CAPÍTULO 10. Tumba

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― Pela magia... Terminaram de destruir ao teu corpo... ― Khlaos avalia. Quando ele tenta tocar ao pescoço de Ama, ela se afasta em um susto suspirado. As articulações das mãos e pés estavam inchadas e a pele estava sem cor. Sangue descia do topo do crânio, os olhos não focavam em um ponto e a coluna não apresentava consistência postural. Tinha a expressão de uma pessoa torturada que não tivera a oportunidade de recuperar-se, sem pausas. ― Eu avisei... Eu avisei a ti que isso ocorreria...

Khlaos entra em um vórtice a procura de uma resolução mental. ― Eu sabia que isso iria acontecer e ainda assim... Ainda assim eu tentei respeitar o teu espaço, ser alguém insignificante dentre tua independência... A não ser que alguém seja um titã divino, é impossível atravessar essa estrutura vindo da camada mais baixa e vulnerável... Não importa o quão forte tu sejas, ainda estás submetida ao fracasso...

Ama balança a cabeça para significar um "não". Seu corpo, costumeiramente sendo tão potencializado, estava silencioso. Quando ela sinalizada ao "não", dizia também: "tudo bem". Coloca cada articulação inchada a apoiar-se e, empurrando a Khlaos para trás, levanta-se.

― Isso é impossível, Ama... Eles não dão espaço para recuperação. Tu podes sair daqui com traumas. Essa situação irá cavar o teu espírito através do corpo e eles não precisam de anos, basta uma semana... Um dia... Basta um dia para que eles possam levar-te ao extremo. ― Khlaos pega-a pelo braço para impedi-la, mas uma vez que não pode, levanta ao braço e coloca em seu ombro, dividindo o peso da outra.

"Anos de trauma adquirido por solidão, única comunicação sendo a magia averbal, e trabalho exaustivo.", Ama pensa. Nada muda que não por reinvindicação após a violação da dignidade.

Ele a leva para a passagem principal mais uma vez. A primeira noite iria cair, Khlaos deixa-se alerta.

― Eles virão não só atrás de mim, como de ti. Tu ainda não viste aos piores ainda... Os assassinos verdadeiros... Os nobres carreiristas que levam a isso a sério como a vida... Juntos assim, não há sobrevivência... ― Khlaos pondera enquanto deixa aos dois em movimento constante ― Eu preciso esconder a ti... Ainda não acabei o que viera fazer e já será noite. Eles virão atrás de nós e isso apenas só é vantajoso se eu estiver só... Não há como caminhar a metade desta distância antes que os ataques comecem. Como eles estão perdidos nos becos, sem dúvida virão logo ao caminho principal. Tu entendes o que eu estou dizendo?

Ama murmura uma confirmação como resposta. Ela havia caído uma duna alta antes do início das tumbas das Reainas passadas. As atuais não eram mais enterradas ali, contudo as mais ancestrais lá estavam em suas lápides de reis e rainhas provisórios a dividir espaço, contra as expectativas, democrático e unido.

― Estas foram algumas gerações bem humildes de Reainas. Estátuas, inscrições e uma cova relativamente simples. Como cada um deles morrera através de duelos contra as criaturas mágicas, não morreram com o título de glória, mas respeito pacato para os perdedores nobres. Diz-se que perderam lutando pela proteção da humanidade, em razão disso ainda lhes era oferecido esses lugares. ― ele explica enquanto passam pelo cemitério desértico. Movimento sempre constante para que ninguém viesse de encontro com eles.

Eles tinham seus símbolos geracionais a serem representados nos adornos das lápides. Alguns tinham estátuas suas e outros, talvez aqueles que tenham reinado pouco, tinham canteiros de flores artificiais com uma única placa de mármore fazendo descrição. Haviam construído uma cidade ao redor do cemitério. Eventualmente, a cidade também morrera. Diversas covas tinham passagens subterrâneas, então não era possível deduzir sobre a ostentação de sua estrutura dedicada à importância do cadáver ali posicionado.

― O cemitério, na verdade, está por todo lugar. Essas estruturas foram as que sobraram, no geral, castelos e casarões foram construídos em cima dos corpos dos nobres do passado que ajudaram a construir a Polis, pois "eles eram ao reino não-mágico, logo queriam que as estruturas e as pessoas fossem os próprios". É ancestral demais para ser entendido... Acho que nem existe uma profundidade absurda para ser entendida... É um bando de velharia ideológica que já fora esquecida por repetição... Séculos e séculos imutáveis... Lugar detestável...

EsperanczAWhere stories live. Discover now