Bodyguard of Lies

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Acordo numa cama estranhamente confortável demais. Olho ao redor e vejo várias velas e tecidos feitos provavelmente com peles de animais. Estou dentro de uma barraca, mas parece ser maior porque cortinas bloqueiam o meu espaço do restante. Ainda está de noite e claramente quero dormir mais, meus pés ainda imploram por misericórdia. Mas não sou burra, antes preciso analisar aonde estou.

A última coisa que me lembro é de sairmos e a titia Oc se oferecer para me levar. Provavelmente adormeci em seu colo. Fazia mais de dois dias que não dormia. Me levanto e certifico que minhas botas estão nos meus pés. A minha mochila está apoiada em um tronco onde as velas estão. Empurro o tecido e é exatamente o que previ. Uma barraca gigante e aqui dentro a comandante e Clarke Griffin. Uau, ser líder tem seus privilégios. Isso daqui é tudo menos feio.

_ Maria _ Lexa me cumprimenta.

_ Ei você deveria dormir mais _ a loirinha me repreende, suando bem parecido com a mecânica. Olho ao redor e vejo o "trono" da comandante terrestre, e o mais importante: MUITA comida. Umas bebidas diferentes, frutas e nozes de um jeito que nunca vi, e claro, carne.

_ Posso pegar? _ peço permissão a comandante. Vejo algo diferente: é um triângulo, vermelho e verde, e com mais alguns pedacinhos pretos. Lexa me concede em um aceno e pego um, correndo lá para fora, não dando tempo a ninguém me dizer o que fazer.

Encontro Octávia Blake sentada bem pertinho ao redor de uma fogueira. Me sento ao seu lado e a garota fica em silêncio. Mordo a comida. É estranho e maravilhoso ao mesmo tempo. Se desmonta fácil, é muito líquido e docinho. "Adorei", penso comendo mais.

_ Onde estava quando o míssil caiu? _ a Blake interrompe o silêncio. Meu estômago congela, temendo revelar o segredo das líderes. _ Você estava com Lexa e Clarke? Não estava? _ continuo comendo, ignorando-a totalmente. _ Clarke levou você com ela!? _ acabo me assustando. _ Me desculpa _ percebe meu susto. Ela sabe, ninguém precisou a dizer. Respiro aliviada que não tive que responder nada.

_ Titia Oc _ a chamo. _ A parte verdinha é para comer? _ sorri com a minha pergunta, o que interrompe a atmosfera tensa.

_ Eu acho que não _ responde. Simplesmente jogo o resto no chão, o devolvendo a natureza.

Vejo a Griffin chegando, provavelmente vai se sentar. Não quero me meter no meio da discussão das duas então me despeço.

_ Boa noite titia Oc.

_ Boa noite Maria _ me levanto e passo do lado da loirinha igual um foguete. Ao voltar a barraca, Lexa me pergunta:

_ Já tinha comido uma dessas? _ aceno não, com a minha cautela de sempre. _ Se chama melancia.

_ Tem cara de melancia _ respondo. E realmente, o nome combina.

Espero a comandante sair e como tudo o que tenho direito. Paro de mastigar quando Clarke entra pela porta.

_ Está aproveitando? _ pergunta em um sorriso. Não tenho certeza, mas acho que fiquei vermelha porque a Griffin solta uma risadinha. Quando Lexa entra de volta, dá o mesmo sorriso que a loirinha deu ao me ver comendo. Acabo de engolir o que mastigava.

_ Boa noite titia Clarke _ me despeço. Travo, não sabendo se continuo, mas resolvo: _ Boa noite comandante _ volto ao meu espaço. Não a respeito igual seu povo o faz, mas pelo pouco que sei tenho certeza que é uma líder implacável. E acima de tudo: com sentimentos, por mais que tente esconder. Assim que tiro os pés do chão já sinto um alívio paradisíaco.

Acordo no meio da noite em um susto. Me sento ofegante. Tive um pesadelo... Indra. Ela enfiava uma espada no peito de Raven, assim como Lexa fez com Gustus. Me arrepio ao lembrar do sonho. Até que uma sensação estranha me sobe e um gosto na boca me faz adivinhar o que vem. Tampo meus lábios com as mãos e corro até o lado de fora.

Maria ReyesOnde histórias criam vida. Descubra agora