capítulo 17 | Lucius Callahan

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Dionísia sorriu para mim. O brilho de uma constelação, de um universo inteiro, ali nas íris dos seus olhos e no contorno dos seus lábios, brilhando para mim. Eu me senti o ser mais sortudo de todo um universo nesse momento precioso.

O medo que senti quando vi a mensagem de Stephan me dizendo que ela estava fugindo, que tinha um caminhão de mudanças carregando todas as coisas ela e que eu deveria correr finalmente se vai por inteiro quando olho a fundo no oceano dos olhos dela, e, a estou segurando com meus braços a mantendo segura e perto de mim. A forma como aquelas mensagens me fizeram achar que morreria de pânico me fazia querer matar aquela maritaca ruiva dos infernos.

Fecho meus olhos quando a mão de Dionísia toca no meu rosto e remexe em algumas mechas do meu cabelo.

- Por um momento...achei que iria mesmo embora. E o mais louco disso, é, sentir que se você realmente fosse embora sem que eu pudesse fazer algo para a impedir, uma parte minha, a melhor parte de mim, iria junto se você fosse também...- as palavras saem devagar, as digo lutando contra o nó na minha garganta que a arranha e toca ela seca, que me faz tentar engolir minha saliva de novo para fazer essa sensação sumir.

- Não vou embora, Lucius. - ela fala, sua voz como toda vez que fala, naquele tom de sussuro, baixinho e delicado, macio e calmo.

- Não mesmo? -

- Não. Tenho plena certeza disso. Eu não irei embora. - eu concordo, meu olhar insistindo em continuar preso no dela, para ver a sinceridade ali, brilhando para mim e iluminando tudo, me fazendo acreditar ao sentir que é verdade.

- As suas compras. - eu sussuro, é nesse mesmo instante que os seus dedos tocam o canto da minha sobrancelha e vagam para minha bochecha, encontram meu maxilar.

- Eu ainda tenho amanhã de manhã para fazer. Você é a minha prioridade agora, Lucius. - franzi a testa e apertei meus olhos fechados sentindo aquele nó formado na minha garganta torcer e piorar. Nunca. Eu nunca tinha sentido tanto carinho vindo de uma mulher antes. Nem com as garotas que eu me envolvia. Era tudo sujo e sujo. Tudo quebrado, frio e vazio. Dionisía me mostrava sentimentos que eu pensava serem mentiras, e agora eu sentia a verdade em cada um deles. Eu os sentia em mim.

Apoiei a minha cabeça no seu ombro, sentindo seus dedos correrem até a minha nuca, iniciando gestos contínuos subindo e descendo por todo o meu couro cabeludo, aquilo espalhou arrepios que eu nunca senti antes. Não percebi que gostei tanto da sensação disso até um maldito gemido escapar pela minha garganta e meus lábios estarem pressionando o ombro de Dionísia em busca de apoio e de me calar.

- O que está fazendo? - eu pergunto.

Dionísia parou com os gestos assim que fiz a pergunta.

- Não. Não para, anjo - mexo minha cabeça e ela torna a continuar com aquele carinho na minha nuca ao meu cabelo, um pouco hesitante.

- O que é isso que é fazendo? - eu pergunto de novo.

- Um cafuné - ela responde.

- Cafuné? - eu repeti.

- Sim. As pessoas costumam fazer isso uma nas outras...ahm, ajuda a relaxar, a dormir também. Funciona comigo ao menos - sua voz pareceu envergonhada, mas ela continuou com o cafuné por minha nuca e entre meu cabelo.

Heart ProblemsWhere stories live. Discover now