13. Parte 2

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A fala de Khlaos obriga Ama a olhar a Yívan novamente. Todas as suas roupas eram brancas com tonalidades ínfimas. Hoje ele vestia branco rosado-bege, as amarrações dos tecidos deixavam a mostra seu colo, costas e a movimentação das pernas fazia com que estas fossem expostas também.

― Esse rapaz... Yívan... Ele é de uma linhagem tradicional, exclusiva. Quando ele levara a ti daquela lama, não pensara em sujeira ou quem tu eras como posição social, ele não está olhando para a tua aparência. As coisas que tu falas para ele... Essas coisas que são proibidas por aqui, esses conhecimentos... A maneira como tu o incitas a continuar questionando os modos do Templário, as promessas que tu o fazes... É isso o que ele está reconhecendo como tu. Tua aparência não é, de forma alguma, repugnante. É fácil, dos modos que tu dás a ele, gostar de ti. Qualquer um que não parece encaixar-se nesse mundo perfeitamente é atraído por uma "doida" feito tu que fala o que pensa e é cabulosa, que vem com essas ideias de mudança, independência, essas palavras bonitas e fortes... Cada palavra bonita e sincera que tu mandas a ele é uma perfuração em seu coração que tu não sabes estar fazendo. (madcap-doido)

― Tu estavas escutando conversas? ― Ama pergunta, mas não se exalta.

― Eu estava verificando que tua existência estava assegurada. Não estava no interesse de participar de teus assuntos pessoais. Eu apenas estou tentando informar a ti o que tu fazes na perspectiva externa. Yívan, eu verificara, não possui um sobrenome. Ele é de uma linhagem tão confiante da identidade pessoal, de essencial de cada um, que não carrega segundo nome, tu entendes a isso? Esse rapaz de nome único não dá importância para quem tu és perante o mundo distorcido da sociedade, ele está dando atenção sobre as palavras de tua determinação e o quanto tu estás em deslumbre sobre ele. Eu não sei se tu sabes, mas a maioria das pessoas normais, a partir de uma "declaração", passa a retribuir parte dos instintos de admiração. Pessoas normais gostam da atenção e tratamento especial que lhes é dado e acabavam por ver outro, eventualmente, como especial... Tu o estás induzindo a amar-te.

Ama escutava sem dizer uma palavra. Ele continua.

― Ele possui um voto de castidade – afetiva e intelectual – e a vida dele, na realidade, é uma porcaria. Ele está preso ao Templo e serviço à nobres fúteis, os amigos que tem são somente colegas que são aconselhados a manter a distância um dos outros para que não desenvolvam "sentimentos os quais podem distraí-los de suas responsabilidades sacerdotais". Ele é abençoado, tem uma cabeça boa, mas se ele fosse mais como nós, saberia o quanto é miserável e está a perder seu tempo com os templários como eles são. Ele consegue ter contato com a magia, enquanto todos os outros não, e por isso é usado feito um objeto e manipulado como se fosse alguém menos que medíocre. Isso é insano... Tu não sabes a maneira com a qual tu olhas a ele... Se ele possui coração e sentimentos, está perturbado. Tu... Tu não prestas atenção na maneira com que olha aos outros... Tu não tens indiferença no teu olhar e isso perturba a esse acúmulo miserável de gente que está habituado à indiferença. Tu não sabes o quanto um olhar é tão perfurante quanto um encantamento. Tu olhas a eles como se fossem humanos iguais, próximos a ti, como irmãos e amores perdidos e encontrados... Eles sentem a isso... Tu não sabes e é revoltante... Tu ficas falando e olhando para as pessoas como se elas estivessem a participar e serem algo especial... Tu não tens ideia...

― Cacete, hoje tu estás chato, hein? ― Ama corta o pesaroso de Khlaos ― Tu ficas falando essas coisas, mas teus cabelos e pele continuam dourados.

A realidade não se sentia especial. Khlaos cala a boca instantaneamente.

― Eu vou continuar tratando a esta vida como especial... Eu continuarei falando o que me vem à mente, não esperarei que minhas ideias me engasguem. Eu continuarei olhando aos outros expressivamente. Eu continuarei acreditando que magia é especial e que ela existe, continuarei transmitindo isso em mim... Não é algo que posso discutir. Minha mente é o que me mantém viva, eu não recuarei. Se eu recuar, eu não sou mais digna de existir. Se eu não viver minha vida como se ela fosse especial ao menos para mim, eu não tenho motivos para continuar aqui... E é isso que eu estou fazendo.

EsperanczAWhere stories live. Discover now