Drama

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Depois de vestida com a saia e a camisa que Daphne Greengrass resgatara para ela e trouxera até a estufa, e também de ter vestido a capa emprestada de Daphne, Hermione se pôs de pé com dificuldade. Ela sentida cada osso de seu corpo semi-congelado. 

Ela estava fora de controla, e tinha certeza que precisava de ajuda psicológica a esta altura do campeonato. 

—Como me achou? — perguntou com dificulodade, sentindo o ar gelado invadir sua garganta conforme respirava. Parecia que o oxigienio seria capaz de rasgá-la em duas. 

—Estava indo até o carvalho que fica na beira do lago pegar um pedaço da casca pra fazer uma poção. E então eu vi uma criatura semi nua pulando no lago. — disse ela, enquanto mexia alguns vidrinhos, com plantas que provavelmente pegara ali mesmo na estufa. Virou-se de súbito para Hermione. — Francamente, não sei por que você é assim. Não é a primeira vez que te vejo sendo esquisita por aí. — disse, revirou os olhos para Hermione e virou-se de novo para o que estava fazendo. Hermione segurou mais forte na beirada da capa que vestia, como se precisasse de algum conforto. 

—Pensei que não gostasse de mim. — disse para a garota à sua frente. Ela bufou uma risada mas não se virou. 

—E eu não gosto. 

—Então por que...? — ela ia perguntar, mas a voz foi morrendo aos poucos, e ela soltou os ombros. Não precisava de uma explicação, nem sabia se realmente queria uma. Bastava ser grata por estar viva. Mas então Daphne suspirou e largou tudo o que estava fazendo em cima da mesa de metal e virou-se para Hermione. 

—Eu não gosto de você, mas o Draco gosta. E ele é meu amigo, e eu odiaria vê-lo sofrer. — disse ela com calma excepcional. Cruzou os braços e apoiou o quadril na beirada da mesa. Hermione não falava nada, e só o que se ouvia era o som de sua respiração. Ela fora pega de surpresa, e realmente não esperava por essa. — Olha só, já foi difícil demais chegar la na mansão aquele ia e ver o que estava acontecendo. Eu tive que inventar que precisava matar uma pessoa pra sair de lá e não ter que assistir aquela palhaçada toda. — disse, largando os ombros, parecendo levemente alterada só de lembrar. Um arrepio percorreu a espinha de Hermione pela mera menção daquele noite horrenda. — E só o que eu fiz foi ir procurar por Monstro e manda-lo ir ajuda-la, por que eu sabia que você ajudaria Draco, e era só isso que importava. 

—Vocês.. Vocês já... — Hermione estava prestes a fazer uma pergunta indiscreta, mas começou a tossir. Provavelmente pegaria um resfriado.  Daphne entendeu mesmo assim qual era a pergunta, e fez uma careta de desgosto. 

Eww. Por Merlin, garota! — revirou os olhos e soltou os braços com irritação, balançando a cabeça, como que para arrancar a força esse pensamento. —Claro que não. Essas promiscuidades eu deixo para a minha irmã. — disse como se não fosse nada. Logo seu tom de voz se suavizou novamente. — Jamais poderia. Draco é como um irmão pra mim. Eu o amo sinceramente, mas sem outras intenções. Se é realmente isso que te preocupa. Agora você precisa ir pois quero terminar minha poção. Adeus. 

E então Hermione entendeu que não seria capaz de conversar tão sinceramente assim com Daphne Greengrass novamente. Não tivesse considerado isso uma conversa, pois mal conseguia falar. Suas cordas vocais pareciam prestes a se estilhaçar. Sua garganta estava seca, e o frio só piorava as coisas. Ela entrou pela passagem secreta que levava até seu quarto, no salão comunal dos monitores chefe. 

Ela um caminho sinuoso, escuro, e empoeirado. Aparentemente, ela era a única pessoa que passava por ali fazia anos. E a ideia de que Emilia Bulstrode poderia encontrar aquela passegem e ficar andandando pra cima e para baixo a deixava nervosa novamente. Remexeu a cabeça para afastar esses pensamentos e se focou na caminhada. As vezes o chão empoeirado era só uma subida reta no chão, outras vezes alguma escada de pedra. O caminho parecia ter sido deixado inacabado durante sua construção. 

Ela chegou depois de alguns segundos na torre onde ficava o salão dos monitores chefe, sentou-se na suacama. Em breve teria que ir para outro lugar, e deixaria esse quarto magnifico para outra pessoa. Foi até a sacada e ficou olhando a vista por algum tempo. Então era isso. Deixaria de ver todas essas luzinhas que ficavam brilhando ao longe, o vilarejo de Hogsmeade. E as luzes do castelo refletidas na água do lago negro. 

Hermione sentiu um embrulho. Lembrou-se de todos aqueles pensamentos que a fizeram pular na água. Será que essas atitudes autodestrutivas vieram junto com a mudança? Será que passariam algum dia? 

Sentiu seus olhos se inundarem. Se jogaria de um penhasco se tivesse que viver como trouxa de novo, depois de sentir o gostinho da magia. 

—Te vi da sacada do meu quarto, está tudo bem? — Malfoy abriu a porta do quarto e ela correu até ele e enrolou seus braços no pescoço do garoto. 

Deixou algumas lágrimas silenciosas escaparem. Ele sentiu as gotas mornas tocarem seu ombro, mas não disse nada. Nem se moveu. Só apertou-a mais no seu abraço. Depois de algum tempo ela se soltou dele e se arrastou até a cama em silêncio. Sentou-se. Ele olhava para ela como se um ponto de interrogação enorme estivesse em cima de sua cabeça. 

—Vai me dizer agora por que estava chorando? — perguntou ele, ainda parado no mesmo lugar, avaliando as reações dela, e decidindo se era seguro ou não se aproximar dela. 

—Eu odeio sapatos oxford. — ela disse fungando, e secando os olhos com a beirada da capa que Daphne Greengrass emprestara a ela. Malfoy achou engraçado, mas conteu seu rido por ainda não sabia se isso era algum tipo de piada. Ela olhou para ele e suspirou. — Promete que nunca vai me abandonar? 

O corpo dele se aqueceu inteiro. Parecia que ele derreteria a qualquer momento, então ele se aproximou de Hermione lentamente e se sentou ao lado dela, segurando sua pequena mão. 

—De onde vem isso? — perguntou ele, preocupado. O que diabos faria essa mulher pensar que ele algum dia conseguiria voluntariamente se afastar dela? Céus. 

Ela respirou fundo, puxou uma mecha do cabelo e pôs atrás da orelha. Tentou alinhar os pensamentos. 

—McGonagall me disse que agora que não sou mais grifinória, não posso mais ser monitora. Tenho que ir dormir no dormitório da sonserina. — ela disse, e sentiu seu estômago revirar. Ele fez uma careta de confusão. 

—E então, tecnicamente, eu te abandonaria por que você vai dormir nas masmorras. Isto? — perguntou ele, Hermione due uma risada. E então as linhas do rosto dele se suavizaram também. — Desculpe, acho que não acompanhei a linha de raciocínio. 

Hermione ainda estava com cara de quem tinha acabado de chorar, mas o sorriso que ela deu, mostrou a Draco Malfoy que estava tudo bem. 

Era só Hermione sendo Hermione novamente. 


o Leão e a CobraNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ