Vestidos

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No outro dia de manhã, quando Hermione acordou, Daphne já não estava mais no quarto, e sua cama estava impecavelmente arrumada.

Então Hermione se levantou, arrumou sua cama e foi até o banheiro no final do corredor tomar um banho.

Desceu as escadas que levavam até o salão comunal da Sonserina, e lá estavam Malfoy e Daphne.

Sentou-se ao lado de Malfoy no sofá. Daphne estava numa poltrona, logo à frente.

—Que acha de passarmos o Natal com Daphne? — perguntou ele. Hermione virou seu rosto para a garota.

—Fiz uma reserva num restaurante, se quiser ir, seria legal. — disse ela, dando de ombros.

—Certo. Acho que pode ser legal. Não tenho planos mesmo... — disse e se afundou no sofá. Imaginou se Harry já recebra a carta a essa altura, e se pretendia responde-la.

—Vou à Hogsmeade, preciso comprar um vestido. — disse Daphne para Hermione. — Quer ir?

Hermione se ajeitou um pouco no sofá, sem entender se era algum tipo de brincadeira ou não. Olhou para Malfoy, e depois para Daphne.

—Vai querer ou não? — perguntou impaciente a garota, levantando-se de onde estava.

—Sim. Vou com você. — levantou-se. —Você não vem? — perguntou à Malfoy.

—Vou mais tarde. — disse ele com um sorriso. Hermione se curvou sobre ele, ainda sentado no sofá, e deu um rápido beijo em seus lábios. Saiu em seguida com Daphne Greengrass.

Caminharam sem dizer nada, lado a lado, por um bom tempo. Mas o silêncio não era constrangedor. Era confortável.

Depois da mudança, Hermione ficou muito parecida com Daphne Greengrass. Seus olhos ficaram verdes assim como os de Daphne, e os cabelos tão loiros quanto os dela.

E Hermione achou engraçado que se parecia mais com Daphne do que sua própria irmã.

Ela quis puxar assunto, mas não sabia como começar. Não se lembrava mais como era fazer amizade com outras pessoas. Principalmente alguém tão... pétreo.

Atravessaram o jardim com dificuldade, por causa da espessa camada de neve que cobria todo o território visível. Mas elas estavam com suas botas de neve, e grossos casacos de lã, e capas, e gorros, e luvas.

Então o frio não era incômodo, apenas a neve era um empecilho.

A trilha lamacenta que levava até Hogsmeade, era uma subida ingrime em algumas partes, e a camada fofa de neve que a cobria nao ajudava muito.

Logo chegaram em Hogsmeade. Foram primeiro tomar uma bebida no três vassouras. Hermione ia pedir seu tradicional chocolate quente com chantili e canela, mas Daphne Greegrass pediu uma dose de Whisky de Fogo, estão Hermione pediu uma também.

E Daphne até deu um sorrisinho de canto, vendo Hermione tomar sua terceira dose.

—Certo, agora onde vamos comprar nossos vestidos? — perguntou Hermione, assim que saíram do estabelecimento.

—Certamente não aqui. — disse Daphne, voltando a colocar o gorro na cabeça.

—Onde?

—Maldame Malkin, é óbvio. Só vim até Hogsmeade para poder aparatar para o Beco Diagonal. — disse ela despreocupada. Hermione assentiu com a cabeça.

Deram as mãos, e num puxão, estavam no Beco Diagonal.

Entraram na loja. A velhinha veio perguntado que queriam e Daphne a dispensou, alegando que não precisavam de ajuda.

—Vou vestir algo verde. — disse Daphne, despreocupada, olhando para os cabides.

—Eu acho que vou escolher algo vermelho. — disse Hermione, olhando outros cabides.

Daphne virou-se para Hermione com a sobrancelha erguida e cruzou os braços em seguida.

—O que foi? — Hermione encolheu os ombros.

—Você vai vestir vermelho? A cor da Grifinoria? — perguntou inquisidora. Hermione bufou.

—Nao tem nada a ver com a Grifinoria. —respondeu um pouco ofendida. — Vermelho é só uma cor. — se defendeu e virou-se novamente para aquele universo de vestidos.

—Sim. Vermelho é só uma cor. E uma adaga enfiada no seu pescoço é só um alfinete. — disse ela de modo muito seco. E Hermione virou-se de frente para Daphne novamente só para que ela pudesse vê-la revirar os olhos. — Escolha outra cor. — ordenou, e virou-se novamente para os vestidos. Hermione revirou os olhos novamente.

Aparentemente, para os sonserinos, todo esse lance da rivalidade era muito mais importante do que para os grifinórios. E Hermione ficou um bom tempo tentando se lembrar se alguma vez alguém a havia ameaçada por querer vestir verde.

Alguns minutos depois, Daphne sorridente ergueu um cabide.

—Achei o meu. Vou provar. — disse e foi até o provador, se enfiou para dentro e fechou a cortina. Hermione foi até lá esperar para ver como ficaria.

Depois de alguns segundos, Daphne saiu de dentro, e ela estava magnífica naquele vestido. Era um verde esmeralda metálico, ia até a metade da coxa e era bem rodado, e apertado na cintura. Era sustentado por duas alças muito finas e, por Merlin, aquele decote valorizava demais.

Hermione sorriu.

—Voce está linda. — disse para a garota, que sorriu de volta. — Mas será que não vai ficar com frio?

—Tem aquecedor no restaurante. — disse somente, voltando a se enfiar para dentro do provador, para tirar o vestido.

Hermione voltou a olhar suas opções, e escondido num canto, praticamente esquecido e muito provavelmente ignorado, estava o seu vestido.

Assim que tocou uma pontinha do tecido, antes mesmo de puxa-lo, ela sabia que seria esse.

Foi até o provador ao lado do de Daphne e se despiu o mais rápido possível, pois agora ela estava ansiosíssima para ver como ficaria.

Pôs o vestido e se sentiu como uma deusa grega.

Saiu de dentro no provador, e Daphne, que a esperava com expressão de total tédio, abriu a boca num perfeito 'o'. Estava de queixo caído.

—Granger, você está incrível. — disse ela, se recuperando do choque, mas ainda com os olhos arregalados. — E agora eu estou com muita inveja por que o seu vestido é muito mais bonito que o meu. E é melhor você comprá-lo agora antes que eu o arranque de seu corpo e compre para mim mesma. — disse e virou as costas, saiu andando em direção à velha, para pagar seu vestido verde.

Hermione riu, por que achou engraçado o fato de absolutamente tudo que sai da boca de Daphne ser algo muito bruto, ou violento. Como se ela vivesse zangada. Até mesmo quando está fazendo um elogio.

Hermione voltou a se vestir, satisfeita com sua escolha. Foi até o balcão e pagou pelo seu vestido.

—Vamos até o caldeirão furado tomar alguma coisa ou eu sou capaz de morrer. — disse Daphne, sem nenhuma emoção.

Daphne pediu um suco de abóbora, e o batizou um um pouco de tequila que trouxera num cantil, dentro do bolso interno de sua veste. Hermione pediu uma cerveja amanteigada. E elas beberam em silêncio.

—Obrigada por ter me acompanho até aqui hoje. — disse Daphne para Hermione, que estranhou aquela delicadeza.

—Foi divertido. — Hermione sorriu brevemente, tal qual Daphne.

—Foi. — respondeu somente e estendeu a mão para Hermione, para que elas aparatassem juntas.

E novamente, num puxão logo acima do umbigo, elas estavam de volta em Hogsmeade.

—Fico feliz que tenha comprado o vestido mais bonito da loja, — disse Daphne, quebrando o silêncio, quando elas estavam terminando de atravessar a trilha que levava ao castelo. — por que Emília estará lá, e eu adoraria ver você sapatear com sua beleza na cara daquela sonsa.

o Leão e a CobraWhere stories live. Discover now