9. Parte 2

4 3 0
                                    

Ama possuía algumas frutas cítricas, então elas poderiam sanar um pouco a ausência da água. No geral, precisava concluir a caminhada em um dia ou o corpo talvez não conseguisse chegar ao final.

Quanto mais renovava suas motivações mentalmente, mais sentia os ossos e músculos. Repetira os mantras para continuar caminhando até que as pernas cedessem contra sua vontade e caíssem de joelhos. Era patético o quanto estava fragilizada e era informada dentre pontadas que não poderia seguir.

Tantos eram os sinais físicos de sua incapacidade e desolamento emocional que, no instante em que parara e refletira sobre sua estagnação, fora achada pelas vozes perdidas. O escudo em seu peito fora perfeito, pois a dona da nova voz chegara chutando o peito de Ama, arremessando-a para traz.

A agressora berra com a dor do impacto e chama a seus subordinados. Chutara metal. A respiração de Ama era curta devido o impacto e o cansaço. Eles foram diretos e tomaram de Ama a trouxa com suas frutas, arrancando sua manta para ver ao vestido e o escudo amarrado no torso.

― É a lavradora de Esperancza. ― dizem quando veem a seu vestido da noite anterior e arrancam seu elmo, mostrando os cabelos curtos típicos da classe baixa. Rezavam lendas sociais que os mais ricos tinham cabelos maiores para propositalmente diferenciar-se na aparência dos mais pobres que precisavam fugir de piolhos e condições ruins de higiene. Era um símbolo de vaidade forte ter a condição de cuidar dos cabelos para deixa-los com um bom cheiro e não fazer nenhuma atividade que ter algo pendendo atrapalhasse. Ama trabalhava todos os dias como a condenada que era, ter muito cabelo e pouco recurso era o mesmo que pedir para feder e ter problemas com a aparência mais que o necessário. Poucos falavam disso até se confrontarem: Pessoas fediam. Cabelos fedem e as roupas que se usa também. Cheirar bem era um luxo, ela havia percebido quando fora limpa por Yívan e após muito tempo descobrira que o cheiro bom que a seguia estava em si.

Ricos vestiam muitas camadas de roupas e estas tinham toda uma maneira específica de limpeza e seus produtos. Ela não, então sequer tivera a oportunidade de aprender a cultura. Eles ostentavam seus cabelos e roupas de combate cheia de enfeites de difícil técnica e compreensão. Quando eles a pegaram pelos cabelos bagunçados e breves, a primeira coisa que disseram fora:

― Eu pensava que a haviam limpado antes do banquete, mas ela já está fedendo de novo. Já não bastava estar horrenda...

Sua força de vontade para lutar contra eles desfalece um pouco. Na floresta haviam várias plantas de bom odor que colocava pelo corpo e casa, mas não havia nenhuma delas por ali. Ela achava seus pais bonitos, então, por mais que não tivesse grande opinião sobre si, filho de pessoas bonitas há de ser bonito também. Pensa nisso porque o corpo não queria estar naquela realidade, então pega um tópico incoerente para pensar na situação. Eles, que pouco se machucavam e tanto tratamento tinham, não estavam habituados a ver ferimentos, cicatrizes e hematomas tão feitos e duradouros, mas para Ama era normal, mais um fardo de ser humano.

Eles a arrastam para fora do caminho principal. Suas pernas não conseguem ser fortes o bastante para erguer-se, então eles a levam facilmente pelos fios de cabelo.

Levam-na para dentro de um quadrado de pedra, o que no passado poderia ser um cômodo de uma família ou uma biblioteca de intelectuais antepassados. Um lugar obsoleto. Havia uma corda presa em uma barra de metal que saía da pedra e nela, uma corda de forca preparada previamente. O objetivo era torturar a ela, mas tanto os agressores quanto Ama não conseguiam pensar nisso. Eles começaram a rir da aparência de Ama, fora de foco.

― Que vestido é esse... meu deus...

― Os sapatos devem haver sido roubados.

― A manta é de servo, o escudo e elmo foram achados no chão, com certeza.

EsperanczAWhere stories live. Discover now