o Leão e a Cobra

Segredo

Sábado enfim chegou. Hermione arrumou-se e foi ao encontro de Gina. 

—Vamos à Hogsmeade? 

—Vamos! Vou chamar Luna. — disse calçando suas botas. 

—Chame mesmo! Vamos fazer o dia das garotas. — disse Hermione, um tanto quanto enigmática, de frente para a prateleira de livros da Gina. 

Hermione realmente não entendia por que Gina tinha tantos livros, se não lia nada. Aliás, lia somente livros sobre Quadribol.

—Ta bom. — respondeu Gina, somente. 

Terminando de se arrumar, as meninas desceram as escadas e foram em direção ao grande salão, onde Luna provavelmente estaria. O inverno estava iniciando. A brisa gelada de uma corrente de ar qualquer fez os pelinhos do pescoço de Hermione arrepiarem. 

Logo saíram pelas enormes portas de madeira. O tempo estava horroroso, nublado e com previsão de chuva. Caminharam até Hogsmeade, onde decidiram tomar um café. 

Luna pediu um chocolate quente, Gina pediu um expresso, e Hermione pediu um Whisky de Fogo. As garotas estranharam, se entreolharam mas não falaram nada. Hermione sempre pedia o mesmo capuccino com chantili e canela.

O sino da porta anunciou a entrada de mais alguém no loca, que já estava abarrotado de gente. Draco Malfoy e todo time de Quadribol da Sonserina acabara de chegar, ainda com seus uniformes. 

—Vamos na Dedos de Mel comprar uns doces? — convidou Gina, depois do último gole em seu expresso. 

—Vão indo, meninas. Já vou daqui a pouco. — disse Hermione, olhando pra outra mesa. Gina franziu o cenho, mas Luna apenas de de ombro e se levantou. Antes da porta fechar, puderam ver Hermione beber seu Whisky num gole e levantar-se também. 

—O que será que ela vai aprontar? — Gina perguntou para Luna, já na calçada. 

—Diamantes são encontrados no meio da lama. — disse Luna, olhando para uma florzinha no chão. Gina não entendeu, mas deixou por isso mesmo. 

—Vamos na Dedos de Mel? 

—Vamos. — Luna abriu um sorriso. 

As duas caminharam até a loja de doces mais famosa entre os jovens. Como sempre, a loja estava cheia. 

—Vou querer algumas tortinhas. — disse Luna no balcão. — De abóbora, por favor. 

—E eu quero sapos de chocolate e uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores. — Gina completou o pedido. 

Com seus pacotinhos de doce, as meninas saíram da loja. Caminhavam até um banco quando Luna perguntou à Gina:

—Como está seu namoro com Blásio? 

Gina tossiu, engasgada com um feijãozinho. A pergunta lhe pegara de surpresa. Após se recompor, respondeu. 

—Não estamos namorando. A gente é amigo, mas amigos que trocam beijos eventualmente. 

—Ah, entendi. — Luna deu uma risada divertida — Não seria o primeiro amigo que você beija. 

Gina ficou da cor de seus cabelos. Sentaram-se em um banco. 

—Éramos crianças. Eu nem sabia o que estava fazendo. — Luna riu novamente. 

—Eu vou guardar seu segredo, Gina. — disse Luna, pondo uma mexa do cabelo de Gina para trás da orelha. 

—Você promete? — perguntou Gina, olhando para a amiga. 

—É claro, Gina. Eu quero sempre o que for melhor pra você. 

Lentamente, ambas se aproximaram, até seus lábios se tocarem. O perfume doce de Luna logo se impregnara na blusa de Gina, que tinha sua mão na nuca da loira. 

Após algum tempo, as duas se separaram com algum constrangimento. 

—Ninguém pode saber disso, Luna. Nunca. — disse Gina ajeitando a postura no banco e amarrando o cabelo num rabo de cavalo. 

Luna chateou-se, e se sentiu levemente ofendida, mas não demonstrou. 

—Vou guardar seu segredo. — disse com seu sorriso mais doce. 

A verdade é que Gina tinha sido seu primeiro beijo, e Luna também tinha sido o primeiro beijo de Gina. 

—Vamos voltar para o castelo? Ainda tenho que fazer um trabalho de Herbologia. — disse Gina, levantando-se. 

—Talvez eu possa te ajudar, eu adoro Herbologia. — Luna levantou-se também.

—Melhor não; quero dizer, obrigada, mas eu já pedi ajuda ao Neville. — Gina saiu caminhando rápido, deixando Luna para trás. 

Gina sentia-se confusa. Como podia se envolver com Blásio de tantas formas, mas nunca conseguia esquecer Luna? Pensava que não podia, que não era certo. Luna é sua amiga, ela não poderia se envolver com Luna. 

Luna, que ficara para trás, sentou-se no banco novamente. Abriu seu pacote de doces e comeu uma tortinha. Por que Gina brincava tanto com ela? Não entendia. Queria saber o que fez de tão errado para ser esnobada dessa forma. 

Luna perdeu algumas horas olhando para o céu, procurando formas nas nuvens fofinhas. Ao entardecer, voltou para o castelo. Sorria, como sempre. 

É uma menina muito forte.