capítulo 9 | Lucius Callahan

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Suspiro pela, certamente, milésima vez desde que deixei o apartamento da Dionísia. Maldito seja, eu não conseguia parar de rever e rever aquele beijo em uma repetição instantânea. Eu pareço a porra de uma máquina quebrada repetindo um filme sem chance de pausa ou um meio de desligar.

— Acorda, Lucius!!!! —

Alguém apertou meu ombro me sacalhando. Ergo a cabeça percebendo meu tio parado ao meu lado com um olhar interesseiro, um ar de palhaçada, ele sorriu e tornou a falar.

— Onde está com a cabeça hoje? É a quinta vez que te chamo e não me escuta. — apesar de parecer uma repreensão, não era, ele usa deboche e sorri amplo.

— Não sei do que o senhor está falando. — respondo, me afastando para preprarar os pedidos, lavo minhas mãos e pego os copos.

— Esqueceu o avental, Lucius. —

Meu tio balança o avental, ainda sorrindo. Eu apanho o avental da sua mão e rapidamente o ponho amarrando atrás.

— Está ao contrário, Lucius — ele torna a me alertar. Eu abaixo a cabeça e percebo que realmente estava ao contrário.

Meu tio solta uma risadinha e se aproxima mais um pouco, mantendo uma curta distância, suficiente para eu continuar vendo a diversão nos olhos escuros e no rosto e as suas linhas de idade.

— Mas o que é que está acontecendo com você hoje, meu sobrinho? — bate nas minhas costas enquanto eu desviro o avental. O empurro, pegando as garrafas bebidas, sem o responder.

Abro a garrafa e ele sem uma razão plausível começa a gargalhar, acendendo um cigarro e recostando na lateral da bancada, gargalhando alto.

— Mas qual é o problema do senhor??? — pergunto me virando. Ele continua rindo.

— Eu não tenho nenhum problema. —
fala em meio tom óbvio — Mas você parece estar com um problema muito sério ao pegar uma garrafa de água para preparar uma bebida e uma bebida alcoólica —

Franzo cenho e mudo minha atenção para a garrafa, seguro ela virando em busca do nome mas não há nada escrito e percebo o porquê. É a garrara de água de vidro que meu tio carregava consigo para cima e para baixo.

Maldição — eu xingo, apoiando ambas mãos na bancada e me curvando para baixo. Fecho meus olhos e respiro fundo.
 

— O que houve com ele? —

Escuto a voz do ruivo.

— Tá todo alienado e queria fazer bebida com a minha água, acredita? — meu tio pergunta para o ruivo, rindo.

— A noite com Dionísia rendeu tanto assim que agora você está todo atordoado?? —

Encaro Stephan nada feliz com sua provocação. O ruivo tagalera sorri perplexo quando percebe que não desmenti, mais uma gargalhada explode pelo ar, dessa vez da maritaca ruiva.

— Espera, que noite? —

Meu tio virou na minha direção.

— Ele não disse? Ah claro, está com a cabeça em um tal anjo. Enfim, quando terminamos de fotografar esse aí — Ele apontou para mim. — Ficou para ajudar a Dionísia. Os dois ficaram sozinhos aquela hora da noite no apartamento dela. — Stephan simula beijos com as duas mãos e eu tento acertar ele porém ele recua em alguns saltos ágeis e foge da minha tentativa de o imobilizar.

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