Bitter Harvest

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Acordo e a mecânica está de pé, surpreendentemente animada.

_ Acordou cedo hoje _ fala em um sorriso. Me assusto com sua disposição, mas aí me lembro que engoliu a tal passagem para a cidade da luz. _ Estou indo para a Enfermaria, vou provar a Abby que estou bem e volto para o trabalho.

_ Ótimo _ digo me levantando. _ Eu vou também.

Já na Enfermaria a doutora Griffin faz vários testes em Raven, vendo se a garota sente alguma coisa.

_ E agora? _ fala, girando de leve o pé da mecânica. _ Alguma coisa?

_ Não _ sorri de cima da maca. _ Tudo ótimo. A dor passou.

_ Sua perna... _ a doutora começa.

_ Ainda não funciona _ Reyes interrompe. _ Eu sei. Só não sinto mais dor _ a médica não parece convencida, mas a mecânica já está colocando seu suporte de volta. É interrompida, Abbigail segura com seu toque maternal o queixo de Raven, colocando uma luzinha em seus olhos.

_ As pupilas não estão dilatas _ a Griffin conclui, o que faz Reyes soltar uma risadinha.

_ Jaha me deu a chave da cidade da luz, Abby, não drogas _ fala como se fosse óbvio.

_ Vamos ver o resultado do exame de sangue _ Abbigail ainda não acredita. Não julgo, eu também não acredito.

_ Pensei que ficaria feliz por mim _ a mecânica se paga de chateada.

_ Eu estou _ a doutora interrompe o drama. _ É só incomum que a dor desapareça rapidamente.

_ Então _ Raven desce da maca. _ Estou liberada?

_ Aparentemente _ conclui. Mas Reyes não se paga por satisfeita e usa seu rostinho sorridente para arrancar algo mais de Abbigail.

_ Fale para Sinclair que eu disse que você pode voltar a trabalhar _ Abby se rende. _ Mas vai ser afastada novamente se eu encontrar algo anormal no resultado.

_ Você não vai _ Raven fala com naturalidade. _ Obrigada doutora _ e começa a caminhar. Fico paralisada, analisando a mecânica indo sem dor alguma. _ Vamos? _ me chama quando percebe que fiquei.

_ Ah... _ gaguejo. _ Tenho uma consulta com doutora Griffin _ invento facilmente.

_ Ok _ nem desconfia. _ Te vejo na Engenharia _ sai em um sorriso. Quando olho para Abbigail, ela nem está confusa, apesar de saber que não há consulta nenhuma. Já sacou meu joguinho.

_ Como está seu braço? _ pergunta, me chamando para mais perto. Vou até a Griffin e quando chego ao lado da maca, ela pega abaixo de meus ombros e me sobe para que me sente.

_ Está doendo, doutora Griffin _ concluo. Estou meio travada, não sei por onde começo. Enquanto Abby procura pelos equipamentos, inicio o que eu quero. _ Jaha me ofereceu também _ a doutora trava, de costas para mim. _ Eu posso aceitar, senhora Griffin?

_ Meu amor _ fala, se virando para mim. _ A dor no seu braço vai passar em dias, não precisa tomar nada.

_ Não estou falando do meu braço, Abby _ e seu rosto passa de ternura para preocupação. Ambas sabemos do que falo, presenciamos a felicidade de Reyes. Querendo ou não, por mais que tenha várias razões para ser uma pessoa sortuda, também perdi muita coisa. E essas coisas doem, doem muito.

_ Pode tomar _ cede. _ Mas não ainda. Quero ter certeza do que é isso _ concordo. _ Não fale para Raven _ congelo. _ Não fale que você quer tomar _ meu rosto pergunta: como assim? _ Ela está cega, cega pela emoção de não sentir mais dor. Se houver perigo, não enxergará _ assinto. Realmente, podem ter mil e uma razões para que aquele pequeno chip seja ruim, mas por enquanto, Reyes não consegue ver. _ Isso é para seu braço _ me entrega um comprimido e um copo d'água. Engulo de uma vez, exatamente como estou acostumada.

Maria ReyesOnde histórias criam vida. Descubra agora