CAPÍTULO 8. Banquete

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Ama aguarda Yívan sentada em um banco dos corredores abertos. Os passantes comentam sobre si, alguns são até mesmo amistosos, perguntando como ela se sentia. Ela se sentia no mundo da lua pelos instantes que se passava, havia tanto desconhecido ao seu redor que não podia focar a mente em apenas um ponto. Enternecedor vago e incondicionalmente total como a palavra magia, a significar tanto e informar tão pouco. Sentia como mágica, mesmo acima de sua dor.

― Melhor, obrigada. ― apenas não pode sorrir facilmente em razão dos machucados. Eles estavam impressionados por sua condição física, não estavam preocupados com seu bem-estar realmente. Ama relevava e mostrava a eles que bem estava, apesar de ainda não poder fazer tanto com o corpo.

― O que aconteceu com teus sapatos? ― alguém questiona olhando para seus pés fazendo contorno das gravuras do piso com seus dedos.

― Eu esqueci de calçar.

Sua mente está fértil para fantasias sobre magia. Não passara por seus comuns pensamentos que sequer tinhas sapatos que não os de trabalho, os quais certamente também haviam sido lavados por Yívan.

Quando vê a Yívan, fazendo a última curva do mais distante corredor, integrando parte, mais uma vez, de seu quadro artístico, Khlaos, vindo de um corredor paralelo e mais próximo também faz a mesma curva. Ama acha curiosa a coincidência até deduzir que, na realidade, Khlaos estava espionando a Yívan e tivera sua oportunidade de aparecer em um desvio paralelo apenas agora.

Ama pensa que em seu colo há um estilingue invisível, inspirada pelo mundo desconhecido da magia e a frustração em ter Khlaos agindo como um perseguidor pequeno por velha vez. Ela, em direção a ele e sua máscara, toma o estilingue inexistente, posiciona um fragmento de pedregulho em energia, estira, mira e esta mira o persegue em movimento. Ele percebe o gesto que se passava e, uma vez que ninguém poderia ver seu rosto, ele posiciona a mão no peito e muda a postura como se estivesse ofendido. Quando ela larga o elástico do estilingue imaginário, ao invés de ser indiferente, Khlaos age como se houvesse sido atingido. Ele desejara ter um pouco de leveza também.

― Rude. ― ele comenta com uma voz afetada e balança a mão frente ao corpo coberto como uma madame fresca ― Onde está o respeito pelo espaço pessoal desta juventude de hoje? Não respeitam à hierarquia?

― No dia que o humano puder exigir respeito por espaço pessoal, ele também deve aprender a respeitar o meio ambiente do qual vive. A natureza está acima de nós, os deuses administram a magia e nós devíamos apenas cuidar do local mágico onde vivemos? Rude, minha senhora? Tu não achas esse couro nas tuas roupas insolente e a casa sendo construída ao redor do desmatamento que tu tratas como uma propriedade e merecimento inato, rude? O humano é tão ruim que não sabe produzir enfeite sem destruir a obra de arte natural, hm?

― Insolente retrógrada! ― Khlaos ironiza com tom agudo. Ele sussurra com sua voz normal ― Isso é couro falso, aliás. E eu não tenho casa, sou um mendigo que está acima da pirâmide social praticamente.

Khlaos havia entrado no conforto de conversar com a pobre sentada. Suas roupas também pareciam fora de lugar, vestiam as mesmas negras que lhe cobriam ao todo.

― Criminosos estão acimas de mendigos?

― Nesse sistema de valores, sim. Mecenas ― sua maneira de falar mercenário em eufemismo ― movem a economia. Mendigo só existe no urbano e é considerado mais feiura na cidade, o resto é só o cidadão da natureza.

O diálogo que se segue é sussurrado, patético o quão óbvios eram.

― Tu estavas perseguindo Yívan?

EsperanczAWhere stories live. Discover now