o Leão e a Cobra

Conselhos amorosos? Nem pensar

Jack não reagiu muito bem ao término. Ao que parece, ele estava usando Hermione como um troféu. Quando ela disse que queria terminar ele quase explodiu, ficou vermelho de raiva. Hermione correu. Pediu ajuda para Neville. 

—Posso dormir aqui hoje? Caso ele tente me atacar, você ta aqui e me defende. 

—Fica a vontade, o quarto é seu mesmo. — respondeu com um sorriso. 

Tomou banho e deitou-se na cama para dormir. 

Hermione acordou de madrugada. Sentiu um enorme vazio, sentiu medo. Olhou em volta com dificuldade, Neville dormia desconfortavelmente na poltrona. 

Ela levantou-se lentamente e saiu do quarto. Caminhou pelos corredores escuros com os pés descalços. Sentia o chão gelado. Foi até a cozinha pegar um chá. 

Era muita informação pra analisar. Comeu um pedaço de bolo também. Não poderia desmaiar de fome novamente. Depois do chá, decidiu ir para o seu quarto, no salão dos monitores-chefe. 

Entrou pela porta tentando fazer o mínimo barulho possível, mas Malfoy ainda estava acordado esperando por ela. Ele parecia deveras abatido. 

Ela ficou levemente apreensiva quando viu o garoto sentado no sofá, iluminado apenas pela luz da lua. 

—Granger, eu soube de Jack. Fique comigo, eu te protegerei.  

—Isso é loucura, Malfoy! — disse ela. Tentou ir para seu quarto, mas Malfoy se levantou e se pôs no meio do caminho. 

—Por quê é loucura? O que tem de tão louco assim um garoto ser apaixonado por uma garota? 

—Por que o garoto em questão é sangue puro, e a garota é nascida trouxa. E sem levar em consideração todos os anos de ''mau-tratamento'' que o garoto deu à garota. 

—Mas o garoto não pode ser arrepender, e perceber que era infantil e egoísta? O garoto não pode perceber que a garota que ele infernizava era simplesmente a melhor pessoa que ele já conheceu?

— Sim, o garoto pode se arrepender. Mas o garoto não pode apagar o passado. — disse ela. Cansada, se escorou na parede. Malfoy sentou-se no braço do sofá. 

—Mas o garoto não pode se redimir e construir um novo fim pra essa história? Fazer o futuro ser bom? 

—Pode. Mas está fazendo isso muito errado. — disse com voz sonolenta. Estava com muito sono. 

—Durma, Granger. Outra hora terminamos esta conversa. — Ele suspirou e se deitou no sofá. 

Ela observou-o alguns instantes sem falar nada, logo entrou no seu quarto e deitou-se. Não demorou muito para voltar a dormir. 

Acordou no outro dia de manha com batidas na porta do quarto. 

—Granger. Acorda. Podemos conversar agora?

Ela revirou os olhos. Levantou-se e vestiu-se sem muito glamour. Vestiu o uniforme da escola, mas sem a capa. 

—O que você quer, Malfoy? — Sentou-se no sofá. Ainda estava com sono, e sua cabeça girava, tamanha era a enxaqueca. Ele bufou com o mau-humor matinal de Hermione. 

—Estás brava? 

—Por que estaria? Por que você me acordou uma hora dessa da manhã para conversar? — cruzou os braços impaciente. 

Ele deu de ombros. 

—Senta aqui. — disse ela, dando espaço para ele no sofá. 

—Você não sentiu nada? Durante o nosso beijo. Durante aquela nossa noite.— perguntou ele, agora sentado ao lado de Hermione. — E durante a dança na sala precisa, naquela festa? 

Ela se sentiu estranhamente desconfortável com a pergunta. Suas bochechas e a ponta de seu nariz ficaram rosadas. 

—Eu estava sob efeito do álcool, — disse ela — e além do mais, só o fiz por causa da brincadeira.

—Você mente muito mal, Granger. — Malfoy disse. — Tenho que ir para a aula. Até outra hora. 

Levantou e saiu pela porta. Hermione não teve muito tempo para pensar, pois também tinha que ir para a aula. Levantou, e depois de recolher todos os seus livros e pergaminhos, saiu pela porta também. 

Chegou no Salão Principal com o braço formigando por causa do peso que carregava. Largou seus livros no banco, ao lado dela. Gina chegou e sentou-se a sua frente.  

—Hermione eu preciso falar com você. Você é minha amiga e eu preciso de uns conselhos amorosos. — dizia Gina, ansiosa. Hermione deu uma risada. 

—Procurou a pessoa errada. — disse ela, servindo café em uma caneca. Gina bufou. 

—Que droga, Hermione! Nao posso mais contar nem com minha melhor amiga?! Inacreditável! — riu Gina, enquanto passava, com delicadeza, manteiga em sua torrada. 

—Sinto muito. — disse Hermione, disse bebendo seu café. 

—Você é uma péssima amiga! — disse Gina brincalhona. Hermione jogou-lhe um bolinho. 

—Tenho que ir para a aula, estúpida. Tchauzinho. — disse Hermione levantando e trazendo consigo todos os seus livros. 

Enquanto passava por um dos corredores, seguindo para a aula de feitiços, Daphne Greengrass passou por ela, esbarrando propositalmente em seu ombro. Culpava Hermione pelas consequências que a irmã tivera.  Todos os livro que carregava foram parar no chão. Greengrass deu uma risada aguda, como o guincho de um animal.

—Vá para o raio! — esbravejou Hermione, juntando seus livros.

—Afasta-te de Draco. — ordenou Daphne. Hermione riu sarcástica. 

—Eu já tinha isso em mente, mas agora vou me aproximar só pra te provocar. — riu e foi para a sua aula.