o Leão e a Cobra

Teoria

Hermione acordou sentindo o braço de Malfoy em volta de sua cintura. Sorriu e se desvencilhou do abraço. Ele acordou em seguida.

—Bom dia. — disse.

—Bom dia, Draco. — deu um beijo na testa dele. Ele sorriu. Gostava quando ela o chamava pelo primeiro nome.

Ela foi até seu quarto e vestiu seu uniforme. Desceu para o café da manhã, Gina não estava, então ela tomou café sozinha.

Foi para a aula de feitiços, junto com a Sonserina. Sentou-se com Malfoy. Ficaram segurando a mão um do outro por baixo da mesa.

—Vamos faltar a aula da tarde? — cochichou no ouvido dele viu os músculos dele se tensionarem. Ele assentiu com a cabeça. Ela sorriu de canto.

Pouco tempo depois, estavam na torre vazia de adivinhação, ao beijos. Ele já sem camisa e ela sobre o colo dele.

—Sentiu saudade disso? — perguntou ela entre os beijos.

—Um pouquinho só. — Ele respondeu. Ela sorriu. Pôs suas mãos na nuca dele, passando suavemente suas unhas pela pele branca do garoto.

O ar a sua volta ia ficando quente. Sentiam um calor confortável. Um perfume doce invadiu as narinas de Malfoy, um reflexo iluminou em seu rosto por fração de segundo chamando sua atenção.

Abriu os olhos e olhou para Hermione, o rosto dela a centímetros do seu. Ela sorriu pra ele, mas ele ficou paralisado, não sabendo o que fazer.

Ele acabara de ver os olhos de Hermione brilharem cor verde claro.

Será que estava alucinando? Não podia ser real. Como tinha feito isso? Será que era um metamorfo e ele não sabia? Impossível.

Ele a tirou de seu colo e se levantou. Vestiu a camisa, assustado. Ela contraiu os músculos do rosto em total confusão.

—Draco? O que houve? Fiz algo errado? — perguntou ela. Ele não sabia o que fazer, olhou pra ela por alguns segundos e desviou a visão de novo.

—Como fez isso? — perguntou, amarrando a gravata apressadamente.

—Isso o que? — levantou o tom de voz. Estava começando a ficar nervosa, todo mundo tratava ela como se algo muito bizarro estivesse acontecendo e ela odiava ser a última a saber das coisas.

Ele não respondeu, apenas passou a mão nervosamente pelos cabelos e saiu da sala. Hermione indignada levantou-se e foi atrás.

—Draco? O que aconteceu? Fala comigo! — chamou por ele no corredor vazio. Ele não voltou atrás.

Ela sentiu-se inundada por raiva, vergonha, ansiedade, medo. Ficou parada no mesmo lugar, olhando pela janela do corredor para o lado de fora. O céu estava limpo, azul. O sol brilhava.

Malfoy andava apressado pelos corredores, sem saber ao certo onde ir. Estava assustado. O que tinha acabado de acontecer?

Ele já havia percebido como Hermione andava agindo esquisito nos últimos tempos, mas achava que devia ser só algum tipo de estresse pós traumático. Mas isso foi além das teorias dele. Olhos que mudam de cor sem querer? Só podia significar uma coisa. Mas precisava falar com McGonagall.

No meio do caminho até a sala da diretora, Malfoy esbarrou em alguém.

—Me desculpe, Malfoy. — disse Jack, ajudando-o a levantar-se do chão. –Você está bem? Parece nervoso. Respire um pouco.

—Acabei de ver uma coisa. — disse ele, tentando refletir, repassando mentalmente a cena de minutos atrás.

—Uma coisa? — perguntou Jack com curiosidade, incentivando Malfoy a continuar. Ele o encarou.

—Uma coisa que eu não sei explicar. — disse, respirando profundamente. —Eu tenho uma teoria, mas é muito improvável.

—Ok, me explica direito o que está acontecendo. Eu quase consigo escutar seu coração bater daqui. — disse Jack com uma risada.

Sentaram-se no chão do corredor, encostados na parede.

—Me escute, você não pode contar isso a ninguém. Ninguém mesmo. Eu estava indo agora falar com McGonagall para que ela me ajudasse. Como você também é monitor, eu vou confiar isso a você. — disse Malfoy num tom baixo.

A face de Jack ficou séria e ele balançou a cabeça, como que confirmando que manteria seu bico fechado.

—Eu vi acontecer uma coisa com Hermione. — começou ele. A boca de Jack se abriu num perfeito "o" e ele já soube o que viria a seguir.

—Eu sei o que você viu. — disse Jack. — Eu vi também.

Malfoy o encarou por uns instantes, sem saber se o garoto falava a verdade, apesar de que a tensão no ar neste momento era quase palpável.

—Os olhos... — disse Malfoy, sentindo suas voz morrer aos poucos.

—Ficaram verdes. — concluiu Jack. — Eu vi isso acontecer duas noites atrás.

—Você conhece a lenda de Rósea Lewis? — perguntou Malfoy. Jack deu uma risada desacreditada.

—Essa é a sua teoria?

—Então você conhece. Muito bem. Precisamos ir até a diretora McGonagall. — disse Malfoy.

—Vamos agora.

Em outra parte do castelo, Hermione destruía coisas. Simplesmente por que estava com raiva, e queria destruir coisas. Quebrou algumas mesas e alguns quadros da sala de adivinhação, que já não estava sendo usada fazia um bom tempo.

Saiu de lá pisando forte e foi até o pátio para se acalmar. Quando a raiva passou, ela só ficou triste. Andou até a cabana de Hagrid e bateu na porta.

—Tem chá? — perguntou ela, com o olhar misto de mágoa e confusão quando ele abriu a porta.

—Acabei de fazer o chá de morango que você gosta. E tem uns biscoitinhos. — Ele sorriu, abrindo passagem para ela. —Agora me conte o que aconteceu, e por que não está na aula.

—Eu só queria passar um tempo com Draco. — largou os ombros e tombou a cabeça para trás.

—E então? — perguntou, servindo o chá para ela numa xícara branca com um pequeno quebradinho na beirada.

—Ultimamente todo mundo tem me tratado de um jeito muito esquisito.

—Esquisito como? — ele sentou-se na mesa junto com ela.

—Dizendo que eu mudei.

—E não mudou?

—Eu não sei. — disse ela. — Eu achava que não.

—Você com certeza mudou. — disse ele sorrindo. — Mas não se preocupe, mudar nem sempre é uma coisa ruim.

Hermione apenas suspirou. Ficou bebericando o chá e quando anoitecia, ela voltou para dentro do castelo.