IV

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Acordo no UTI totalmente bem.
Retirei o cateter do nariz e puxei a minha roupa. Queria olhar meu abdômen. Não havia um arranhão! Nem cicatrizes! Assustei-me ao ver que meu braço totalmente ileso.
Não sou perito em medicina mas acho que não é comum médicos restaurarem braços.
Passo a mão em meu pescoço e sinto uma cordinha, então passo a mão por completo e vejo um cordão. E com um pingente de "cristal" o que era bem estranho. Eu não estava com nenhum cordão. O que está acontecendo.

Um médico entra na sala e, com um sorriso, diz:

-Sr Arthur Walters! Sua família esteve aqui!

-Estiveram...?

Eu estava muito confuso com o ocorrido.

-O que foi que aconteceu comigo? -Pergunto

-Ah, você não sabe? Você foi atropelado por um carro em alta velocidade. Apenas ferimentos leves.
Um Homem alto e com umas roupas estranhas o trouxe aqui!

-Ferimentos leves?

-Sim! Arranhões e pequenas contusões nos ossos. Mas você se recuperou bem rápido!

-Quanto tempo estou aqui? -Pergunto

-Há umas 4 horas. Mas você já está todo curado! Irei ligar para a sua família.
Como está se sentindo?

-Eu não sei... Eu estou normal... Acho!

-Certo -disse o médico anotando algo em uma prancheta. Percebi um pequeno sorriso no canto de sua boca. -Já estou indo... Ah! E apagamos os registros que indicavam álcool no seu sangue. Considere um bônus! -Depois disso ele saiu.

Passou algum tempo, mas minha mãe e meu pai chegaram.
Minha mãe, Edna Walters, foi a primeira a vir me abraçar enquanto eu me sentava no leito.

-Arthur! Eu fiquei tão preocupada! Viu o que dá você ficar saindo por aí! Nunca mais faça isso!

-Tá bom... -Disse.

-Chega! -Disse meu pai, Oliver. -Você só vive dando prejuízo para mim e sua mãe! Toda vez eu digo para colocar limites em você e ela nunca me ouve!

-Oliver têm razão! Você está sendo muito irresponsável. Só pode ser esse negócio de rock!

-Cara, o que isso tem haver...

-Calado! -Disse meu pai- Só não te caio de porrada porque você está assim!

Eles sempre foram assim! Me oprimiam e me colocavam para baixo... Até hoje nunca perceberam minha tristeza em relação a isso!

Passado algum tempo, no mesmo dia, recebi alta. Mas resolvi não falar nada.
Ao chegar em casa, eu fui logo para a cama. Fiquei um tempo observando o cristal. Ele era estranho, e também um pouco desproporcional, mas ao mesmo tempo bonito, ele era azul gelo. Eu acabei ficando com ele...

Escuto três batidas na porta do meu quarto. Digo para quem quer que seja entrar.

-Você só vive se metendo em problemas!

Ao ouvir essa voz, viro-me rapidamente quando vejo Caroline em minha frente.

-Carol... -Sorrio...

Ela estava usando um short jeans preto e uma camisa branca.
Ela se aproximou para me dar um abraço. No abraçamos e ela sentou do meu lado e disse:

-Quando soube, nem acreditei... Eu estava esperando o pior! -Disse ela sorrindo.

-Sabe como é... Dias normais quando se é imortal.

Rimos juntos! Tínhamos essa brincadeira de dizer que nunca irá morrer. Era meio que uma promessa. Desde então começamos a falar que eu era imortal.
Cara, como ela é perfeita. Aqueles olhos claro estavam fixados em mim me deixando envergonhado e dê certo modo feliz.

-Arthur, agora é sério, eu me preocupo com você! Vem cá!-Disse ela me chamando para seu colo.

E eu deitei! Ela era muito carinhosa comigo. E isso às vezes me quebrava! Pois era só uma amizade muito próxima. Mas para confirmar, fiz uma perguntinha básica:

-Você ainda está namorando?

Ela olha para mim, ri, e diz:

-Não! No fim você estava certo! Ele era um idiota.

-Arthur esteva certo outra vez... -Disse com um risinho irônico.

-Já é o ser terceiro acerto... Estou começando a pensar uma coisa...

-O quê? -Perguntei esperançoso .

-Vou começar a pedir para você mesmo escolher meus namorados. -disse ela, e depois começou a rir.

-Nossa... Eu não. -Ri também para disfarçar a tristeza.

-Ah, eu ia me esquecendo! Eu conheci um garoto muito legal! O nome dele é Carlos Diogo! Ele é extremamente bonito!

Caroline podia ser perfeita eu tudo, só não em gostar de homens! Ela só gosta de homens com o físico trabalhado, ou babacas, vulgo turma do Fundão.
Levanto do colo dela e pergunto:

-Não o conheço...

-Mas deveria conhecer! Ele é um amor!

-Você disse isso todas as outras vezes...

Depois de eu dizer isso, ficamos num estranho silêncio até que ela notou:

-Desde quando você usa cordão?

-Agora... Na verdade eu apareci no hospital com esse cordão...

-Parece com o do Carlos.

-Hã?

-O cristal, ele é parecido...

-Talvez os cordões tenham sido comprados no mesmo lugar...

-Hm... Vai tentar a IECHC?

-Acho que não...

-Eu e o Carlos vamos!

-Tem certeza?

-Sim... Afinal, todos da família dele são da ICHC! Ele vai seguir a carreira da família Diogo!

-Entendo...

Conversamos por mais algum tempo até que ela foi embora e eu ficar naquele vazio existencial...
Eu, sinceramente, vejo minhas esperanças morrerem a cada vez que nos falamos...

Humanos de cristalWhere stories live. Discover now