10. Parte 2

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Ser príncipe nada significava que não ter um alvo em si. Ser uma criança privilegiada na educação não queria dizer que ele se daria bem com a estrutura forçada goela a baixo. Ele seria destruído caso ficasse no sistema, acabaria morto assim como todo filho de Reainas que não fosse mais forte que todos. Ele era uma criança, não queria aquilo e tampouco achava nobre correr o risco de morrer por uma coroa que não queria. Caso ele ali ficasse, morreria nas mãos do sistema que o colocara em um pedestal. Ele não perdoava a base ou o topo, estavam ambos perdidos. Anos se passaram e ele resolvera voltar para fazer de outros o alvo, ele havia mudado de ideia quanto a distância, além de estar ali para ver a lápide dos pais que o negligenciaram um e depois o outro. Havia provado suas capacidades no passado e aprendido de sua forma, ele não fora ao mundo como um príncipe, mas como alguém que precisava aprender outra seção de vida real. Aprendia algo que lhe fosse útil ou real ou morria, diferente dos mitos da nobreza. Fazer ou morrer.

Ele não se deixa enganar pelas mãos em seu corpo como poderia. Khlaos entra na cova antes dela e usa do abraço para coloca-la em pé no espaço.

Ela encolhe-se quando sente os pés dentro da cova e sente-se tentada a olhar para baixo, uma vez que sua superfície era estranha. Khlaos vive empasses, pois não sabe de onde vinha tanta vulnerabilidade de quem havia acabado de usar uma espada enferrujada para perfurar o corpo de alguém. Ele rapidamente pensara na possibilidade mais clara: Sua mente estava escurecida e ela não era alguém que vivia as oportunidades da fraqueza. Parecia errado, ele não gostava dessa versão dela.

Quando Khlaos tenta deitá-la, ela não consegue permitir da maneira mais simples, os olhos arregalados e vermelhos não pareciam bem. Ele não podia medir a proporção da dor que ela sentia uma vez que Ama estava acostumada a vagar em seus pés mesmo na dissolução de sua integridade. O inchaço não parecia bom e o corpo parecia tremer de frio. Mesmos os músculos de anos dela pareciam estar murchos devido as pancadas horrendas que levaram, como se a surra houvesse arrancado parte de seu peso. Ela resiste deitar sem que estivesse sequer consciente disso. Caso duvidasse, ela estaria a viver lapsos de memória claras novamente, assim como quando fora cuidada por Yívan, todos resultados das pancadas na cabeça.

Khlaos agradecera que ela não escutara nada sobre a proposta. Ela não precisava saber. Se havia ouvido, não tinha forças para questionar ainda.

Ele a vira para a parede, recostando-a como um saco que tinha a seus olhos abertos, mas não reproduzia vida corretamente. Ele retira a seu casaco pesado e joga as armas no chão, algumas já estavam perdidas em combates. Khlaos senta primeiro na cova na direção de quem deveria ficar e coloca seu casaco ao lado. Ama percebe algo enquanto ele estende as mãos para que ela venha deitar no lugar mórbido junto a ele. Ele percebe. O lugar era forrado por Desesperanczas.

― Tua linhagem de conhecimento hereditário já sabia disto. Não existe "Escolhido", apenas a tumba dele. Não há nenhum resto humano aqui que já não tenha desaparecido há muito tempo, assim como é todo o resto da superfície da terra. Essa história é um mito para crianças que gostam de crer em privilégio caído do céu, a figura do governante que instalou Equinócio já não existe. Não aja com surpresa. Tu vais entrar nessa tumba sim ou não?

Não que ela quisesse ir até ele, contudo suas juntas desistiam de estar na posição e buscaram o apoio dele. Ele a recebe com um abraço cuidadoso para deitá-la ao seu lado. Não havia espaço, então ele se contorcera para o lado e a parte superior assim que a colocara lá.

― Esse casaco é teu. Nem eu esperava essa frente fria. ― ele avisa, usando o casaco para envolve-la.

Quando ele insinua que irá levantar, Ama pega-o pelos cabelos que caíam. Eles estavam vermelhos berrantes, fora da paleta de cores do humano médio. Ela não pode, mas Khlaos sente que o espírito inconsciente dela ria da cara dele. Ama, já delirante, não queria ser deixada só.

EsperanczAOnde histórias criam vida. Descubra agora