Sic semper tyrannis

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Ok. Maria tem lados e lados, e é isso que vocês vão ver nesse capítulo.

Percebo que tem algo errado só pela posição que Raven está sentada, abraçando suas pernas. O piloto está sentado a dois palmos de distância, na mesma cama. Pelo jeito os dois tiveram tempo de se conhecerem, já que parece estar preocupado. Seus olhos me pedem para assumir a situação. Eu assinto e assim que o magrelo sai, sento-me na borda.

_ Rey... _ sussurro, colocando a mão em seu joelho. Direciona sua atenção, antes para lugar nenhum, agora para mim.

_ Sim.

_ O que aconteceu...? _ pergunto, meio manhosa. Sei que tem alguma coisa e ela sabe exatamente qual é. Sinaliza para que sente ao seu lado e eu faço, abrindo espaço para que se deite em mim.

_ Abby... _ explica. Isso já me é o suficiente, já que tenho uma opinião formada da Griffin. É uma boa pessoa, mas um perigo para Raven Reyes. A médica, por mais que tente, nunca vai amá-la reciprocamente e como merece.

_ Sinto muito _ falo, a envolvendo mais. Ficamos um tempo aqui, até a mecânica interromper.

_ Você deve estar cansada _ se afasta. Sim, estou. Faz dois dias que não durmo, tanto que Luna já apagou faz tempo.

_ Já venho _ aviso, me levantando.

Vou até Echo e esclareço exatamente o que aconteceu. Quando descubro, fico mais que irritada. Abigail enganou Raven para que fizesse a máquina que iria salvar os ex-prisioneiros, que estão doentes. Quando a Reyes descobriu a verdade, a Griffin a TORTUROU para que não estragasse tudo. E o pior: a médica fez tudo isso por drogas. Isso não vai ficar assim.

Acordo e a Reyes continua no mesmo lugar que estava quando dormi. Ao meu lado, assegurando que esteja bem. Só que seu olhar não está direcionado a mim, está olhando ao piloto.

_ Ele é fofo _ sussurro. Ela se assusta e vira-se de volta. Fica meio sem graça, consigo perceber.

_ Echo quer o matar _ fala, bem diretamente. Fico confusa inicialmente, mas as pecinhas se encaixam facilmente. O magrelo pilota a nave e pode lançar os mísseis nos nossos amigos, faz sentido nos livrarmos dele. Mas, pelo pouco que analiso, percebo que se depender dela, ele sobrevive. Garoto sortudo.

Kane vem aqui buscar alguns desertores para sair em exploração do vale. E eu, como não sou boba nem nada, aproveito o momento.

_ Chanceler Kane _ chamo discretamente, acenando que quero conversar. Caminha uns dois passos, até estar todos ouvidos.

_ Maria _ força um sorriso. E é agora que assumo somente a impressão que quero passar, e apenas ela.

_ Se não é pedir muito... será que eu poderia ver Abby? _ peço, meio manhosa. Franze o cenho e fica confuso, mas como não falo mais nada continua.

_ Abby está meio ocupada, está realizando tratamentos _ sussurra.

_ Eu sei _ interrompo, passando a ideia urgência. _ Mas eu meio que PRECISO, ver a doutora Griffin _ uso um tom infantil e assustado. Faço questão de dar espiadas ao redor, certificando-me de que ninguém assiste. Aos poucos, vai entrando no meu jogo e assente.

_ Vou levá-la _ acena para que eu acompanhe.

_ Maria _ Raven chama, ao me ver sair.

_ Está tudo bem _ aviso. _ Kane precisa de minha ajuda com o projeto, volto em alguns minutos _ olho nos olhos de Marcus, mostrando que quero que confirme. E assim o faz. Mal o conheço e o tenho na ponta dos dedos. Hesitante, a mecânica me libera e saímos.

Maria ReyesWhere stories live. Discover now