8. Parte 2

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― Tu acabaste de confrontar uma filha de nobres a frente não estando em condições. Eu não soubera como reagir ou o que pensar, eles tentaram falar rudemente contigo confiantes por tua condição física? ― Hunus divaga ― Esse é um lugar bonito, não é?

― Sim... Quanto mais fraca eu estou, mais confortáveis eles se sentem, mas tudo bem... Acho que estou vivendo alguns lapsos de memória em razão das concussões, também sou afligida com picos bipolares de sensação de poder absoluto e dor pungente. Isso quando não me esqueço do que fiz assim que fiz... ― a informação era séria, contudo, ao fim, Ama libera uma risada dolorida. ― Sim... É um lugar muito bonito e surpreendemente... vazio. De muitas formas...

Hunus se torna silenciosa. Os ferimentos de Ama eram difíceis de serem olhados, embora parecessem melhores.

― Há menos pessoas aqui. ― Ama conclui depois de pouco pensamento, sua intenção era voltar o diálogo à casualidade superficial dos eventos.

― Ah... Eles já começaram. Fomos enviados para instalações grupais. Eu estou em um quarto cheio de garotas ricas, lá dentro mesmo elas... ― sente-se hesitante em falar ― Começaram a fazer competições com o intuito de eliminarem-se... Eles já se estão eliminando informalmente dentre si, pelo visto os nobres e abastados não vieram para cá todos em pleno acordo.

― Que tipo de competições no quarto?

A pergunta de Ama deixa Hunus paralisada por alguns segundos.

― Eu não permanecera tanto tempo para verificar, mas... ― ela faz uma pequena pausa para dar atenção aos seus arredores ― Tortura. Não grandes torturas, claro, mas ainda assim... Provas de resistência que elas chamam de "inicialização", como tentar enforcar uma à outra, buscar a pele por baixo da unha com uma agulha, puxar os fios de pelo e cabelo vagarosamente para levantar a pele e rasgar... Tortura sem motivo nenhum e, de certa forma, consensual até o ponto em que uma teria de sofrer as consequências, também junto a um tipo de série de maneiras de infligir dor como crianças sem disciplina. Isso enquanto dão a desculpa de estarem fazendo jogos de inteligência que decidem aquela da qual esse tipo de coisa é aplicado... Eu tive de sair de lá, elas estavam planejando aplicar punições àquelas que resistissem, como desistência e marcação na próxima "guerrilha" e pregar peças em autoridades à risca. Eu não consegui deixar minhas coisas e fui embora, não acho que seja seguro ficar lá... Talvez eu saia daquelas instalações e fique em outro lugar mesmo, nem que seja alugado ao lado dos Coliseus...

Hunus tinha um bonito vestido verde musgo em seu corpo, mas, olhando para suas pernas, ela ainda vestia as mesmas calças e botas de mais cedo, contrastando com a roupa formal. Em sua cintura estava amarrado seu casaco que, quando abotoado, era sua forte camisa básica. Dentre suas pernas, sua instrumentação.

― Filhas de ricos que aspiram a nobreza do Equinócio fazendo isso? ― Ama questiona, impressionada, olhando as faces maquiadas e belamente vestidas sentadas em suas mesas grupais. Na de Ama e Hunus haviam apenas as duas.

― Sim. Devem haver feito mais coisas, contudo eu não queria ficar lá para ver. Sinceramente, eles falam tanto de outras pessoas, mas, quando sós e detentores de algum poder – autoestima, dinheiro e egocentrismo velado –, são os piores seres humanos, imagino que muito piores que as pessoas que eles dizem viver na selvageria. Muito deles nem deseja estar aqui realmente, vieram por causa do que idealizam que seja a abertura dos portões para a escolha "dos mais fortes", pressão social sobre a significância de valor e ganância. Aqui eles são permitidos a mostrar quem são e o interior da cabeça dessas pessoas acaba se mostrando... Eles carregam, exclusivamente, respostas decoradas e sonhos ingênuos de grandeza e pouco senso para realidade que não é a própria... Não consegui ficar lá, é angustiante... Aquelas pessoas abastadas de tanta vida e possibilidade ainda assim massificadas acham que possuem relevância para fazer e dizer o que quer que desejem e ter influência sobre o ambiente ao seu redor... Eles não tomam o compromisso por nada... Esse é um evento tão grande e ninguém parece tomar responsabilidade por nada... A maneira que eles preferem, nesta instituição informal de comportamento, é a desistência e a concessão à fraqueza.

EsperanczAWhere stories live. Discover now