Ultimo jantar da Grifinoria

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Hermione levantou-se. A tensão no ar era quase palpável. Jack levantou-se também.

—Eu usei a rede de flu para ir ao ministério essa tarde. Hermione precisa fazer a seleção novamente. — disse para Malfoy.

—Por que? — Hermione sentiu seu estômago revirar.

—Você mudou, Hermione. Você precisa saber para onde ir agora. — disse McGonagall.

—Mas... — ela sentiu sua cabeça girar. Por que tudo de mais bizarro que existia no mundo tinha que acontecer com ela?

—Seus amigos vieram. Potter e Weasley. Eles estão no salão comunal da Grifinória. Na hora do jantar você fará sua seleção. — disse ela. Hermione respirou fundo. Lembrou-se da sua seleção do primeiro ano. Estava muito nervosa, mas sabia que iria para a Grifinória. Porém, o chapéu sussurrou em seu ouvido que não sabia se a mandava para Grifinória ou Corvinal. Então era isso. Agora que saíra da Grifinória, iria para a Corvinal, a casa dos inteligentes. Não seria tão ruim, afinal.

—Preciso vê-los antes do jantar. — disse e saiu pela porta, sendo seguida de perto por McGonagall.

—Você precisa ficar calma. — disse, vendo o estado de nervosismo que Hermione caminhava pelos corredores.

—Minha vida está desmoronando. Como posso ficar calma?

—Encontre uma âncora. Você é a aluna mais inteligente que eu tive o prazer de ensinar. Vai encontrar uma saída!

No salão comunal, Malfoy e Jack ficaram se encarando durante alguns segundos de um silêncio desconfortável.

—Vocês iam ter um filho? — perguntou Jack, sem rodeios, após algum tempo. Malfoy suspirou e sentou-se no sofá.

—Sim.

—O que aconteceu?

—Ela perdeu o bebê.

—Vocês se amam de verdade, não é? — perguntou Jack, sentando-se no sofá. Ele gostava de Hermione, mas não iria tentar competir com o amor da vida dela.

—Eu a amo mais do que a mim mesmo. — disse Malfoy. Não se lembrava de uma única vez que tivesse conversado sobre sentimentos com alguém, e conversar com um ex namorado de Hermione não era exatamente o que ele precisava agora. Mas não era de todo ruim. Se sentia mais leve quando falava em voz alta. —Seria capaz de morrer por ela.

Hermione chegou na sala comunal da Grifinoria e se atirou em cima dos amigos, que estavam sentados perto da lareira.

—Eu não seria nada sem vocês. — disse, sentindo de súbito a vontade de chorar.

—Vai ficar tudo bem, Hermione. Não se preocupe. — disse Harry, dando um abraço apertado na amiga. Se separam depois de algum tempo. Ela virou-se para Rony.

—Você tinha razão. Eu estava demasiado diferente para perceber que você estava certo. — abraçou o amigo, sentindo as lágrimas quentes percorrerem suas bochechas.

—Diferente não é uma coisa ruim. É só uma coisa diferente. Eu fui rude com você por que não quis aceitar que você não era mais a minha Hermione. Mas você é uma Hermione muito melhor agora. — disse ele, ainda abraçado à garota. — Você vai cumprir seu destino com essa força que só você tem. E não importa o que aconteça, Harry e eu estaremos sempre aqui com você.

Se uniram num abraço os três.

—Na minha primeira seleção o chapéu disse que não sabia se me mandava para Grifinória ou Corvinal. Acho que agora vou para a Corvinal como deveria ter acontecido anos atrás. — disse ela, se separando dos amigos e secando as lágrimas com a manga da blusa.

—Não importa para onde vá, será sempre uma das pessoas mais incríveis que já conhecemos. — disse Harry, Rony concordou com a cabeça.

Foram para o Grande Salão como deveria ser e a cada passo que davam, Hermione sentia o frio na barriga aumentar. Seu destino seria completamente modificado nesta noite. Ela e os amigos jantaram juntos, como fizeram ao longo de todos esses anos e ela se sentia acolhida. Era bom tê-los por perto, depois de tudo o que passaram.

Quando o jantar estava prestes a acabar, ela viu Malfoy levantar-se e vir até sua mesa. Ele sentou-se no banco ao lado dela e virou-se para a garota. Segurou sua mão por baixo da mesa e a fez olhar em seus olhos.

—Não importa o que aconteça esta noite. Não importa para qual casa seja escolhida. Eu estarei sempre do seu lado. Eu amo você, Hermione. — disse. Ela enrubesceu com a demonstração pública de afeto e se encheu de ternura. Aproximou seu rosto do de Malfoy e deu um beijo na bochecha dele.

—Eu amo você, Draco.

E então ele discretamente se levantou e foi até sua mesa novamente. Harry e Rony assistia a cena levemente constrangidos. Ainda não haviam se acostumado com a ideia de Hermione estar se relacionando com Draco Malfoy.

—Então... — começou a falar Harry, sem saber exatamente como puxar assunto — É sério mesmo o lance de vocês não é? — perguntou. Rony fingiu que não havia acabado de presenciar a cena que presenciou, e que não tinha ouvido as palavras que acabara de ouvir. Ele sentiu vergonha de ter namorado meses com Hermione depois da guerra e não ter sido capaz de agir com tanta doçura como esta nenhuma vez.

—Sim. — respondeu num tom sonhador, olhando Malfoy cainhar entre as mesas até seu lugar. — Nunca imaginei que pudesse amar tanto uma pessoa.

Rony sentiu-se constrangido. E  sufocado. Mas tentou não demonstrar. Terminou de comer em silêncio.
A hora da seleção se aproximava e Hermione sentia seu corpo todo tremer.
Quando todos terminaram de comer sua sobremesa, McGonagall se levantou e caminhou até o púlpito. Fez-se silêncio no grande salão e todos ficaram olhando para ela, esperando que o recado fosse dado.

—Hoje faremos a cerimônia de seleção. — começaram a cochichar pelo grande salão, confusos. Era meio do ano letivo. Como haveria uma seleção?  McGonagall pediu silencio e continuou a falar. — O mundo mágico possui muitos mistérios. Mesmo quando não entendemos por que as coisas acontecem, precisamos seguir em frente. — disse, e todos permaneceram em silêncio. —Existe uma condição muito rara, diz-se que o bruxo mudou. Acontece quando a pessoa sofre um trauma muito grande ou uma sucessão de acontecimentos muito marcantes, o que acaba mudando algo no interior da pessoa. Eu não me surpreenderia se vários de vocês estivessem passando por isso, dado o momento que estamos vivendo. Quando a guerra acaba é que temos que lidar com as consequências dela. Contudo, só um de vocês apresenta sinais de que está passando pela mudança. Um de vocês fará a seleção hoje. E ela merece respeito, não importa para qual casa ela vá. Quero que ajudem-na a se adaptar à sua nova casa. — disse. Todos olhavam pros lados e conversavam com os colegas. Isso era uma novidade. Jamais haviam escutado falar de alguém que tivesse mudado de casa. —Não irei tolerar qualquer tipo de discriminação.

Hermione respirou fundo. Olhou pros amigos a sua frente.

—Vai ficar tudo bem, eu prometo. — disse Rony. Hermione esboçou um sorriso em agradecimento. Seus olhos atravessaram o salão. Draco Malfoy olhava para ela. Ela sorriu e suspirou, tentando mascarar o tamanho do nervosismo. Sua vida seria completamente diferente a partir de agora. Malfoy sorriu e balançou a cabeça como se afirma-se alguma coisa, encorajando-a.

O salão ficou em silêncio novamente quando McGonagall posicionou o banco na frente do grande salão e colocou o chapéu em cima dele. Esticou o braço e a chamou.

—Pode subir, senhorita Granger.

o Leão e a CobraWhere stories live. Discover now