CAPÍTULO 5. Triagem dos Tolos

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Antes de conhecer seus lugares no Coliseu dos Nobres - o maior e central - haveria de se passar pelo pagamento do imposto. Uma larga mesa esperava aos que gostariam de lugares no Coliseu do Florilégio em seus sacos e mais sacos de ouro sendo levados e tragos vazios mais uma vez. Aos abastados o imposto nada era, aos de classe intermediária comerciante bastava umas economias que se iniciavam desde o nascimento de um indivíduo – a poupança do Florilégio –, o problema chegava no ponto mais frágil da corda. Os trabalhadores braçais olhavam-se regularmente para verificar se alguém desistiria e iniciaria a minúscula onda de evasão.

Hunus as haviam posicionado em uma das cinco filas da entrada Sul e aguardava que esta fosse adiante. Ama não reproduzia o comportamento completo da classe mais baixa, mas todas as vezes que levantava o olhar para longe da amiga poderia encontrar olhos nervosos ou ocos. Eles não sentiam que aquele era seu lugar, Ama era indiferente. Percebendo o padrão dos vestidos com simplicidade, passa a olhá-los quando a primeira desistência ocorre quando o jovem trabalhador vira a expressão do cobrador de imposto.

Ninguém entendera a nada, o trabalhador e cobrador haviam cruzado olhos, o primeiro começara a chorar alto e repentinamente saíra. Os nobres e burgueses continuavam insensíveis a qualquer modificação do ambiente, eles consideravam aquela fila uma grande perda de tempo e desrespeito para com vossas pessoas.

O choro repentino do trabalhador havia desestabilizado aos mais pobres presentes grandemente, sua saída súbita fora acompanhada de passos hesitantes na mesma direção. Alguns tinham a mão trêmula na boca como sinal ansioso do desejo de sair dali. Caso um trabalhador começasse a chorar, o que se tornara frequente como um vírus que se espalhara, o nobre de roupas ostensivas próximo a ele abria um sorriso constrangido e penoso e olhava aos outros presentes.

Entendia o que se passava de sua forma. "E se nada funcionar? Eu teria para onde ir? Não existem muitas opções para alguém como eu... E lá sei eu alguma coisa sobre isto? Minha vida estaria acabada? Mais acabada do que já se encontra? Quem terá piedade da minha alma? Eu não deveria estar aqui, não possuo chance contra essas pessoas e a realidade. Eu irei morrer miserável, se fosse para ser dessa forma, preferia haver nascido um animal de trabalho escravo que não tem consciência de si mesmo que humano. Nada importa, nascer como uma planta haveria sido melhor. Eles irão destruir a mim. Eu nunca deveria haver saído de minhas tarefas para vir aqui, devia haver me comportado como alguém que se coloca no seu lugar, sido egoísta e cuidado de mim mesmo... Eu não preciso desta humilhação a mais, prefiro morrer, eu realmente não preciso desta mais... Magia não existe para alguém como eu... Não existe. Eu sou descendente dos desgraçados sem magia, o legado maldito está em minhas costas... Magia pode existir, mas não para mim. Aqui eu só terminarei de matar-me da pior forma."

Eram diversas as idades dos trabalhadores no local, desde adolescentes até senhores de meia idade, os jovens ainda continham a semente da mudança a custos desconhecidos, os mais velhos já ponderavam mais, certamente haviam estudado e treinado a sós quando ninguém olhava e sentiam que poderiam conseguir um espaço mesmo que por sorte – como eventos como Equinócio vinham de pelo menos de vinte em vinte anos, não era possível escolher a idade ideal para aplicar. Podiam não conseguir ser o vencedor no Equinócio, mas sonhavam com Solstícios, queriam ser heróis saídos da miséria mesmo que por planos passageiros onde veriam a parte mais abastada do mundo o qual estavam excluídos. Queriam um vislumbre final, era o mínimo. Se não fossem iluminados igualmente, que ao menos estivessem em uma posição que recebessem um pouco mais de luz. Uma vez que não possuíam larga educação, poderiam tentar o entretenimento ou conseguir conexões que os ajudariam a serem retirados da situação precária para uma menos pior. Poderiam ser transferidos para serem trabalhadores do palácio e isto era o máximo de ascensão que pensavam. Deviam chegar longe o bastante ao menos para isto.

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