Suspiro pela, certamente, milésima vez desde que deixei o apartamento da Dionísia. Maldito seja, eu não conseguia parar de rever e rever aquele beijo em uma repetição instantânea. Eu pareço a porra de uma máquina quebrada repetindo um filme sem chance de pausa ou um meio de desligar.
— Acorda, Lucius!!!! —
Alguém apertou meu ombro me sacalhando. Ergo a cabeça percebendo meu tio parado ao meu lado com um olhar interesseiro, um ar de palhaçada, ele sorriu e tornou a falar.
— Onde está com a cabeça hoje? É a quinta vez que te chamo e não me escuta. — apesar de parecer uma repreensão, não era, ele usa deboche e sorri amplo.
— Não sei do que o senhor está falando. — respondo, me afastando para preprarar os pedidos, lavo minhas mãos e pego os copos.
— Esqueceu o avental, Lucius. —
Meu tio balança o avental, ainda sorrindo. Eu apanho o avental da sua mão e rapidamente o ponho amarrando atrás.
— Está ao contrário, Lucius — ele torna a me alertar. Eu abaixo a cabeça e percebo que realmente estava ao contrário.
Meu tio solta uma risadinha e se aproxima mais um pouco, mantendo uma curta distância, suficiente para eu continuar vendo a diversão nos olhos escuros e no rosto e as suas linhas de idade.
— Mas o que é que está acontecendo com você hoje, meu sobrinho? — bate nas minhas costas enquanto eu desviro o avental. O empurro, pegando as garrafas bebidas, sem o responder.
Abro a garrafa e ele sem uma razão plausível começa a gargalhar, acendendo um cigarro e recostando na lateral da bancada, gargalhando alto.
— Mas qual é o problema do senhor??? — pergunto me virando. Ele continua rindo.
— Eu não tenho nenhum problema. —
fala em meio tom óbvio — Mas você parece estar com um problema muito sério ao pegar uma garrafa de água para preparar uma bebida e uma bebida alcoólica —Franzo cenho e mudo minha atenção para a garrafa, seguro ela virando em busca do nome mas não há nada escrito e percebo o porquê. É a garrara de água de vidro que meu tio carregava consigo para cima e para baixo.
— Maldição — eu xingo, apoiando ambas mãos na bancada e me curvando para baixo. Fecho meus olhos e respiro fundo.
— O que houve com ele? —
Escuto a voz do ruivo.
— Tá todo alienado e queria fazer bebida com a minha água, acredita? — meu tio pergunta para o ruivo, rindo.
— A noite com Dionísia rendeu tanto assim que agora você está todo atordoado?? —
Encaro Stephan nada feliz com sua provocação. O ruivo tagalera sorri perplexo quando percebe que não desmenti, mais uma gargalhada explode pelo ar, dessa vez da maritaca ruiva.
— Espera, que noite? —
Meu tio virou na minha direção.
— Ele não disse? Ah claro, está com a cabeça em um tal anjo. Enfim, quando terminamos de fotografar esse aí — Ele apontou para mim. — Ficou para ajudar a Dionísia. Os dois ficaram sozinhos aquela hora da noite no apartamento dela. — Stephan simula beijos com as duas mãos e eu tento acertar ele porém ele recua em alguns saltos ágeis e foge da minha tentativa de o imobilizar.
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Heart Problems
RomanceTemperamental, viciado em brigas, cigarro e em se divertir com garotas eram uma das poucas características que podiam definir Lucius. O que poucos sabiam era que por detrás do temperamental Lucius, existia um passado que ele não conseguia se livrar...