Not that old demons

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Clarke imobiliza um dos braços de Raven, já que graças a toda a confusão foi deslocado mais cedo. A Griffin também insiste em ver minhas mãos, que para mim podiam passar bem longe de seus olhos malvados de médica. Tem roxos em toda a parte externa, em especial aos ossos. Mas não estão quebrados, segundo ela.

_ Isso vai doer _ a loirinha avisa. Fecho os olhos e sinalizo que estou pronta. Monty coloca um tecido entre meus dentes para que não machuque minha boca e Clarke faz. Sem perceber, meus dedos esquerdos pressionam a superfície da minha outra mão.

_ Ei, calma aí _ o de descendência asiática coloca outro pano entre os dedos e a palma esquerda. A Griffin me lança um olhar de só mais um. Eu concordo e ela faz, raspo minhas pernas umas nas outras.

_ Nós deveríamos flutuar Allie_ gaguejo, irritada. Os outros dão sorrisos com minhas palavras.

A filha da médica também tira a imobilização do meu braço esquerdo, que rezamos para o pouco ainda não cicatrizado, se resolva com o tempo.

Lanço um olhar para Monty, que está sentado do meu lado. "Sinto muito pela sua mãe", digo. Ele me responde: "não é sua culpa". Olho para o Bellamy lá na frente. Quando apoiou Pike estragou a visão que tinha dele. Para mim, Blake era quase um super-herói. Espero que super-heróis saibam se redimir.

Não me sinto a vontade me aproximando de Raven, tenho medo do que acabou de acontecer. Há poucos meses, eu não sequer sonharia com inteligências artificiais. Minhas intenções não duram muito tempo, já que mesmo com dor, a mecânica me puxa com o único braço não imobilizado e me faz deitar sobre seu peito e estende o cobertor que a cobre.

_ Você me prometeu que não ia me deixar _ sussurro, lembrando-me do dia que quase foi morta a espadas. Escuto a mecânica engolir seco.

_ E não deixei _ responde.

_ Deixou sim _ assumo. Raven não foi mais Raven por um dia, e por alguns minutos achei que tinha a perdido. Não a culpo, foi enganada. Mas ainda sim estou com raiva. A única reação da mecânica as minhas palavras é um suspiro e um movimentar dos braços, que me puxa para mais perto.

_ Durma _ tenta usar uma voz maternal, mas soa como uma ordem. _ Deve estar cansada _ e estou. Puxo meus pés para cima do banco, passo meu braço direito em sua cintura e apago.

Acordo com um encostar em minha cabeça. O Sol já nasceu fora do veículo.

_ Vou ter que te soltar por um minutinho, ok? _ escuto. Me solto da mecânica, meio dormente. _ O diário de Bekka _ Reyes folheia um caderninho.

_ Quem é Bekka? _ me sinto meio por fora.

_ A cientista _ a mecânica explica, virando um pouco de lado para que veja também. _ Que criou as duas inteligências artificiais _ e folheia as páginas. Gostaria de poder entender o que está nas páginas, mas sou limitada pelo o que consegui aprender até hoje. A A.I que Clarke carrega é um Drive mental. Se funde com as mentes dos antigos comandantes, para que os atuais consigam se comunicar. _ O diário de Bekka é incrível _ Raven fica empolgada. _ Aos vinte e seis anos encontrou um modo de acessar a mente humana _ nos conta, me fazendo entender o desenho. _ No mesmo ano em que prendeu Alie porque ela dizia que o errado no mundo era "gente demais". Ela tinha vinte e sete anos quando lançaram as bombas _ meu coração se aperta.

_ O que ela escreveu sobre a chama? _ Clarke pergunta lá da frente. Agora que percebo, a Griffin trocou de lugar com a Blake, então provavelmente paramos em algum momento da noite.

_ Alie 2.0 _ Raven conclui. Estão falando sobre chip que a inteligência artificial disse que queria. _ Era um modo de expiar seus pecados. Ela projetou não apenas para acessar a mente humana, para se fundir com ela. Não nos exterminaria porque seria um de nós.

Maria ReyesWhere stories live. Discover now