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Segunda feira, 18 de maio

Passei o dia inteiro estudando. Eu estava começando a ficar suado de tanto estudar.

-Arthur, precisamos conversar. -Disse Lisa ao meu lado.

-Sobre? -perguntei

-Yenna L. James. -Disse ela com um olhar sério.

Eu gelei. Essa garota já estava saindo do controle. Será que ela sabia que todos somos humanos de cristal? Eu suei frio.

-Já entendi. Ela também te pediu... Não é? -Disse olhando sério para Lisa que estava sentada à carteira do meu lado.

Ela se virou para mim e disse:

-No dia em que eu cortei o cabelo de novo, ela chegou e me pediu o cristal. Eu recuei na mesma hora. Não sei vocês, mas eu faço de tudo para esconder minha identidade de humana de cristal. Eu tenho medo de alguém descobrir. Tenho medo de lutar com os Militares. Não consigo pensar na ideia de ter alguém dentro do colégio tendo aulas comigo que sabe sobre mim. -Disse ela com a mão no peito.

-Medo? Eu tenho medo da morte... Assim como você. Mas eu não tenho medo de lutar. Quero defender aquilo que acredito. -Disse determinado

-Você e o Richard são loucos. Se você vê que as chances de sucesso são baixas, pra quê você tenta. Vocês são muitos seguros. Isso me irrita um pouco. Mas vocês devem manter cautela! -Disse ela.

-E o que sugere?

-Quero matá-la.

-Você quer o quê? -Perguntei surpreso.

-Não tenho garantias de que ela esteja afiliada à algum ICHC. Mas ela conversa com Carlos e nunca pediu o cristal dele. Ela também é a pessoa que mais faz barulho nas aulas.

-Isso me irrita também. Mas matá-la é mesmo a solução? -Pergunto.

-Creio que não há outra saída. Se ela souber mesmo que somos humanos de cristal, ela vai tentar barganhar om a gente uma hora ou outra.

Percebi que a cautela exagerada de Lisa também lhe ajudava com percepção. Mas eu ainda pretendo ajudá-la com essa insegurança. Abri o jogo.

-Ela tentou barganhar comigo.

Lisa olhou para mim com uma cara de quem estava ao lado de Jesus Cristo em pessoa.

-Sério?

-Sim.

-Ela deu uma data?

-30 de maio.

-Temos que ser rápidos. Bom, você já se meteu em alguns combates. Então temos que fazer isso depois de sexta feira. Que é o dia da prova.

-Então é isso... -Disse olhando para baixo.

-Não sinta receio. Se quisermos viver, devemos sacrificar algumas coisas.

Aceitei. Era um segredo nosso. Eu mataria alguém pela primeira vez na vida. Seria no dia de sábado, 23 de maio.

Na saída do colégio, Lanny veio até mim. Ela me disse que tinha visto Carol no Colégio. E que, provavelmente, alguma coisa grande estaria acontecendo. Ela citou que, talvez a IECHC tentasse tomar conta do nosso colégio. E que isso estava acontecendo em outros colégios também.

-Explica isso daí. -Disse um pouco incrédulo.

-Olha, Arthur, existe um grupo de militares no senado federal. Eles são da ICHC. Eles também são muito próximos do presidente da ICHC.

-E o que isso tem haver com a ICHC querer tranformar todas as escolas em IECHC's?

-É só uma hipótese, se eles tentassem um golpe de Estado, eles tranformariam o Estados Unidos numa mega potência militar. Provavelmente haveriam execuções de humanos de cristal a cada segundo. Acho que teremos que ir embora do país em algum momento.

-Antes que seja tarde. -Disse.

Mais um problema para a coleção.

Terça feira, 19 de maio.

Eu estava perturbado com aquilo tudo acontecendo. Meu amigo sumiu, tem uma pessoa perigosa em minha sala que eu deveria matar, tem um grade perigo de sofrermos um gramde golpe. Eu não estava conseguindo sequer me concentrar. Era muito para mim. Eu apenas queria deixar isso tudo explodir. Mas era tanta coisa. Até sonhei com isso noite passada. Eu temia isso tudo. Hoje eu discuti com meu pai e ele acabou me batendo de novo. Passei a noite chorando. Ele me deixou com o olho roxo. Mas sarou durante a noite. Era muita coisa. E não tinha muito o que eu pudesse fazer. Eu escutava meu pai gritando com a minha mãe enquanto eu estava trancado no quarto. Em determinado momento eu escutei ele se referindo à mim como "Um químico de merda", que era o que eu dizia gostar quando era criança. Acho que ele não sabe o quanto aquilo machucou. A noite de terça foi a que eu mais derramei lágrimas. Parecia que o universo tinha se voltado contra mim novamente. Era tudo uma grande pressão. E meus pais não ajudavam. Pelo contrário, eles fizeram tudo ficar pior.

Quarta Feira, 20 de maio.

Richard

Mais um dia... Me levantei e fui ao banheiro tomar banho, escovar os dentes e fazer a caminhada diária.
Lisa estava dormindo, meus pais também. Então saí em silêncio.

Eu estava com roupas leves, e minha máscara estava escondida. Nunca se sabe. Eu corri alguns metros de casa quando percebi algumas pessoas da ICHC por ali. Um dos rostos eu reconheci na hora, tinha um cabelo degradê, e uma barba. Ele era grande e forte, seu nome era Markus Diogo. Ele era bonito, alguém que eu ficaria. Uma pena ele ser maior de idade e um caçador de humanos de cristal.
Passei direto, não estava muito a fim de encrenca, apesar de que tinha algo muito estranho acontecendo ultimamente. Eu tenho minha cicatriz nas costas por causa de um WhiteVision que queria me recrutar e eu recusei. Ele me espancou até eu desmaiar e me levou a um lugar e tentou fazer eu aceitar de todos os métodos possíveis. Até os mais violentos. E foi assim que fiquei com essa cicatriz. Mas agora, eu já vi esse cara umas 10 vezes. A pior foi durante a luta de Arthur, ele chegou a me ver. Mas não fiz contato visual. Ele agora estava alto e másculo. Literalmente um maromba. Tudo o que eu queria era nunca mais ver esse cara na minha vida.

Fiz a minha caminhada matinal normalmente. Mas percebi algo estranho. Haviam muitas pessoas reunidas em um local. Naturalmente eu fui ver o que era aquela estranha movimentação. Me aproximei e vi um humano de cristal totalmente destruído, morto. Sua perna estava dilacerada, seu peito estava aberto e seu rosto era irreconhecível. As pessoas ficavam olhando de perto. Cheguei perto de um senhor e perguntei o que havia acontecido. Ele respondeu que escutaram um grande barulho vindo daqui, então, quando todos saíram de suas casas para ver o que era, estava esse corpo jogado aí.
Olhei para o cristal. Ele possuia um pouco de energia. O suficiente para aquele corpo já começar a regenerar os ferimentos. Me aproximei mais um pouco. As pessoas me olhavam como se eu fosse alguém importante.

-Vocês já chamaram os militares? -Perguntei esticando os braços.

-Chamamos a Polícia. -Disse um cara de boné.

-Deveriam chamar os militares. A Polícia não pode fazer nada em um caso como esse. -Disse.

Olhei o cadáver mais de perto. Parecia ser de um homem. O mais bizarro eram suas roupas. Haviam várias misturas de tecidos diferentes espalhados. E a roupa do corpo estava um pouco diferente. Tinha alguma coisa estranha. Se essa pessoa morreu. Por que o cristal ainda tem energia? Por que existem vários tipos de tecidos utilizado em roupas espalhados pelo corpo?
Peguei o celular de um dos civis ali e chamei a ICHC. Se eu usasse meu celular, provavelmente salvariam meu número. Não estava a fim de ser rastreado. Então foi o melhor que fiz.

Humanos de cristalOnde histórias criam vida. Descubra agora