I'll warn you passed

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Trinta e quatro dias após a guerra em Mount Weather

Hoje Sinclair me colocou para fazer o trabalho duro. Além das ferramentas, me encontro entre várias peças e coisas que podem causar incêndios. Me lembro rapidamente de Raven. Suas partes favoritas são: ter a ideia e executar a ideia. Esse Jeep é uma coisa importante, não só para o uso futuro, mas importante para nós duas. É um projeto que está realizando comigo, do início ao final. Ela e Sinclair estão respeitando meu tempo, mesmo sendo necessidade de todos.

Volto para o quarto com meus braços sujos de preto, inteira suando, e minhas botinhas marrons de terra por ter brincado lá fora. Sei muito bem que Reyes não gosta de quando sujo e não limpo, então entro devagarinho, na intenção de que não me veja. Quando olho para dentro, meus olhinhos procuram pela mecânica. Não a acho de primeira, mas rapidamente a encontro. Está sentada, encolhida no chão, abraçando suas pernas. A garota chora e sei exatamente por que, já que consigo ver uma cordinha escapando de sua mão. A cordinha é do colar que Finn a deu, o que a entreguei a um tempo atrás. Tomo o cuidado de tirar minhas botas e ando devagar até a Reyes. No meio do caminho, ela me nota, tremendo ao levar um susto.

_ Maria _ seca suas lágrimas tentando disfarçar. _ A quanto tempo está aqui? _saco seu joguinho facilmente. Está escondendo sua dor de todos e de mim. Não posso deixar isso acontecer com ela. A mecânica está faz tempos se certificando de que ficarei bem, é a minha vez agora. Em silêncio, me agacho e sinalizo para desdobrar suas pernas, me sentando no seu colo. Deixo as minhas pernas esticadas para o lado, passo meus braços embaixo de seus, enrolando-os na sua coluna em um abraço. Passo minha cabeça em cima de seu ombro e finalmente, sussurro:

_ Chore Raven... _ e a mecânica desaba. Ela envolve seus braços em mim também e chora tanto quanto na hora que ele morreu.

_ Eu o perdi... _ gagueja no meio no choro. Eu apenas fico em silêncio, deixando que despeje sua dor. Passo a mão com carinho nas suas costas, como se isso a acalmasse. Mas não o faz, seus dedos pressionam e esfregam com força minha pele livre de blusa, no pescoço e nos braços. Depois de pouco tempo, o soluço já a acompanha. Quando percebo, lágrimas escorrem de meu rosto também. Por Finn, por Raven ou pela tristeza que se espalha no quarto. Não tenho coragem de verificar, mas acho que quase se engasgou com as próprias lágrimas, que deixam minha camiseta úmida.

No fim, chora tanto que quase adormece em meu abraço. Tenho que levantar e a dar suporte para se deitar na cama. A mecânica apaga facilmente e a cubro com um lençol.

Não quero dormir, mas não posso deixá-la aqui. Após fechar as cortinas, me sento na escrivaninha e ligo o abajur. Cá estou eu, fazendo isso de novo. Dessa vez não o faço por mim, mas por Raven. Sei muito bem que cada um tem seu meio de lidar, então não posso impô-la minhas próprias coisas. Pego mais um papel e o pedaço de madeira tão especial.

Querido titio Finn,

Estou fazendo isso por Rey, mas gostaria de te agradecer pelo lápis de novo.

Ele merece, afinal, foi quem me deu.

Ela está sofrendo muito, mas disso você já sabe.

Olho para Raven na cama, seu rosto está inchado, mas só presenciando para saber o tanto que chorou.

Sinto muito por ter se perdido no caminho, gostaria que as coisas tivessem sido diferentes.

Como diz Raven, todos temos nossos desafios, mas cabe a cada um de nós decidir como vai enfrentá-los. Finn se afogou neles, ficou perdido em um passado que jamais voltará.

Muito obrigada por cuidar de Raven sua vida toda, e falo por mim e por ela quando digo isso.

Se não fosse por ele, nunca estaria aqui agora.

Maria ReyesOnde histórias criam vida. Descubra agora