8. Parte 5

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Ama tinha um prato e colher de madeira cheio de batatas cozidas à sua frente, comia feliz as porções generosíssimas. Hunus estava a acostumar-se com o ambiente ainda, a cozinha era um lugar rústico e pouco caprichoso comparado ao grande salão, amontoado de tarefas e de cheiros furiosos que cruzavam uns aos outros, muitas funções e instrumentos tremendos, um lugar pequeno para o trabalho de tantas pessoas. Não precisava ser bonito ou confortável uma vez que nenhum dos nobres frequentava o lugar. Os trabalhadores rodeavam Ama e consequentemente passaram a paparicar Hunus como uma visitante.

Era a primeira vez que os cozinheiros recebiam alguém do Florilégio dialogando com os mesmos de maneira nivelada. Ama havia chegado tratando-os com o máximo de seu respeito e diálogo próximo, perguntando como estavam e se poderiam dividir um pouco comida com elas. Eles se prontificaram a oferecer comida e dar boas porções, sorrindo pela reverência e reconhecimento que não esperavam receber. Ofereceram assento na mesa principal, onde faziam a maior parte de suas tarefas e comiam todos juntos, conversando após o dia exaustivo. Os eventos de grande festividade do reino não eram felizes a eles, quando se acumulavam mais trabalho e o mesmo pagamento mínimo, o qual não contava com peso e horas extras.

― Senhora? ― Ama pergunta com a boca cheia de batata e temperos de verdura.

― Coma devagar, menina. Ó, céus, como teu rosto terminara dessa forma? ― a senhora, líder da cozinha, a aconselhava.

― Eu desafiei o Clérigo, eles isolaram todos os humildes e fizeram com que eles lutassem contra si, então eu me inscrevi para todas as categorias e chamei a ele para um duelo. Eu venci. ― ela gesticula a sua frente alguns socos e volta a comer.

Fora apenas ela oferecer essa informação que Ama caíra na graça deles. Eles eram religiosos, queriam crer no sacerdócio, contudo até eles, que trabalhavam próximos a estes nobres e pessoas de cargos altos, não acreditavam que ele, o Clérigo, era a pessoa mais adequada. Como também acreditavam que aquele círculo estava abençoado e vigiado pelos deuses, tinham felicidade em recebe-la, alguém que havia provado seu merecimento e alguém que se parecia mais com eles que os nobres a desviar o rosto enquanto eles os serviam e limpavam suas sujeiras.

― Como fora? ― outro senhor veterano pergunta, curioso.

― Fora feio..., muito feio, fora turvado. ― explica Ama ― Porém o justo prevaleceu. Futuramente o senhor poderá assistir, então eu vou cuidar para que seja mais bonito e eu possa dar uma boa impressão aos senhores.

― Mas teu corpo não está machucado?

― Irá sarar.

Ama coloca mais uma colherada cheia na boca.

― Aquele prato de Esperanczas... O que é aquilo? ― ela é bem mais gentil enquanto fala com os cozinheiros ― Vocês provaram aquilo?

― Não somos permitidos, apenas seguimos as instruções tradicionais das Reainas, a maioria de nós cozinhara Esperanczas a vida inteira, mas conhecemos apenas o cheiro, a aparência... Nada mais que isso... ― a senhora traz a panela de batatas, oferecendo mais a Hunus, que recusa, e a Ama, que aceita.

Ama já esperava a resposta decepcionante, mas não fala nada bruto a eles.

― Sou eu que as cultivo. Não é uma boa receita, eu preciso informar aos senhores. Do jeito que ela é plantada e colhida... É a maneira pura. ― ela informa.

Novamente, ela cai na graça alheia.

― Como é seu campo?! Como é seu campo? ― perguntam, animados.

― Parece um sonho quando está silencioso e solitário... Quando as flores já se abriram e o grão-fruto atinge a altura máxima... Parece um sonho dissociado às vezes, é um lugar muito bonito, é a pintura mais lindamente feita pelos céus... Lá, você é capaz de sentir a magia fluindo como um animal na natureza... Aqui é como um pesadelo que precisa dividir espaço com um sonho. ― ela tem uma realização e procura algo no interior da roupa, retirando alguns grãos do vestido ― "Tudo é um sonho quando não pode ser chamado de pesadelo", havia este quadro bordado na minha casa. Essas aqui são sementes de Esperancza, não possuem impostos sobre elas, cresceram na floresta contorcida ao lado do campo. Os senhores querem? Eu só preciso ficar com um, ainda há nas minhas coisas... E na floresta, onde eu sei que posso encontrar mais. Esses aqui já estão preparados para plantio, então é só colocar na terra, esqueci nesse vestido e acabei trazendo sem perceber.

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