capítulo 32 | Lucius Callahan

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Se eu pudesse eternizar apenas um momento. Um único momento na minha vida, e que seria o único que eu poderia viver preso, esse momento seria meu abraço com a Dionisía, seria o nosso abraço e no sentimento que há entre ele. Eu viveria para sempre nesse abraço sem nunca me cansar.

— Você está com fome? Posso pedir alguma coisa — afasto com cuidado as mechas claras que bloqueiam seu rosto descansando no meu peito. O estômago de Dionisía ronca baixinho, o som me faz sorrir um pouco.

— Estou, não como nada desde cedo — sussura. Um suspiro pesado meu. Ela definitivamente era uma irmã perdida do Stephan. Talvez fossem irmãos por parte de pai. Ele iria rir até não querer mais se eu fizesse essa comparação.

— O que quer comer? — continuo abraçado nela, e arquejei, minha postura ficando alinhada ao sentir as mãos pequenas dela se desfazerem nas minhas costas e deslizarem por elas. Ela quis recuar e eu abaixei meus braços a soltando. Nossos olhos se encontraram, seus olhos pareciam estar pretos nesse momento, e o seu rosto ficou pensativo na pergunta que a fiz.

— Hambúrguer? — sugeriu, piscando os olhos cor de oceano, um oceano que se tornava negro durante a noite.

A sua voz que normalmente já é baixa estava ainda mais baixa, um sussurro, parecia temer que se falasse ele conseguria escutá-la onde quer que estivesse, e a encontraria. E eu pude compreender esse medo, vivi anos com esse fantasma durante o tempo que passei com ela, com ele e todos os outros.

— Parece bom. Batatas fritas? — ela me mostra um sorriso tímido de concordância. Toco na sua bochecha traçando os contornos da pequena felicidade que surge, mudando sua expressão antes imersa na dor e pavor.

Tirei meu celular do bolso com a outra mão e disquei o número de uma das hamburguerias que tentamos ligar da última vez. Hoje eles estavam abertos e entregando.

— Qual tamanho da porção de batata vai querer? — levantei a sobrancelha quando a atendente começou a falar as opções. Dionisía que conseguia escutar a voz da mulher rapidamente se decidiu.

— Grande — afirmou.

Eu sorri para ela, concordando, e feliz por ela não reprimir sua fome. Ela olhou para meus lábios, e, seu rosto foi avermelhado a cor dos seus lábios. Eu sorri um pouco mais, e ela pareceu gostar. Dionisía parecia gostar de me ver sorrir, e todas as vezes que eu sorria com ela era sempre por ela. E se eu me sentia seguro em sorrir e rir, também era movido pela energia dela.

— Pronto. Não vi demorar muito. A hamburgueria é aqui perto —

— Okay — sussurou, e olhou para a grande janela de vidro da sala. — Ele ainda deve estar por aqui. — seus lábios cor de morango se apertaram.

— Temos câmeras na rua do bar e no prédio. Quer ver? —

Dionisía assentiu e me observou levantar e pegar meu computador do sofá, retornando até a mesa e o abrindo, conectando as câmeras do lado de fora do prédio. Eu voltei nas filmagens para o momento em que ele saiu do bar. Notei meu anjo prender a respiração ao ver a imagem do homem loiro na tela do computador, ela segurou na borda da mesa e eu juntei os meus dedos nos seus lhe oferecendo a minha mão para apertar e quebrar se fosse preciso, se a fizesse se sentir protegida.

— Ele não está aqui — falo em um tom firme para que ela escute, ao observamos o homem entrar no carro ao sair do restaurante, dar a partida e ir embora seguindo o caminho que levava para longe do bar.

Dionisía subia e abaixava a perna freneticamente, nervosa.

— Ele não está aqui — repito, recostando meu joelho na sua perna, ela cessa de imediato o movimento frenético e me olha, a mão livre no próprio queixo, seu dedão e o indicador entre seus lábios de jeito negativo.

Heart ProblemsOnde histórias criam vida. Descubra agora