único filho que talvez ela o teria perdido. Por hora, tem me feito muito bem ido até o consultório. Já não me sinto tão ruim quanto antes.
- Eu te disse que era só dar um tempo até a poeira baixar - diz ele, presunçoso.
- Você vai? - pergunto, referindo-me ao futuro jantar.
- É claro. Tenho que falar com ela. Tá na hora de eu ser mais honesto com a mulher que machuquei.
- Você vai se sair bem.
Apagando a distância entre nossos lábios, ele me toma naqueles braços em brasa. O beijo é romântico e sedutor, com um gosto agridoce. Invisto mais conforme me derreto em prazer. Minha camisa está ficando suja. Foda-se. Nada disso importa, somente o meu homem. León.
- Puta merda.
Nos separamos imediatamente. Com o coração na mão, viro-me na direção que vieram as palavras. Perto do tronco caído, o filho mais velho de Edgar observa meu padrasto e eu completamente assombrado.
- Gavin! - solto o nome dele.
- Eh... F-foi mal. Eu... Tô atrapalhando. Eu volto depois. Ah...
Ele vai se virando para trás e dá de cara com mais alguém.
- Pai.
- Eu vi - Edgar passa pelo filho e se coloca de braços cruzados e um semblante nada amistoso de frente para León e eu. - Então, foi por isso que você veio pra cá junto com o Anthony.
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Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay)
RomanceMorando em uma cidadezinha do Colorado, Anthony Wilson é um jovem estudante de 18 anos, rebelde, impulsivo e inexperiente, cujo a vida ainda tem muito à lhe ensinar. Sua mãe, Rose, casou-se recentemente com León Pascal, um ex-militar das forças arma...