o Leão e a Cobra

Primeiro dia

Com o fim da Guerra Bruxa, as coisas mudaram bastante, e qualquer um que prestasse a mínima atenção, perceberia as mudanças.  

Hermione mudou muito. Em todos os aspectos. Estava mais madura, mais sapiente. Conhecia sobre mais coisas do que antes da guerra, sofreu muito, mas forte como é, conseguiu superar com algum esforço. Também cresceu seu corpo, ganhou curvas que antes não se percebiam, ganhou volume.

Em geral, tabus foram quebrados, mentirosos desmascarados, criminosos detidos. Hogwarts foi completamente reerguida, ainda mais forte do que antes.

Hermione Granger, com sua sede de conhecimento, decidiu retornar à Hogwarts e terminar seu último ano. Em sua cabeça, Hermione só conseguiria um bom emprego caso estivesse formada.

No entanto, longe dali, alguém arrumava suas coisas para o retorno com menos vontade que a garota.  

Draco Malfoy jogava suas coisas com raiva para dentro da mala e couro. Sentia raiva de ter que voltar para aquele lugar onde nunca fora bem visto, ainda mais agora.

Eu não tive escolha, repetia para si sempre que podia. E era verdade. Estava tirando de seus ombros um enorme peso que foi fadado a carrear desde que era uma criança. 

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Gina e Hermione voltarão pra Hogwarts juntas. Hermione já havia deixado todas as suas coisas da volta às aulas arrumadas há dias, mas Gina não. Como sempre, arrumou sua mala na última hora.

Harry e Rony não voltarão para a escola junto com as meninas; ambos passaram nos testes para Auror no ministério. Se distanciariam dos amigos, mas por uma boa causa.

Gina estava arrumando seu malão; a Sra. Weasley a ajudou a arrumar suas coisas. Ela diz que sempre fica animada com a volta à Hogwarts, que sente saudade da escola; mas qualquer um é capaz de perceber que alguma coisa dentro dela se quebrou, falta um pedaço. Desde a morte de Fred, Sra. Weasley não possui mais o mesmo brilho nos olhos, a mesma alegria. Uma parte dela morreu junto com seu filho. 

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— Draco, desce logo, meu filho. Ou você vai perder o trem!

— Já vou. — respondeu sem paciência. Voltaria para aquele lugar totalmente envergonhado por causa de tudo aquilo que fez. 

Deu uma última olhada no seu quarto, vendo se não esqueceu de nada, fechou a porta e foi em direção à escada. Desceu com seu pesado malão e foi em direção à porta, onde sua mãe o aguardava.

—Filho, sei como se sente em relação a tudo que aconteceu, mas essa é a sua chance de mostrar que mudou! Tente, pelo menos. Por favor. — disse Narcisa, em tom de súplica. 

— Eu aceitei voltar só por que o Ministério propôs trocar a pena em Azkaban pelo último ano de aulas. Sei que nossa única chance de tirar o nome Malfoy da lama é voltando para aquele lugar.  

— Vá, ou você irá se atrasar! —  dizia com um sorriso forçado. Ela não gostava de despedidas. Muito menos de ter que se afastar de seu filho, mas era necessário. — Eu te amo, Draco.

Ele olhou para trás, mas não respondeu; e com isso, aparatou na movimentada plataforma.

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Hermione e Gina ainda estavam em casa. Gina estava numa luta incessante com seu malão. E estava perdendo.

— Anda logo Gina. Ou vamos nos atrasar. Não quero perder o trem!

— Calma, Hermione. Já vou, só estou tentando puxar esse malão!— disse ela fazendo fenomenal e inútil esforço para arrastar seu malão, que estava abarrotada de coisas.

—Por Merlin, Ginevra, as vezes acho que você nem é bruxa! — dizendo isso, puxou sua varinha — Wingardium Leviosa! — e o malão começou a flutuar como uma bolha de sabão até o final da escada. 

Hermione lembrou-se então do primeiro ano, quando Rony ficou bravo por ela te-lo corrigido. Mas o que posso fazer, ele estava pronunciando errado, só quis ajudar, pensava.
E logo sentiu um aperto no peito. Rony estava tão longe, não quis voltar para Hogwarts.

Tiveram que terminar seu namoro. Hermione não gostava de namoro a distância. Sempre acreditou que amor só acontece se estiver perto. Se tiver beijo, abraço, toque, carinho, calor. Definitivamente, namoro a distância não era com ela.

Sr. Weasley já estava esperando no carro. Logo partiram em direção a KingsCross. Chegaram na plataforma. O sentimento da maioria com relação à volta a Hogwarts, era como o retorno ao lar. 

Passaram pela parede, foram se dirigindo para dentro do trem, até uma cabine vazia.  Gina disse que queria encontrar Luna e deixou Hermione sozinha. Hermione até gostou. Estava querendo ler (de novo) Hogwarts: Uma História. Agora pontuando aspectos que ela acreditava estarem diferentes de quando ela estudava no primeiro ano. 

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Malfoy se sentia como se tivesse uma doença contagiosa. Por onde passava, alguém fechava a porta da cabine, virava a cara ou fazia expressão de nojo. 

Caminhou até encontrar uma cabine destrancada. Tinha uma pessoa lá. Uma garota lendo.
Cumprimentou, tentando mostrar gentileza.

— Olá, posso ficar aqui nessa cabine? Todas as outras estão ocupadas e eu... Granger? — ficou surpreso. Como a Granger que conhecia (sem corpo, cabelo volumoso, dentuça, entre outras características que ele poderia facilmente listar) tinha se transformado nessa Nova-Granger? 

— Sim, Malfoy. Granger, a sangue-ruim, se lembra? — disse ela revirando os olhos. 

Ele entrou, fechou a porta da cabine, sentou à frente dela e começou a falar do seu jeito  que estava arrependido.

— Olha só. Isso é passado.  Não me importo mais com essa coisa de sangue. E quer saber? Você até está bonitinha pra eu me importar com isso agora. — Sorriu de lado. 

—Agradeço o elogio, agora fica quieto que eu estou lendo.— disse ela, sem tirar os olhos de seu livro. O rapaz recuou mentalmente. 

—Tudo bem. Então eu já vou. Não quero atrapalhar sua leitura. — disse e levantou-se, pronto para procurar outra cabine.

—Espera. — disse ela, abaixando levemente seu livro.

—O que foi? — perguntou inexpressivo.

—Fica aqui. Ninguém vai te aceitar em outra cabine mesmo.