Agonia sufocante

168 15 0
                                    


Hermione não perguntou do que se tratava até chegarem no escritório da professora McGonagall. Atravessaram a passagem da coruja, subiram a escada caracol e logo estavam as duas acamodadas nas cadeiras que ficavam em volta da mesa. 

—Eu ia deixar para tratar deste assunto com você só depois os feriados, tanto de Natal quando de ano novo, mas preferi não adiar o inevitável. — disse ela, cruzando os braços por cima da mesa de madeira escura. Hermione cruzou as pernas e permaneceu em silêncio, esperando que ela continuasse. —O ministério me mandou uma carta. Agora que você não é mais da Grifinória, você deixou de ser a monitora da Grifinória. E como a Sonserina já tem monitores, e monitor chefe... 

—Eu estou fora. — completou Hermione, sem conseguir conter seu estado de desapontamento. 

—Sim. Não eram essas as palavras que eu usaria, mas é basicamente isso. — disse McGonagall. 

—Onde eu vou dormir? — Hermione tombou a cabeça pro lado. — Pois acredito eu que agora que não sou mais monitora chefe, o salão de monitores-chefe não é mais para o meu bico. E antes de ser do salão dos monitores, eu dormia na Grifinória. Mas agora também não sou mais Grifinória. — ia dizendo muito rápido, onforme ia chegando à conclusão que não queria chegar, sua respiração ia ficando mais acelerada, E Minerva não dizia nada. Hermione chegaria lá, e ela não precisaria abrir a boca. —Isso quer dizer que agora que não sou da Grifinória e nem da monitoria... Eu vou ter que... — Hermione foi parando de falar aos poucos. Olhou em volta. OLhou para MInerva. — Não... 

Minerva soltou o ar, desviou os olhos pela sala sem ter algum lugar para de fato olhar. 

—Minerva. Não. — disse Hermione. Seus olhos brilhavam de um misto de coisas. Pavor. Ansiedade. Incerteza. — Me diz que não. 

—Não tenho outra alternativa, Hermione. Eu sinto muito. Mas você vai ter que ir para o domitório feminino da Sonserina. 

—Pelo menos já sabem quem vão colocar no meu lugar? — perugntou ela, como se a ideia de ter alguma garota dormindo a alguns metros do quarto de Malfoy fosse a coisa mais torturante de toda essa situação. 

—Emilia Bulstrode foi indicada pelo ministério, devido suas notas nos últimos exames. — disse Minerva. Hermione apertou a beirada da cadeira com força. Lembrava-se de Emília.

A primeira vez que a vira, tinha onze ou doze anos de idade, e Emilia era uma garota gorducha e esquisita. Mas a puberdade fez bem a ela. Estava incrívelmente bonita, alta, e com suas curvas nos pontos mais ideias impossível. 

Hermione conteve uma careta de desgosto, para que Minerva não percebesse que esse era seu maior problema no momento. 

—Quando tenho que me mudar? — perguntou por fim. 

—Segunda feira pela manhã. 

Hermione assentiu com a cabeça e saiu da sala da diretora. Sentiu um amargo na boca. Seu único conforto no meio de toda essa palhaçada era que tinha seus momentos a sós com Malfoy, literalmente moravam juntos. E agora, tinha perdido até isso. Tinha que passar por todo o processo dessa mudança estúpida e ainda teria que ir morar no covil. 

Seria um prato cheio para aquelas garotas que já a odiavam. Não conseguia nem pensar em todas as piadinhas que escutaria. Todas as provocações. Ela perderia a cabeça, com certeza. Acabaria sendo expulsa, e jamais encontraria um emprego decente. Teria que viver no mundo trouxa o resto de sua vida, levando uma vida ordinária meia boca, morando sozinha numa casa de três cômodos, vestindo terninhos e predendo o cabelo em um coque sem graça, usando sapatos oxford com saltos baixos e passar o dia separando paéis. 

Desesperou-se com essa previsão de seu futuro: uma vida meia boca longe de seus amigos pois ela seria chata e entediante demais, por que havia sido expulsa do colégio. 

Estava sentindo-se sufocada, precisava de ar. Precisava respirar. Atirou seu casaco pelo meio do caminho. Continuou caminhando, cada vez mais rápido. Se desfez de seu cachecol e dexou-o para trás, caído nas escadas. 

Tudo fazia sentir que estava escaldante. Precisava de ar. Precisava se livrar de suas roupas. Atitou seu suéter para trás em quanto corria em direção ao pátio da torre do relógio. 

Suas botas foram arremessadas longe, enquanto ela estava em uma escada movediça. 

Precisava respirar. 

Sentou-se ao lado da fonte no pátio da torre do relógio. Tudo estava vazio. Ninguém no pátio. Quase sete horas da noite. O céu estava malhado de rosa, roxo e um azul muito escuro. Ela tirou sua meia calça e a deixou na beirada da fonte. Seguiu andando, com os pés descalços na neve, mas ainda se sentia sufocada. 

Era como se nenhum oxigênio do mundo fosse suficiente. Passou pela ponte, indo em direção ao jardim. Desceu a pequena clina com os pés descalços pela grama lamacenta. 

Em um puxão, arrebentou o botão de sua saia, que ficara atirada na grama. Seguia caminhando pelo breu em direção ao lago negro. Ninguém estava no jardim uma hora dessa. Provavelmente já estavam todos se acomodando nas mesas do grande salão, esperando o jantar. Mas ela estava ali, caminhando semi nua pelo pátio. Sentia uma agonia crescente no seu interior. 

Arrancou a blusa pela cabeça ao mesmo momento que chegava na beira do lago. E então ela pulou. 

Sentiu o choque do seu corpo contra a água glada. Tudo era escuro. Sentiu seu corpo enrijecer e começar a afundar. Virou o rosto pra cima, virou uma luz fora da água, e uma silhueta se movendo, mas ela não conseguiu manter seus olhos abertos. Logo estava inconsciente. 

Acordou tremendo, sem saber quanto tempo havia se passado. Olhou em volta, estava na estufa. Tinha um lampião aceso em cima da mesa, perto de onde ela mesma estava deitada, coberta com uma capa. 

Tentou levantar-se mas sua cabeça latejou. Se corpo parecia toneladas mais pesado. 

—Sua tonta. Faça isso novamente e eu a deixarei congelar até a morte. — disse uma voz que Hermione conhecia. Seguiu com o olhoar para o lugar de onde vinha o som. Enxergou aqueles cabelos loiros. Sentiu o estômago embrulhar. Não sabia por que ela estava fazendo isso, mas não perguntou. Era demasiado estranho. 

—Obrigada, Daphne. 

—Conte a alguém que eu te salvei e eu mesma mato você. 

o Leão e a CobraWhere stories live. Discover now