1. Parte 2

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Eles caminham pelo tapete estendido pelos servos, tomando extremo cuidado para que a terra não toque suas vestimentas, não verdadeiramente a levavam a sério, sabiam que ela estava submetida à realidade que criaram eles. Ela e os servos cruzam os olhos por diversos segundos, contrário ao tratamento que oferecera ao sacerdócio, ela sussurra para eles: "Convocação". Os olhos de diversas cores a observam desistentes, a pele, da negra à mais branca, era maltratada pela exposição contínua da servidão e podia-se ver claramente a diferença entre os trabalhadores e a elite tão bem conservada, tão belos em seus tratamentos de beleza e boas roupas, criando um padrão de beleza luxuoso impossível aos humildes cujos nem podiam cuidar da pele ressecada e calejada a ponto de perder parte da sensibilidade. Ama observa até que eles saiam em suas carruagens de adornos nobres, chicoteiam ao cavalo e ele anda rumo ao horizonte para retornar à Pólis em seus tecidos e tranças brancas.

Quando os falsos religiosos desaparecem na linha do céu para com a terra, seu coração adquire maior paz. Ela permanece parada, enxada na mão e queixo recostado na ponta do cabo sentindo a madeira silenciosa, o vento e cheiros naturais do campo, o som que realizava a lavoura quando era atravessada pela corrente de ar e os pássaros sempre a visitar o local. Não haviam outros animais no local que não os cães de focinho azul a vermelho, que estavam sempre a indicar a temperatura à medida de sua agitação e coloração. O dia presente era morno, terno, os cães estavam a brincar à distância e ela vagarosamente realiza que, após a passagem dos próprios criadores da etiqueta e falso puritanismo, poderia baixar a parte superior do macacão de trabalho.

Originalmente era de seu pai, logo tornava-se grande em excesso para si, sendo amarrado na cintura pelas mesmas fitas ciganas a dar-lhe cor. Finca a enxada no chão e passa os braços para retirar a roupagem e amarrá-la a seu arredor novamente, a pele castanha sólida era apresentada nos músculos salientes dos braços revelados, os ombros possuíam hematomas antigos de carregar peso e o peito estava vestido apenas por uma surrada blusa azul perdendo cor, uma vez que se tratava de um trapo costurado do que já fora um vestido no passado. O vestido, anteriormente, combinava com seus olhos, os seus e de uma minoria étnica perdida, pois os lavradores dos cabelos cacheados, pele castanha e olhos azuis – meros trabalhadores sem ascensão – havia criado a tendência duvidosa de parar de se reproduzir e morrer cedo há algumas gerações.

As duas mangas da pesada roupagem, que também é usada para o frio, são amarradas no quadril para não atrapalharem. Os músculos de uma vida de trabalho de Ama seriam mais proeminentes caso sua alimentação fosse mais completa, mas ainda assim os braços e abdômen exibiam a saúde mínima, certamente pela juventude. Era mais fácil ter um corpo equilibrado sendo um jovem-adulto que alguém de meia idade na lavoura por cinco décadas. Futuramente, caso não mudasse de vida e chegasse a tal idade avançada, o sofrer e degradação de sua integridade física custariam caro. Pensava frequentemente nisso, a ação do tempo sobre si na realidade a qual se encontrava, mas tudo mudara a partir daquele momento.

Chegara o Equinócio.

Ela vai até as Esperanczas que estavam murchando, levando, junto com a enxada, as cestas equilibradas na vara para primeiro colhê-las, as quais comeria. Após fazer a recolhida do que viria a estragar, caminhara por toda a lavoura para retirar parasitas. Vez em quando o chapéu de palha voava de sua cabeça e ela fazia pulos engraçados para conseguir pegá-lo antes que caísse, apenas um capricho que a fazia rir, tendo de juntar os cabelos nos ombros novamente e coloca-los dentro do chapéu, arrumando vez ou outra as fitas de tal maneira que as pontas caíssem de uma maneira que ela gostasse.

Aquelas terras eram calmas, ao menos tinha esta segurança. Não havia nada a roubar ou quem comprar, logo comerciantes não surgiam do nada e tampouco mercenários, o mesmo para a nobreza, a qual queria apenas aos produtos, mas não viver a nada de sua produção. Os céus eram azuis durante os dias e no pôr do sol auroras sempre surgiam, o céu estrelado era impagável e, caso se fizesse silêncio o bastante, poderia se ouvir o canto das criaturas mágicas nas terras outras. Vivia-se em um lugar que temor e sonhos eram instigados simultaneamente.

EsperanczATahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon