Aliança improvável

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No dia seguinte, enquanto Hermione arrumava sua coisas e desocupava o quarto para Emília Bulstrode, Malfoy desceu até as masmorras.

Sentou-se em um sofá no salão comunal da Sonserina e ficou olhando para a escada que levava aos dormitórios, esperando.

Logo aqueles inconfundíveis cabelos loiros apareceram no topo da escada. Daphne Greegrass desceu as escadas com tanta elegancia que parecia ter flutuado pelos degraus.

—Bom dia, Draco. Faz tempo que não te vejo por aqui. — disse ela, se aproximando. Ele levantou de onde estava e a cumprimentou com um abraço.

—Bom dia, Daphne. Como está? — sentaram-se lado a lado no sofá onde ele estava sentaddo segundos atrás.

—Estou ótima. E sua namorada? — perguntou ela, com um pouco de acidez. Malfoy a escarou sério.

—Pode me contar o que aconteceu? — perguntou.

—Ela não contou? — perguntou a garota, com um sorriso de lado. Malfoy bufou. — Tudo bem. Eu conto. — disse ela, se espreguiçando, jogando os braços pra frente e estralando os dedos. Sentou-se mais de lado no sofá, virando-se para encarar o amigo. — Primeiro de tudo, sua namorada é muito esquisita. — disse ela.

—Hermione está passando por um momento difícil. — disse ele, e Daphne fez uma careta de desgosto ao escutar o nome da garota.

—Certo. — disse ela, respirando fundo e desfazendo a careta. —Bom, talvez eu devesse começar pelo fato de que não é a primeira vez que eu vejo ela perambulando por aí, de modo muito suspeito. Mas vamos lá. Ontem eu estava na beira do lago, indo até o carvalho pegar um pedaço da casca. — ela ia dizendo e Malfoy abriu um sorriso.

—Ainda toma essa poção? — perguntou, achando graça. Daphne não conteve um risinho.

—Todo maldito mês. A cara de irritação da minha mãe é impagável. — respondeu ela, com o mesmo tom de divertimento. — Enfim. Eu estava indo até lá para pegar um pedaço da casca. E vi uma pessoa caminhando na beira do lago. — disse, voltando a ficar séria. — Sua namorada vestia apenas as roupas de baixo, e ela pulou no lago. — disse ela. Malfoy puxou ar com espanto, sua boca formando um 'o'. — Você sabe que tem cerca de trinta centímetros de neve lá fora, não é? Está tipo, uns dois graus abaixo de zero na rua. Uma boa parte do lago estava congelada. E ela nem pareceu hesitar. Só foi caminhando, e quando chegou na beirada, puf, pulou.

—Por isso ela estava com a sua capa. — disse ele, tentando assimilar as informações.

—Eu tirei ela da água inconsciente. Estava azul, quase congelada. Levei para a estufa, sequei e a vesti. Ainda tive que caminhar um pouco pelo pátio procurando por possíveis roupas que ela tivesse jogado por aí.

—Eu não entendo, por que ela faria algo assim. Será que ela estava tentando tirar a própria vida? — perguntou retoricamente, sem conseguir focar a visão em nada específico. Sentia um gosto amargo na boca.

—Eu não sei o que se passa na cabeça dela, sinceramente. Acho que ela precisa de ajuda psicológica. — disse Daphne, pondo a mão no ombro de Malfoy. Ele conseguiu finalmente voltar sua atenção para o rosto de Daphne. Encarou-a por alguns instantes.

—Ela vai vir pra cá. Você precisa me ajudar a cuidar dela. — disse ele. Como se tivesse tomado um choque, ela puxou o mão do ombro dele e piscou algumas vezes.

—O que uqer dizer com "ela vai vir pra cá"?

—McGonagall disse que agora Hermione tem que dormir no dormitório da Sonserina. Ela não é mais monitora, por que era monitora da Grifinória. E agora que não é mais da grifinória, também não é mais monitora. Isso significa que ela não pode mais dormir no salão dos monitores. Agora tem que dormir no dormitório comum da casa. — disse ele.— Você precisa me ajudar. — disse ele, arregalando os olhos.

—Ajudar como? — perguntou exasperada.

—Tem umas garotas ameaçando Hermione. Já até bateram nela, mas ela não quis me dizer quem foi. Você precisa me ajudar a descobrir quem foi. E impedir que acontecça novamente. — suplicou.

Daphne levantou-se irritada do sofá.

—Por Merlin, Draco! Agora você quer que eu vire babá da sua namorada? Nem pensar! — disse com tom de voz alterado, sapateando em volta do tapete.

—Daphne, vcê é a única pessoa que pode me ajudar. Só faltam mais seis meses. Em seis meses você estará livre de nós dois. Por favor. — pediu ele, acompanhando-a com o olhar, enquanto ela caminhava pelo salão comunal.

—Certo, Draco. Mas não me pede mais nada o resto da sua vida. E você vai me dar dez galeões por que quero comprar um vestido novo. — disse ela, com os braços cruzados, parecendo extremamente irritada. Ele soltou os ombros em sinal de alívio, levantou-se com um sorriso e deu um abraço nela.

—Muito obrigado, solzinho. — disse ele, em referência ao apelido de infância da amiga. Deu-lhe um beijo na bochecha.

Ela afastou-se dele com violência, com uma cara de nojo indescritível. Censurou-o com o olhar.

—Me chame assim novamente e será preciso de uma equipe de dez homens para raspar seus restos da parede.

Ele deu uma risada descontraída.

—Sempre adorável. — disse ele.

Em outra parte do castelo, Hermione terminara de empacotar suas coisas. Deu uma última olhada no quarto antes de sair. Estava com raiva. Esse era o melhor quarto que poderia ter. E agora teria que viver nas masmorras.

Suspirou antes de sair da torre onde ficava o salão comunal dos monitores chefe.

Ia caminhando com alguns livros nos braços. Os quadros das paredes cochichavam entre si enquanto ela passava, encarando-a com estranheza.

Seus olhos verdes brilhavam com tristeza morna. Os cabelos dourados estavam presos num coque bagunçado no topo de sua cabeça.

Quando chegava aos andares inferiores, passando pelas intermináveis escadas, uma garota surgiu por trás de uma tapeçaria. Era Daphne Greengrass.

—Boa tarde, Granger. — disse cordial.

—Boa tarde, Greengrass. — respondeu.

—Me siga por aqui. É uma passagem secreta para seu novo quarto. Que no caso, também é meu quarto. — disse e se enfiou de volta para trás da tapeçaria.

Hermione já tinha aprendido que quando a coisa é muito estranha e misteriosa, o melhor que pode fazer é manter a boca fechada e não fazer perguntas. Seguiu a garota.

Uma interminável escada de pedras, muito parecida com a de seu antigo quarto. Hermione se perguntou quantos quartos do castelo tinham passagens secretas também. E se perguntou se seu antigo quarto, no dormitória da Grifinória, também tinha uma, e ela nunca descobriu.

—Como sabe que eu fui designada para seu quarto? — perguntou Hermione, depois de alguns minutos de caminhada, cortando aquele silêncio denso.

—Fui eu quem pedi para McGonagall. — disse Daphne, quase dando de ombros. Hermione tentou conter a curiosidade na voz ao perguntar:

—Mas por que?

Daphne virou-se para trás impaciente.

—Mas será, por Merlin, que você não consegue conter suas perguntas e apenas agradecer? — perguntou, com irritação. Hermione encolheu os ombros. Daphne suspirou. — Tudo bem. Eu estou fazendo isso por que eu sei que você está sendo ameaçada por uma meia dúzia de garotas mentalmente incapacitadas da sonserina, cujas sempre tiveram o sonho de beijar seu namorado porém nunca conseguiram. — disse ela. Hermione sentiu náusea. — E eu lembro como minha irmã também sofreu nas mãos delas. Já que seremos obrigadas a compartilhar Draco Malfoy, então que pelo menos você também esteja inteira. Por que o mau humor dele é insuportável. Agora vamos.

o Leão e a CobraWhere stories live. Discover now