CAPÍTULO 14. Inconsciente

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"Pensar em magia é uma revolução, magia desregrada, sem nomes prévios, impossível de rotular, não importa quantos estejam envolvidos. Se é apenas um a acreditar, a revolução continua. Eu tenho sido rebelde há um tempo. Todos a desejam, poucos a arriscam na crença não conformista, quase nenhum transmite verbalmente sobre isso arriscando a cabeça. É uma revolução, uma agulha pode perfurar a barreira estrutural por pressão. Eu sou a agulha. Eu tenho de ser a agulha, minúscula, insignificante, afiada, pungente... Uma agulha."

Um passante não quisera por simples circundar a Ama, ele tivera de bater no cabo da lâmina cravada, movendo-a e arrancando dela um som esganiçado para tirar-lhe da dormência que a imagem de Yívan proporcionava-lhe. Ela não tem a força para olhar quem fora, não se importava a esta medida.

Ama dá passos quebrados. A realidade havia sido dobrada para que chegassem ali imperceptíveis, as rápidas ações que ocorreram não permitiram que ela tanto pensasse. Agora ela levava seu tempo sentindo a prisão do próprio corpo. Ela não pede por ajuda, não foca em reclamar de uma perfuração que poderia ser vista por todo e qualquer um.

― "Há mais ídolos que realidades no mundo", está escrito em Crepúsculo dos Ídolos, um livro surrado lá da biblioteca dos aprendizes. Uma declaração de guerra, o materialismo e doutrinações de falso perspectivismo estavam sendo confrontados em uma única frase destacada por um dos aprendizes desta Instituição que, para marcar a esta passagem, precisara que alguém dissesse primeiro o que ele gostaria de pensar. É como se, quem marcara esta frase, estivesse em êxtase tal qual o meu, é sobre as nossas morais equivocadas. Há mais ídolos usados por nós para suportar e enfeitar vida que realidade de fato. Tudo... Toda conceituação humana é um ídolo que montamos para nós. Ídolos irrealísticos, desenvolvidos para mascarar o que não somos e sensacionalizar o que somos... Essa pessoa a marcar esta frase estava fervorosa em escutar de outro o que sua alma já dizia... ― ela passa a caminhar por aquele corredor luxuoso, observando-o em sua perturbação, Yívan a persegue duplamente mais perturbado ― Porque esta Acrópole humanitária está cheia de Ídolos que não representam a realidade... Confunde os sensos dos animais e eles passam a achar que não são um... Animais rebaixados à meras técnicas que se acham cultas... O que fizeram com o instinto de filosofia neste lugar? Transformaram em escola de pensamento inquestionáveis e públicas para que qualquer um institucionalizasse a própria estupidez? Eles não sabem mais o que é silêncio... Não sabem, por isso são institucionalizados, pois silêncio para eles tonara-se a situação que ocorre quando ninguém está falando... Aqui está barulhento, barulhento demais para minha cabeça interiorana... Eu imploro... Eu imploro... Estes ídolos estão pressionando a realidade, não a complementando...

― Pare de falar, tu estás delirando... Não percebe o que se passa com teu corpo... ― ele tenta pará-la. A solidão e choque fazia a isto com Ama, ela passava a comportar-se mais ativamente, acelerar os pensamentos e forçar ainda mais os músculos. Ela havia desenvolvido um mecanismo de defesa para deixar-se viva e estava a demonstrá-lo. Quando ela passava a falar daquela forma, estava fugindo do nível de morte que se passava.

― Quanto tempo os dias têm durado? ― ela para. O sangue escorrendo do ombro e mão sujavam o chão e as paredes. Os passantes olhavam-na com asco, vindos vez em quando.

Yívan finalmente vê-se confrontado em pensar nas passagens de horas dos dias. Não havia se seguido perfeitamente, pareciam haver sido muitos, tempos curtos e tempos longos demais. Não sabia mais, contudo estava a contar com as marcações de seu calendário pessoal, o qual sequer lembrava quando havia marcado, mas lá estava, então despreocupava-se com a contagem do tempo. Ama sentia-se real para Yívan, mas o tempo não. Havia o ignorado.

― Nestes tempos, liberdade verdadeira significa capacidade de lutar. Apenas a capacidade de lutar é liberdade. Nós limitamos nossa capacidade de lutar e ter campo de luta, então sufocamos a liberdade. Não simplesmente lutar, mas lutar pelo valor. Não pode ser por qualquer coisa, mas pela verdade. Lutar pela liberdade. Ser a luta, o contato, a vivacidade, sentir o ambiente. Liberdade é ter força contra a impotência, é leva-la a seus limites e não tu próprio cercar-se com uma ideia dele. Magia... Magia é o símbolo da liberdade... Traído... Traído... Magia é força, poder, capacidade, talento, alma, é poder se insinuar de vivo antes do nascimento e depois de morto. Aventuras apenas existem quando a liberdade está em jogo e o limite a ser empurrado para o infinito, expandido como o universo. Liberdade não é brincar com as próprias delimitações que a espécie criara. Isso não é liberdade real... Isto não é aventura... Eu preciso perfurar a isto para ver a liberdade. ― Ama caminha, mas a realidade não se dobra na virada do corredor, ela continua no mesmo lugar. ― Eles não gostam de mim porque eu não sou a imagem e escultura de um de seus ídolos. Eu sou um pedaço ruim de realidade, daquele que dizem que se é difícil de amar.

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