Betsy

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Hermione saiu pela porta principal do castelo e levou um susto. Estava nevando. Malfoy a alcançou.

—Hermione, você está bem? — tocou ombro dela chamando sua atenção.

—Está frio.— ela disse, sentindo o corpo começar a tremer.

—Semana que vem é natal. — ele respondeu. Tirou sua capa e colocou por cima dos ombros dela, que vestia apenas o suéter.

—Eu não tenho pra onde ir. — disse e ergueu os olhos para ele. — Pela primeira vez eu não tenho meus pais ou meus amigos no natal. — sentiu vontade de chorar novamente.

—Você tem a mim. E eu tenho a você. Nosso natal será especial, eu prometo.

Entraram no castelo novamente para que não ficassem doentes. Voltaram para o salão comunal dos monitores chefe. 

—Fico com aquela sensação de ter passado maior parte do tempo dentro da ala hospitalar, ou do hospital. — disse Hermione, sentando-se no sofá. Malfoy soltou uma risada. 

—Vou ter que cuidar melhor de você quando voltarmos das férias de fim de ano. Não quero que tenha que ver um médico nunca outra vez. 

—Hogsmeade amanhã? —ela convidou.

—Com certeza. — ele afirmou num sorriso. Deram um beijo rápido e cada um foi para seu quarto. 

Mas Hermione não conseguiu dormir. Lembrou-se da passagem secreta que levava até o pátio. Era uma escada que ficava atrás de um fundo falso no seu armário. Levou alguns bons minutos caminhando até la. 

Estava muito frio na rua, mas ele queria sair mesmo assim. Estava se sentindo sufocada, Era ruim ter que mudar de casa. Mas não é como se ela quisesse voltar para a Grifinória. Não, de forma alguma. Estava realmente se sentindo em casa na Sonserina. 

Embora ainda não tivesse, de fato, ido até a sala comunal da sonserina ainda, muito menos conhecido os dormitórios. 

E ela não podia negar que essa perspectiva a assustava um pouco pois não sabia como seria recebida. 

Já havia sido hostilizada por um grupo de sonserinas que ela nem sequer conhecia. 

Ela passou muito tempo caminhando pelo pátio. Seu corpo tremia violentamente a cada passo, e ela estava coberta apenas por uma camisola fina. 

Visitou a cabana do Hagrid — somente a parte de fora, visitou a floresta, o campo de treinamento de quadribol, a orla do lago, e até o corujal. Subiu as escadas até o topo daquela torre, que se erguia do chão meio torta. 

Ficou olhando para a escuridão do horizonte. Algumas estrelas brilhavam no céu extremamente escuro. Hermione sentia muito frio, mas não queria voltar para dentro do castelo. Olhava fixamente num ponto distante quando alguma coisa tocou seu braço. Ela olhou para o lado e era um coruja laranja muito pequena. Ela levantou a mão para que a coruja se posicionasse sobre ela. 

—Você me lembra alguém. — ela disse para a coruja. Espremeu os olhos. —Ah, de fato. Você se parece com Bichento. Sabe-se la o que aconteceu com aquele gato, faz anos que não o vejo. — disse Hermione para a coruja, que estava sentada na palma de sua mão como se fosse um ninho. — Você tem dono? Ou acabou de nascer e ainda não tem ninguém? — ela perguntou, erguendo a outra mão para fazer carinho naquela ave minúscula. A coruja apenas se remexeu, como se estivesse tentando se ajeitar, e esfregou a cabeça pelo dedo de Hermione. —Tudo bem, você é minha agora. Betsy. 

De repente, surgindo pelo final da escada caracol, uma enorme sombra assustou Hermione. 

—Achei que fosse você. — disse a voz tão conhecida para ela, e seus ombros então tensionados se soltaram. Era Hagrid. 

Ele tirou seu enorme casaco de pele e colocou por cima dos ombros de Hermione. 

—Está congelando. Por que está aqui? Eu vi alguém rondando minha casa e segui para ver quem era. 

—Eu estava sufocada. Tinha que sair de dentro do castelo.

—Vamos até minha casa. Eu faço um chá. — disse ele, puxando Hermione pelos ombros em direção à escada. 

Caminharam pelo pátio gelado até a cabana na orla da floresta. Hagrid acendeu a lareira assim que chegaram. Hermione sentou-se em uma cadeira. Canino deitado num canto da casa nem deu atenção. 

—Você está passando por um ano sifícil, não é? — ele puxou assunto, colocando uma chaleira em cima do fogão à lenha. 

—Harry e Rony me maltrataram de uma forma que eu jamais imaginei que seriam capazes. — disse ela, muito magoada, se encolhendo dentro do enorme casaco que Hagrid a havia emprestado. 

—Eles estão confusos. Dê tempo a eles. — disse Hagrid, tentando acalmar os ânimos. Hermione fungou irritada. 

—Confusos ou não, sempre estive do lado deles. O mínimo que podiam fazer era ficar do meu lado tambem.

Hagrid sorriu docemente para ela, oferecendo um prato com biscoitos. 

—Você está tão linda, Hermione. Eu tenho muito orgulho de você. 

O coração de Hermione se aqueceu com ternura. 

—Obrigada, Hagrid. Tudo tem sido tão esquisito esse ano... 

—Tudo acontece do jeito que tem que acontecer. E você está se saindo muito bem, Hermione. 

Ela bocejou. Estava muito cansada. 

—Hora de dormir. — disse ele. Ela concordou. 

Hagrid a acompanhou até a porta do castelo. Já era madrugada, todos estavam dormindo. Ela subiu as interminaveis escadas, passou pelos intermináveis corredores abarrotados de quadros que se mexiam e apontavam para ela quando ela passava. E o sono que sentia só fazia parecer que o trajeto era mais longo. 

Chegou finalmente no seu salão comunal. Reparou que a corujinha estava em seu ombro. Sorriu. Colocou-a em cima da mesa. 

—Amanhã eu compro uma casinha para você. — disse para a coruja pouco antes de se deitar em sua cama. Dormiu quase instantanemente. 

o Leão e a CobraWo Geschichten leben. Entdecke jetzt