capítulo 40 | Dionísia

42.3K 3.8K 1.7K
                                    

  

    
Lucius desfaz o nosso abraço nada satisfeito com isso ao som do sino na porta indicando novos clientes. Mas quem aparece na entrada do bar é o seu tio e não um novo cliente.

— Onde conseguiu esses roxos??

Marcus suspirou parando nos bancos altos e encarando os machucados do sobrinho, parecia habituado a encontrar o mesmo machucado pois a pergunta foi feita de um jeito natural como se ele já a repetisse há anos. Ele abriu a tampa da garrafa de água dele e colocou na boca dando um gole.

— Stephan fez — vejo toda a água que Marcus bebia ser cuspida na bancada no momento que ele escuta a resposta.

Lucius recua a tempo de não ser atingido pela água e solta uma risada.

O Stephan???? — quase grita, pondo a garrafa na bancada. Lucius acena positivo, pega um pano e começa a limpar a água cuspida.

— O nosso Stephan??? O ruivo do Stephan??? — ele aponta para o bar em uma menção ao garçom ruivo que não está presente no local.

— Eu por acaso conheço algum outro ruivo falsificado chamado Stephan? — Lucius revira os olhos cinzas e se vira para torcer o pano na pia.

Marcus coça a barba preta perfeita e preenchida por fios brancos, é quando seus olhos me percebem, e posso presumir que se ele bebesse da sua água teria cuspido tudo de novo.

— Olá, senhor Marcus — eu sorri e cocei o canto da boca, receosa de que ele não gostaria de me ver aqui durante o horário de trabalho do sobrinho.

— Oi, Dionísia! — ele sorriu, e meu medo diminuiu por me demonstrar contentamento.

— E só Marcus. Está tentando por um pouco de bom humor no meu sobrinho, é?

Os olhos escuros do mais velho pairam no sobrinho e retornam para mim.

— Veio aqui falar isso?

Luciu pergunta rancoroso, passa um segundo pano seco por toda a bancada, deixando limpa e seca como antes.

— Não, eu vim falar que fui no meu amigo e descobrimos...— ele para e parece lembrar que estou aqui, pois me olha e torna a encarar Lucius. Percebo pela expressão e olhar trocado que é um assunto particular.

Apoio mãos no banco para descer.

— Eu lembrei que tinha que empacotar umas encomendas da...

Lucius aparece na minha frente tocando na minha perna e bloqueando meus movimentos ao se por entre elas em uma tentativa de me imobilizar, o que funciona pois eu seguro nas bordas do assento e o observo travada por sua aproximação tão próxima.

— Não precisa ir — Ele vira seu rosto e encara o tio.

— Não, claro que não Dionísia, fique! — Marcus nega de olhos arregalados.

— Não é algo importante. Depois falamos disso, garoto — ele troca um olhar com o sobrinho que eu não compreendo, e que preciso não entender por ser nitidamente um assunto que não tem absolutamente nada haver comigo.

— Ah, essas sacolas são suas.

Lucius aponta para as sacolas da minha loja no chão ao meu lado. O moreno dá um sorrisinho orgulhoso para mim ao pegar ambas bolsas e entregar ao tio.

— Para mim? — pergunta Marcus, desconfiado.

— Sim. Presente da Dionísia.

Marcus abaixa as bolsas e me encara piscando, chocado. Coço o canto da boca e sorri para tentar não me sentir tão envergonhada. Eu adoro presentear as pessoas, mas sempre fico constrangida e assombrada pela ideia de temer que não gostassem. Principalmente quando não conhecia a pessoa o suficiente ou tinha certeza de que era um presente que gostaria de receber e um tipo de roupa que usaria.

Heart ProblemsNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ